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Instabilidade decisória de Trump pode impactar empresas
Economista Roberto Macedo aponta o sério risco para companhias que queiram investir para aproveitar uma decisão favorável que pode ser suspensa dias depois
Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático
Edição Sriptum
Vez por outra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trata de questões discutíveis. Por exemplo, no dia 10 deste mês baixou um decreto que aumenta a quantidade de água que passa pelos chuveiros, de modo a reduzir o tempo que se gasta para lavar o que chamou de seus “lindos cabelos”. Disse que estava tomando 15 minutos com um pinga-pinga.
Tratando de coisas sérias, no dia 2 de abril ele anunciou a imposição de tarifas sobre bens importados pelos Estados Unidos vindos de um grande conjunto de países, com taxas iniciais de 10% para alguns, como o Brasil, e taxas maiores para outros, em particular para a China, cujo percentual mínimo passou a 34% –essas tarifas passaram a vigorar no dia 5 deste mês. Já no dia 8 Trump ordenou que a tarifa sobre importações da China passasse a 125% e no dia 9 definiu o prazo de 90 dias para a vigência das tarifas dos demais países tributados com taxas superiores a 10%. No dia 10 esclareceu que a tarifa imposta à China passaria a 145%. Esses aumentos da taxa também responderam a aumentos das taxas chinesas sobre importações dos EUA. Da última vez que vi, essa taxa havia passado de 34% para 84%.
Diante desses movimentos, percebe-se que Trump aumentou a tarifa para a China, mas reduziu a de muitos países, que por 90 dias passaram a ter 10%, como a taxa brasileira usual, exceto no caso do aço e do alumínio, que continuam com 25%.
Agora, imagine-se o leitor tentando lidar com esse vai e vem de tarifas, este último movimento por 90 dias, no governo ou em empresas envolvidas no comércio internacional de países afetados. Antes da referida suspensão das tarifas maiores que 10% por 90 dias, ouvi gente do governo e empresários brasileiros dizendo que o Brasil poderia recorrer ao seu status relativamente privilegiado de uma tarifa de 10% para ampliar suas exportações para os EUA. Mas, para isso, as empresas deveriam aumentar sua produção, investir em armazéns para estoques que seriam levados aos portos e aeroportos. E tudo isso exigiria mais investimentos, ou seja, mais dinheiro. Mas agora, depois dos 90 dias, o que vai acontecer com as tarifas de 10% dos nossos concorrentes? Mais recentemente ainda, no dia 12 foi anunciado que Trump recuou novamente e isentou de tarifas as importações de smartphones, computadores e chips.
Assim, há um risco de perdas de quem se aventurar a investir para exportar no contexto de uma decisão de Trump, pois sua instabilidade decisória leva a mudanças que podem inviabilizar recursos necessários para ampliar exportações para os Estados Unidos. É melhor esperar para ver se vem uma estabilidade duradoura e não esse vai e vem da instabilidade decisória.
Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Card link Another linkBets e os reflexos na família e na economia
O dinheiro do trabalhador brasileiro não pode e não deve ser desviado para essa finalidade, escreve Roberto Mateus Ordine
Roberto Mateus Ordine, advogado e presidente da Associação Comercial de São Paulo, mostra como a Reforma Tributária aprovada vai afetar optantes do Simples Há alguns meses venho falando em meus artigos sobre este tema tão relevante e polêmico, as bets. Tem sido comum sermos bombardeados com notícias sobre esse o mercado e os impactos na economia e nas famílias. Não podemos negar que a ilusão de ganhos fáceis, como é o caso das bets, é tentadora e pode levar as pessoas a cometerem atos imprudentes em busca de dinheiro. Também não podemos fazer vista grossa diante do atual cenário econômico do País, em que o poder de compra das famílias está cada vez menor. Por isso, recorrer a esses mecanismos (jogos) para obter um dinheiro extra é a “alternativa” ilusória encontrada por essas pessoas. Isso é só a ponta do iceberg, primeiro, falta educação financeira desde cedo, seguida de disciplina e limites. Sem esses atributos é muito mais fácil cair nas armadilhas do dinheiro. Hoje, as bets já são um problema de responsabilidade social e saúde pública. Em virtude disso, as apostas estão, literalmente, consumindo a economia dessas famílias, comprometendo a renda e até a saúde mental. Afinal, as pessoas que estão viciadas em bets não têm limites diante desses jogos que prometem “dinheiro fácil”, comprometendo assim o pouco dinheiro que o cidadão tem e é utilizado para esse fim com a promessa de mais ganhos. Empréstimos bancários, agiotas, reservas de emergência, além da venda de bens, inclusive herança, em alguns casos, para sustentar o vício são alguns dos exemplos que temos visto na imprensa. Psicólogos já alertam que os consultórios têm recebido um volume maior de pacientes em busca de ajuda para esse transtorno. E aqui, estamos citando pessoas com um poder aquisitivo um pouco melhor. Jogos e apostas são um tipo de droga que precisam ser combatidos em todas as classes. De acordo com dados do Strategy& da PwC e CETIC apresentados pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), 68% dos brasileiros apostadores tiveram influência de propagandas de times de futebol para apostas esportivas. As cifras dos investimentos em publicidade e propaganda representavam R$ 1,31 bilhão em 2023, com estimativa de encerrar este ano com R$ 2 bilhões. Esses números mostram que o problema é gigantesco. A pesquisa aponta que 63% dos brasileiros que fazem apostas esportivas declararam ter parte da renda comprometida para isso. E 37% disseram ter usado o dinheiro reservado para outros fins nas apostas. 42% das pessoas que apostam já estão endividadas. As pessoas estão deixando de consumir para jogar. Regulação das bets Em vigor desde 1º de janeiro de 2025, o mercado regulado de apostas on-line no País, está diante um problema ainda maior, as bets ilegais, que, segundo o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), chegam a 60% do mercado de apostas e mesmo na informalidade a receita bruta atinge à cifra de R$ 1 bilhão por mês. Ainda de acordo com o IBJR, esse mercado fatura por ano R$ 25 bilhões. A diminuição do poder de compra das famílias Uma pesquisa recente realizada pela Tendências Consultoria, revelou que o orçamento das famílias brasileiras está ainda mais comprometido por conta da inflação. Segundo o estudo, após os gastos com itens essenciais, essas famílias estão perdendo o poder de compra. Em dezembro de 2023, o percentual de gastos foi de 42,45%. Já no mesmo período do ano passado, o percentual atingiu 41,87%. Essa redução é baseada na média de consumo de toda população. Quando analisado a linha do tempo pós-gastos essenciais em 10 anos, é possível notar que antes 45,5% do orçamento doméstico poderia ser destinado para outras finalidades. Esse cenário mostra que mais da metade do orçamento das famílias está comprometido com o básico, ou seja, a renda familiar está cada dia mais afetada pela inflação e ainda assim há famílias despendendo o pouco que resta com jogos on-line como promessa de uma solução financeira. O dinheiro do trabalhador brasileiro não pode e não deve ser desviado para essa finalidade. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Card link Another linkSUS pode ser inspiração para salvar saúde do Reino Unido, diz jornal inglês
Programa Saúde da Família será introduzido em um bairro de Londres como projeto-piloto
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Texto Estação do Autor com BBC News/The Telegraph
Edição Scriptum
Reportagem publicada no jornal britânico Telegraph revela que o governo britânico conduz em Londres um projeto-piloto inspirado no SUS (Sistema Único de Saúde). Os ingleses estudam aplicar algo semelhante no NHS, o sistema de saúde do Reino Unido. O lugar escolhido para receber o programa baseado nos agentes comunitários de saúde brasileiros foi o bairro londrino de Pimlico e deve ser ampliado futuramente para 25 regiões da Inglaterra.
Assinada por Laura Donnelly e Claudia Marquis, a reportagem do Telegraph ganhou destaque no site da BBC News. Segundo o jornal britânico, os agentes comunitários propiciaram "melhorias drásticas" em indicadores de saúde no Brasil.
Poucos meses após vencer a eleição, o governo do partido trabalhista se interessou pela Estratégia Saúde da Família, enviando representantes da área ao Rio de Janeiro para assinar uma carta de intenções sobre a cooperação entre o Reino Unido e o Brasil, diz um trecho da reportagem. Durante a campanha eleitoral, em 2024, o ministro da Saúde britânico, Wes Streeting, apontou que um dos maiores problemas do sistema no Reino Unido era a dificuldade de acesso a médicos.
A Estratégia Saúde da Família e os agentes comunitários começaram a ser implementados no Brasil no início dos anos 1990. Normalmente, esses agentes trabalham com outros profissionais, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
A equipe do Telegraph, que visitou equipes de agentes comunitários e pacientes em cidades como o Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Manaus, relata que esses profissionais atuam nas áreas onde moram e são obstinados em realizar o seu trabalho. Mesmo sem formação superior na área da saúde, os agentes são treinados e atuam de porta em porta, estabelecendo muitas vezes trocas afetivas e de confiança com os moradores.
As repórteres Donnelly e Marquis colocam em dúvida se um dos ingredientes do sucesso brasileiro, a proximidade entre os agentes e a população, funcionaria do outro lado do Atlântico.
Card link Another linkEscrever à mão ajuda no aprendizado, aponta estudo
Estudo norueguês revela que a prática aumenta a atividade cerebral em áreas importantes
[caption id="attachment_39605" align="aligncenter" width="560"] Estudo diz que aumenta o número de crianças com dificuldades para escrever de forma rápida e legível.[/caption]
Texto Estação do Autor com DW
Edição Scriptum
Na rotina digital, escrever à mão com papel e caneta pode parecer cada vez mais incomum. Mas o "antigo método" ainda traz vantagens. Segundo um estudo norueguês de 2024, escrever à mão aumenta a atividade cerebral nas áreas importantes para o aprendizado.
Artigo assinado por Alexander Freund para a DW analisa o uso da escrita à mão, que está entre as técnicas culturais mais importantes da evolução humana, e a diminuição dessa prática diante de um mundo cada vez mais tecnológico. A comunicação por meio de canetas e papel tem se tornado rara, enquanto a comunicação por e-mails, mensagens de texto ou, sobretudo entre os mais jovens, por mensagens de voz, se estabelece como regra.
Freund explica que desde crianças aprendemos a escrever à mão da forma mais correta e ordenada possível. Embora todas as crianças aprendam as mesmas letras, a escrita de cada um é sempre muito particular. Durante a adolescência e o início da fase adulta, nossa caligrafia costuma mudar significativamente, mas depois disso ela permanece praticamente a mesma para a maioria das pessoas.
A Associação Alemã de Educação e Formação vem detectando há anos o declínio das habilidades de escrita. De acordo com o Estudo sobre o desenvolvimento, os problemas e as intervenções na questão da caligrafia (STEP 2022) aumenta o número de crianças com dificuldades para escrever de forma rápida e legível.
Há milhares de anos as informações eram esculpidas em argila ou pedra ou escritas com tinta em folhas de palmeira, pergaminho ou papiro. Ao contrário da fala, a escrita antigamente era reservada apenas a uma minoria: a nobreza, os intelectuais e os comerciantes. O fato de tantas pessoas saberem ler e escrever hoje em dia só mudou com a introdução da escolaridade obrigatória no século 20.
Em 1820, apenas 12% da população mundial sabia ler e escrever. Hoje, a proporção se inverteu. Segundo a Unesco, apenas 13% das pessoas no mundo não sabem ler nem escrever. Metade dos aproximadamente 765 milhões de analfabetos vive no Sul da Ásia e mais de um quarto na África Subsaariana.