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O PIB cresceu, mas não convenceu

Economista Roberto Macedo aponta uma das principais fragilidades da economia brasileira para sustentar o crescimento: a falta de investimentos

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Crescimento econômico só avançará se próximo governo tomar medidas duras

Economista Felipe Salto fez uma análise do PIB de 2024 na reunião semanal do Espaço Democrático

[caption id="attachment_39500" align="aligncenter" width="1178"] Reunião do Espaço Democrático: PIB só terá crescimento sustentável com medidas duras no próximo governo[/caption] Redação Scriptum Juros altos e política fiscal frouxa deverão impedir que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro repita, nos dois últimos anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o resultado positivo registrado nos dois primeiros anos, de 6,7%. O prognóstico foi feito pelo economista Felipe Salto nesta terça-feira (11), na reunião semanal do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD. “A dinâmica de crescimento será mais baixa neste e no próximo ano”, estima. “A agenda deste governo está dada e mudanças neste cenário só terão espaço para acontecer com o próximo presidente”. Ex-diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado e ex-secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Salto fez uma análise detalhada dos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e destacou que em 2024 o crescimento da economia foi baseado no consumo e no setor de serviços. Ele alertou para o fato de que os números mostram que o Brasil está aprisionado pela questão fiscal. “O ideal é que tivesse virado esta página no primeiro ano do mandato, estabelecendo uma política de superávits primários para então discutir o que realmente importa, que é uma política de desenvolvimento”, disse. O crescimento está espremido entre a taxa de juro elevada praticada pelo Banco Central para controlar a inflação e a política fiscal descontrolada do governo, que gasta mais do que arrecada. Investimentos, nesse cenário, não são factíveis. “Com uma taxa de juros real de 8% a 9%, que é o que temos hoje, quais são os projetos de investimento na economia real que são viáveis?”, pergunta. “É muito mais racional que os capitais se canalizem para ativos como os títulos do governo, que estão pagando essas taxas exorbitantes, formadas pela Selic mais um prêmio de risco”. Salto acredita que só o próximo presidente poderá tentar resolver o nó da economia brasileira. “E terá que ser logo no primeiro ano de governo”, diz ele, sugerindo que seja adotada uma agenda fiscal para 2027. Concorda que é um elenco de medidas amargas em vários setores, mas é o que permitirá, segundo ele, superar a questão fiscal e avançar na agenda do crescimento. O economista lista 10 medidas:

  • Limitar as emendas parlamentares a 1/10 das despesas discricionárias previstas no Orçamento;
  • Desindexar a previdência, o abono, o seguro e o BPC (Benefício de Prestação Continuada) do salário mínimo;
  • Desvincular a saúde e a educação da evolução de indicadores de receita;
  • Reduzir todos os gastos tributários em 10%;
  • Acabar com os abatimentos de despesas médicas da base do Imposto de Renda;
  • Reduzir os subsídios e subvenções em R$ 10 bilhões;
  • Reduzir os percentuais do Fundeb para pelo menos 15%;
  • Reduzir o fundo eleitoral e gastos com campanha pela metade;
  • Reforma da previdência dos militares, combate a supersalários e reformas adicionais no Regime Geral de Previdência;
  • Reforma da tributação da renda, com tabela progressiva no IR.
Segundo estima Salto, este elenco de medidas permitiria ao País retomar as metas de superávit primário em 2028, voltando a um saldo positivo de 1,5% do PIB, o equivalente a R$ 230 bilhões com um PIB de R$ 15,3 trilhões. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o advogado Roberto Ordine, o cientista político Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os gestores públicos Mário PardiniJanuario Montone e José Luiz Portella, o médico sanitarista e ambientalista Eduardo Jorge, o advogado Helio Michelini, o ex-vereador Coronel Salles e os jornalistas Nicolas Tamasauskas,  Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação do PSD.

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Quarenta anos de democracia

Cientista político Rogério Schmitt fala sobre o 15 de março de 2025, um marco na história política recente do Brasil

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Mesmo homem no mesmo rio

O cenário não é dos mais tranquilos para o governo; há dúvidas sobre se o presidente Lula conseguiria caminhar pela calçada de qualquer cidade brasileira, escreve Rubens Figueiredo

Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, Lula estava em seu terceiro ano do primeiro mandato. O presidente ídolo das classes populares refletia a esperança dos brasileiros, principalmente os de renda mais baixa. Era um político “diferente”. Alguém que veio de baixo. Não é que ele “sabia” como viviam os pobres, ele “viveu” o que viviam os pobres. No lançamento do programa Sorridente (PT adora um “Programa” com nome bem marketeiro...), Lula disse assim: “Eu sei como o pobre faz quando tem dor de dente. Coloca alho no buraco do dente, faz bochecho com cachaça”. Foi ovacionado.

Também era mais fácil governar naquela época. O Congresso não era tão forte. Os grandes partidos de oposição – PSDB e PFL – somavam 127 deputados e não tinham no seu equipamento genético o DNA da combatividade. Eram sopranos quando deveriam ser puxadores de escola de samba. Quem comandava a opinião pública eram as TVs, principalmente a Rede Globo. As fake news eram bem mais sutis – e quase não tinham contraditório. Uma campanha publicitária do governo bem encaixada na grande mídia tinha a capacidade de melhorar a aprovação do presidente. Tiro e queda. Hoje, há debate se a terra é redonda.

Naquela época, a comunicação institucional do governo e os programas eleitorais foram primorosos. A economia mundial estava uma maravilha e por aqui também ia bem: o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,2% em 2005 e 4% em 2006. Havia muita coisa para divulgar. Novidades como o Bolsa Família, energia para as famílias do Nordeste, Prouni. A comida estava mais barata. O crédito era farto. A população sentia que a vida estava melhorando. A coisa resvalava na euforia. Teve até o simbolismo do fim da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), esse monstro injusto imperialista, que explora países pouco desenvolvidos.

Hoje, a situação é muito diferente. A comparação de 2025 com 2005 faz sentido porque em ambos os casos Lula amargou suas avaliações mais baixas como presidente da República. No seu pior momento do primeiro mandato, Lula ainda tinha 36% de aprovação. Nas pesquisas mais recentes, está com 24% (Datafolha, fevereiro d 2025). O Lula de hoje é muito diferente do Lula de 20 anos atrás. Viveu o escândalo do Petrolão. Foi condenado e preso. Fez o Brasil engolir goela abaixo a presidente Dilma, responsável por uma das piores recessões pela qual qualquer país já passou em tempos de paz. Tem opositores fortes e ativos, que se comunicam bem com a tecnologia de comunicação moderna.

O cenário não é dos mais tranquilos para o governo. A situação internacional está trepidante. A economia estará menos aquecida nos próximos dois anos e até o agiota mais ganancioso está reconhecendo que os juros passam dos limites. O Congresso e o Judiciário estão muito mais fortes e atuantes do que estavam há 20 anos. O Centrão virou um “centrãozão”. A comunicação está muito mais complexa: gastar um dinheirão em propaganda não tem o mesmo efeito. Um vídeo sobre o PIX, postado por um opositor ao governo, teve a maior visualização da história do Instagram: 200 milhões. Existem dúvidas se o presidente Lula conseguiria caminhar pela calçada de qualquer cidade brasileira. Crise é crise e Fênix é Fênix. Mas essa parece ser diferente. E Fênix, também.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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