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De celeiro do mundo a supermercado do mundo

Economista Roberto Macedo fala sobre o crescimento da produção e exportação de industrializados do agronegócio

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O fraco desempenho da América Latina e Caribe, segundo o Banco Mundial

Economista Luiz Alberto Machado analisa as previsões de crescimento para a região: destaques para o Panamá e a Guiana

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum   À medida que nos aproximamos do final do ano, crescem as expectativas - sobretudo das crianças - pelas festas natalinas e surgem diversas previsões a respeito do crescimento futuro da economia. Insistindo para o fato de que previsões não passam de... previsões, sendo, por isso mesmo, sujeitas a maior ou menor margem de erro, vou basear este artigo às projeções do Banco Mundial para o desempenho da América Latina e do Caribe considerando os anos de 2022, 2023 e 2024. Como o Relatório Econômico da América Latina e o Caribe foi divulgado no dia 4 de abril de 2023, tomou por base os números já conhecidos relativos a 2022 (na maior parte dos países) e fez previsões para os dois anos seguintes. De acordo com e referido relatório, o crescimento médio na economia da América Latina e do Caribe será de 1,4% em 2023, o mais baixo globalmente entre as áreas estudadas pelo banco internacional. Já a inflação média – excluindo a Argentina e a Venezuela – deverá ser de 5% neste ano, depois de atingir 7,9% em 2022. Como o relatório abrange todos os países da América Latina e do Caribe, selecionei na tabela abaixo alguns países que me parecem dignos de análise especial, feita por meio de comentários posteriores.

Projeções de crescimento da América Latina e Caribe por países, em comparação com o ano anterior (em %)

  O primeiro aspecto que chama atenção ao olharmos para a tabela diz respeito à desaceleração verificada em 2023 em relação a 2022. Com exceção de Equador e Paraguai, os outros países deverão fechar 2023 com um desempenho inferior ao de 2022. No caso do Brasil, é a única economia da região que deverá ficar entre as 10 maiores do mundo em 2023, segundo o FMI. Percebe-se, numa comparação com os números do último Boletim Focus (11 de dezembro), divulgado semanalmente pelo Banco Central com base nas estimativas das instituições financeiras, que a projeção do Banco Mundial, para 2023, é de um número abaixo do esperado, já que o Boletim Focus aponta um crescimento de 2,92%. Já para 2024, a estimativa do Banco Mundial é superior à do Boletim Focus, que indica um crescimento de apenas 1,51%. Não há como não se impressionar com os números da Guiana, cujo desempenho é mais do que suficiente para entender a cobiça da Venezuela, motivo de enorme preocupação atualmente em toda a região, dada a ameaça ao clima de paz que tem prevalecido nos últimos anos. Merecem atenção também, a meu juízo, os números referentes a Paraguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru, países que passaram por eleições presidenciais relativamente recentes e nos quais, a exemplo da Argentina, ocorreu alternância no poder. Vale olhar, em função da expectativa criada por Javier Milei na Argentina, para os números dos países da região que têm suas economias dolarizadas, como Equador e Panamá, além de El Salvador, que não aparece na tabela, cujos números são 2,8% em 2022, 2,3% em 2023 e 2,1% em 2024. Embora o relatório não faça comentários detalhados a respeito do México, outros analistas observam que problemas relacionados à falta de segurança pública na capital e em diversas regiões relevantes têm contribuído para afugentar investimentos e, consequentemente, para um desempenho inferior ao do potencial que o país possui. Enfatizo o bom desempenho de alguns países - quase todos de pequeno porte - citados na tabela abaixo, que contribuíram para que o desempenho médio da região não fosse ainda mais medíocre.

Projeções de crescimento da América Latina e Caribe por países, em comparação com o ano anterior (em %)

(Países selecionados)

  Uma vez que o relatório não apresenta números referentes a Cuba e Venezuela, resta, para finalizar, lamentar o fraquíssimo desempenho do Haiti que, com -1,7% em 2022, -1,1% em 2023 e 1,5% em 2024, segue abaixo da curva, na rabeira dos países da região. Alertei, no início deste artigo, para o fato de que qualquer previsão pressupõe uma margem de erro maior ou menor. Além disso, quanto maior for o período da previsão, deverá ser sistematicamente acompanhada e, se for o caso, revisada. Apenas a título de exemplo, o Boletim Focus divulgado em 9 de dezembro de 2022 estimava um crescimento de 0,75% para a economia brasileira em 2023. Ao longo do ano, porém, a estimativa foi sendo atualizada e revisada para cima. Portanto, a existência de possibilidade de erro não deve ser utilizada para descartar toda e qualquer previsão. No entanto, vale a pena, sempre que possível, trabalhar com fontes sérias e confiáveis.     Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.  

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A janela de oportunidade para debater o papel do Judiciário

Rogério Schmitt destaca que a composição do STF só será alterada novamente, depois da confirmação quase certa de Flávio Dino, daqui a mais de 4 anos

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Henry Kissinger, pensador a ator das relações internacionais

Luiz Alberto Machado escreve que o secretário de Estado de dois presidentes americanos nos deixa legado de ensinamentos de relações internacionais, segurança e diplomacia

  Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum     Fazendo uma rápida retrospectiva de minha trajetória profissional, constatei que estive quase integralmente vinculado à vida acadêmica em universidades ou a instituições de produção de ideias, pensamentos ou políticas públicas, os chamados think tanks. No que se refere à vida universitária, embora tenha ministrado aulas no Mackenzie (onde me formei) e nas Faculdades São Judas Tadeu, minha relação maior e mais longa foi com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), onde permaneci por mais de 35 anos. Das inúmeras lembranças que guardo da FAAP, algumas merecem destaque especial: o envolvimento com a criatividade e a economia criativa, e, na Faculdade de Economia, a criação do curso de Relações Internacionais, as missões estudantis e o Fórum FAAP, simulações de reuniões das agências multilaterais organizadas por alunos da Fundação para estudantes de ensino médio em São Paulo e em Ribeirão Preto. Já no que tange aos think tanks, iniciei no Convívio - Sociedade Brasileira de Cultura, passando depois pelo Instituto Liberal, pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, definido por seu fundador, Norman Gall, não apenas como um think tank, mas como um think and do tank, antes de chegar ao Espaço Democrático. Essas rememorações foram provocadas pela notícia do falecimento de Henry Kissinger, aos 100 anos de idade, no dia 29 de novembro último. E por que me recordei dessas passagens? Primeiro porque ao me interessar cada vez mais pela área de relações internacionais em função do curso da FAAP, acabei tomando conhecimento da importância de Kissinger, inicialmente como ator e protagonista do mundo real (realpolitik), como secretário de Estado da nação mais poderosa do mundo. Nessa condição de ator e, por vezes, protagonista, Kissinger passou por diferentes momentos e, embora tenha recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1973, juntamente com o vietnamita Le Duc Tho, está longe de ser considerado uma unanimidade, colecionando, ao longo do tempo, tanto admiradores como severos críticos. Nascido na Alemanha e ocupando as funções de assessor de segurança nacional e secretário de Estado de dois presidentes norte-americanos, Richard Nixon e Gerald Ford (1969-1977), Kissinger esteve diretamente envolvido em alguns dos mais marcantes episódios da segunda metade do século 20, entre os quais a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria, a reaproximação diplomática dos Estados Unidos e da China, a Guerra do Yom Kippur e o apoio às ditaduras latino-americanas, com destaque para as do Chile, da Argentina e do Brasil. Não foi por outra razão que a concessão do Prêmio Nobel da Paz a ele foi amplamente contestada, a ponto de um editorial do jornal The New York Times ter classificado o caso como "Prêmio Nobel da Guerra". A relevância de Kissinger, no entanto, está longe de ter se esgotado com sua saída da secretaria de Estado, estendendo-se por muito tempo tanto no plano real, na condição de consultor que oferecia aconselhamento à elite empresarial mundial e atuando em conselhos de empresas em vários fóruns de política externa e segurança, quanto no plano intelectual, graças à influência de seus livros. Essa influência, aliás, começou antes mesmo de ele se tornar o diplomata mais importante de sua geração, uma vez que o livro baseado em sua tese de doutorado, O mundo restaurado, publicado em 1957, em que ele analisa como Metternich, primeiro-ministro da Áustria-Hungria durante o Congresso de Viena de 1815, procurou restabelecer a ordem política anterior à revolução Francesa e às guerras napoleônicas, teve enorme aceitação em Washington. Posteriormente, seus livros Diplomacia (Saraiva Universitária, 2012) e Liderança: seis estudos sobre estratégia (Objetiva, 2023) transformaram-se em leituras recomendadas a qualquer pessoa interessada em relações internacionais e diplomacia. O mesmo vale para a biografia sobre ele assinada por Walter Issacson (2005). Kissinger, que era fascinado pelo Brasil, esteve no País por diversas vezes. Numa delas, ministrou palestra na FAAP para alunos, professores e convidados especiais. Admirador também de futebol, contribuiu para a ida de Pelé para o Cosmos de Nova York, numa das inúmeras tentativas de popularização da modalidade nos Estados Unidos. Por todas essas razões. Henry Kissinger é um autêntico exemplo de alguém que se notabilizou tanto como pensador como ator. Ainda em plena atividade aos 100 anos, nos deixa legando muitos ensinamentos aos estudiosos de relações internacionais, segurança e diplomacia.   Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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