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Taxonomy - Manchete secundária
Fracasso é componente fundamental para o sucesso, diz pesquisadora de Harvard
A segurança psicológica é importante para aprender com os erros, diz Amy C. Edmondson
[caption id="attachment_38966" align="aligncenter" width="1024"] Amy Edmonson: "Erro pode ser ferramenta para impulsionar a inovação e o conhecimento"[/caption]
Texto Estação do Autor com Folha de S.Paulo
Edição Scriptum
Errar faz parte do processo de construção do sucesso. A inovação exige experimentação e falhas são inevitáveis. Amy C. Edmondson, professora da Harvard Business School e uma das principais referências do mundo em gestão empresarial e liderança, mostra como é possível transformar falhas em motor para o desenvolvimento individual e corporativo, em seu mais recente livro O Jeito Certo de Errar, lançado pela editora Intrínseca.
Em entrevista para Everton Lopes Batista, publicada na Folha de S.Paulo (assinantes), a pesquisadora indica como líderes e empreendedores podem fazer do erro uma ferramenta para impulsionar a inovação e o conhecimento.
No livro vencedor do Prêmio Livro de Negócios do Ano de 2023, do jornal britânico Financial Times, a acadêmica usa seus mais de 25 anos de atuação como pesquisadora em psicologia social e comportamento organizacional para mostrar que erros são ferramentas poderosas quando os encaramos sem medo, discutimos suas causas e incorporamos esse conhecimento nos passos seguintes. Os ensinamentos que Edmondson compartilha no livro apontam que "falhar bem" não significa ser descuidado, pelo contrário, um erro inteligente é fruto de um bom planejamento.
Na entrevista, a professora destaca a importância da segurança psicológica para aprender com os erros. Em sua opinião, ela é crucial para que indivíduos e, mais importante, equipes, aprendam com o fracasso, porque, sem ela, as pessoas relutam em reconhecer seus erros, dificultando o aprendizado a partir deles. Em ambientes onde os indivíduos têm medo de serem culpados ou ridicularizados, aprender com o fracasso torna-se quase impossível.
Superar o medo profundamente enraizado do fracasso é um dos maiores desafios, afirma a professora da Harvard. Culturas empresariais tradicionais muitas vezes veem o fracasso como um sinal de incompetência, e mudar essa mentalidade requer transformações culturais profundas. Para ela, quando as pessoas hesitam em admitir erros porque temem repercussões em suas carreiras, suas equipes e organizações correm o risco de sofrer falhas evitáveis. Em contraste, quando as pessoas se manifestam, muitas falhas básicas e complexas podem ser evitadas.
Para Edmondson, a falha deve ser entendida como uma parte esperada do processo de inovação. Isso não só leva a mais inovação, mas à adoção de métodos de trabalho mais ágeis, em que renovações rápidas são preferidas em relação a projetos rigidamente gerenciados e prescritos, que não deixam espaço para correções de curso. Os líderes precisam construir culturas de resiliência e adaptabilidade, nas quais o fracasso é visto como componente do sucesso.
Justiça sim, justiçamento não
Vilmar Rocha usa o pensamento de Rui Barbosa para comentar a condenação das pessoas envolvidas nos atos políticos de 8 de janeiro
Vilmar Rocha, advogado e professor de Direito da Universidade Federal de Goiás, é coordenador nacional de Relações Institucionais do Espaço Democrático Edição Scriptum A condenação das pessoas envolvidas nos atos políticos de 8 de janeiro de 2023 merece uma reflexão não apenas pelo fato em si, que adianto não considerar uma tentativa de golpe de Estado, mas invasões e depredações do patrimônio público em Brasília, crimes passíveis de responsabilização, desde que julgados pelo juiz natural. Cabe analisar, ao largo das paixões político-ideológicas, a condução que o STF deu ao caso a partir da interpretação do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, de que o grupo agiu com a intenção de derrubar o governo e dar um golpe de estado. Tal narrativa, avalizada pelos seus pares, carreou o processo para o STF. Moraes, em um ato de abuso de poder, tomou para si e para o Supremo a competência para julgar os participantes dos atos de 8 de janeiro, o que nos leva a dois equívocos jurídicos que comprometem a Justiça. Um diz respeito aos crimes pelos quais foram condenados. Até o momento, os 227 réus foram condenados por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Não houve tentativa de deposição de um governo legitimamente estabelecido nem de abolição do Estado Democrático. O outro equívoco que aponto aqui é a incompetência da Corte para julgar tais casos, uma vez que a Constituição de 1988 definiu que infrações penais comuns de pessoas que não possuem foro privilegiado não estão dentre as competências do Supremo. A condenação dos envolvidos pelo mais alto tribunal jurídico brasileiro viola o processo legal sob outro aspecto, ao impedir os condenados de recorrer da decisão, porque não há outra instância revisora acima do STF. Diante da usurpação de competência do juiz natural e da condenação por atos que não caracterizam um golpe de Estado, para se fazer Justiça teria o STF de fazer uma autocrítica e autocontenção, propondo uma ampla revisão de todos processos, desta vez na Justiça Federal do DF. Outro instrumento de Justiça seria a anistia, a ser concedida pelo Congresso Nacional, como define a Constituição Federal: cabe ao Congresso Nacional dispor sobre todas as matérias de competência da União, inclusive sobre concessão de anistia. Intempestivamente, Moraes reivindicou para si a palavra final sobre anistia aos presos do 8 de janeiro, o que surpreendeu o mundo jurídico. No Fórum Jurídico de Lisboa, em junho deste ano, o ministro afirmou que quem admite a anistia é a Constituição Federal e quem interpreta a Constituição é o Supremo. Todavia, não cabe uma revisão constitucional nesse caso, uma vez que a Constituição não lista os crimes citados nas condenações como insuscetíveis de graça ou anistia, ademais crimes contra o Estado de Direito e de associação criminosa são considerados hediondos quando “direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado”. Coloco-me no dever de lutar pela Justiça e denunciar o justiçamento, pois “a Justiça, cega para um dos dois lados, já não é Justiça”, disse o grande Rui Barbosa. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Card link Another linkPlanta marinha é biomaterial de construção sustentável
Na ilha de Laeso, na Dinamarca, telhados são feitos de zostera, que remove dióxido de carbono da atmosfera numa velocidade 35 vezes maior do que uma floresta tropical
[caption id="attachment_38962" align="aligncenter" width="1000"] Casa de Laeso, na Dinamarca, coberta com a planta sustentável chamada zostera [/caption]
Texto Estação do Autor com Um Só Planeta
Edição Scriptum
Localizada a 20 km da costa nordeste da Dinamarca, a pouco habitada ilha de Laeso se destaca pela paisagem idílica de suas casinhas com coberturas que parecem cogumelos. Na verdade, os telhados são feitos com uma planta marinha chamada zostera. Reportagem de Maria Silvia Ferraz para Um Só Planeta mostra que, além de fundamental para a saúde dos oceanos, a planta é um biomaterial sustentável para uso na construção. Totalmente natural, a planta marinha mantém o dióxido de carbono fora da atmosfera ao contrário do que costuma ocorrer na construção civil convencional, responsável por 37% das emissões de gases de efeito estufa, segundo o United Nations Environment Program.
Uma área de oceano com zostera remove dióxido de carbono da atmosfera numa velocidade 35 vezes maior do que uma floresta tropical, de acordo com a U.S. Environmental Protection Agency (EPA). A planta absorve minerais e nitrogênio, filtrando a água, criando o habitat ideal para animais marinhos, fornecendo alimento e evitando a erosão.
Quando a população de Laeso recolhe as folhas da planta marinha arrancadas pelo vento, as coloca para secar e manualmente faz rolos, que depois são levados para cima das casas, formando o telhado sobre uma estrutura de madeira. As coberturas oferecem conforto térmico, são resistentes a água e fogo e não apodrecem. A durabilidade dos telhados de zostera de Laeso é de cerca de 350 anos, contra 40 ou 50 de um telhado de palha comum.
A técnica construtiva data do século 17. Na construção civil, foi muito usada dentro das paredes para manter o conforto térmico em regiões frias. E também como isolante acústico. Há zostera nas estruturas de edifícios famosos de Nova York, como o Radio City Music Hall e o Rockefeller Center.
A quantidade de plantas marinhas declinou em 29% desde o século 18, segundo artigo publicado na Nature. Ainda que a zostera siga abundante em regiões como Dinamarca, Alasca, Califórnia e México, ela tem desaparecido em outras. Na Dinamarca, há leis de proteção ambiental da zostera e sua utilização deve ser moderada e responsável, sem coleta predatória.
Os 214 anos da Biblioteca Nacional
As coleções incluem obras raras, manuscritos históricos, mapas, gravuras, partituras e coleções iconográficas como a a primeira edição de Os Lusíadas
[caption id="attachment_38951" align="aligncenter" width="560"] As coleções da biblioteca incluem obras raras, manuscritos históricos, mapas, gravuras, partituras e coleções iconográficas.[/caption]
Texto Estação do Autor com Agência Senado
Edição Scriptum
Considerada pela Unesco a maior da América Latina e uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, a Biblioteca Nacional, que tem posição central na preservação e na difusão da produção intelectual brasileira, está completando 214 anos de existência em 2024.
A Biblioteca Nacional nasceu com as coleções de documentos e livros trazidos pelo príncipe regente D. João VI quando a corte portuguesa fugiu do exército de Napoleão Bonaparte, em 1808. Esse material era parte da livraria organizada por seu pai, D. José I, depois dos grandes incêndios de Lisboa, em 1755, que destruíram o acervo mais antigo acumulado pela coroa portuguesa desde o século 14. Os remanescentes da biblioteca, fracionada com o retorno de D. João VI para Portugal, em 1821, foram adquiridos pelo governo imperial como parte do tratado de paz com a antiga metrópole.
Desde 1907, a Lei do Depósito Legal exige o envio de exemplares de todas as publicações brasileiras, inclusive os musicais, para o registro na instituição. O acervo, com cerca de 10 milhões de exemplares, cresceu com as doações de outras bibliotecas para o Brasil. A instituição também foi responsável pela criação do primeiro curso de biblioteconomia no País.
A diretora-executiva da instituição, Suely Dias, destacou a grandiosidade arquitetônica do prédio na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, ocupado desde 1910, e a importância do acervo para a pesquisa nacional. “Temos até hoje cerca de 92 mil visitantes e pesquisadores. Esse é um espaço que a biblioteca abre também para a nova leitura, sua leitura estética, arquitetônica, e aí ela se coloca numa posição também de apreciação do seu patrimônio arquitetônico”, declara a diretora.
As coleções da biblioteca incluem obras raras, manuscritos históricos, mapas, gravuras, partituras e coleções iconográficas. Entre elas está a primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões, de 1572.