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Poder e progresso

O economista Luiz Alberto Machado comenta o impacto das revoluções tecnológicas sobre o mercado de trabalho

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Lições de viagem: Congresso de Criatividade no Espírito Santo

O economista Luiz Alberto Machado comenta as lições que aprendeu ao participar de evento de inovação no Espírito Santo

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum   Em artigos anteriores com a denominação "Lições de viagem", limitei-me a comentar aspectos da localidade visitada, chamando a atenção para seus aspectos geográficos, históricos, políticos, econômicos ou socioculturais. Neste artigo, porém, vou fazer uma exceção e, além de breves comentários sobre o estado do Espírito Santo, vou mencionar também o congresso de que participei entre os dias 12 e 14 de novembro, no qual pude aprender valiosas lições. O 4° Congresso Internacional de Criatividade e Inovação (CICI) foi promovido pela Associação Brasileira de Criatividade e Inovação - Criabrasilis e teve lugar nas instalações da Universidade Federal do Espírito Santo. Na tarde do dia 12, houve uma seção destinada ao lançamento de livros, entre os quais a segunda edição revista, ampliada e atualizada do livro Economia + Criatividade = Economia Criativa, publicado pelo Espaço Democrático. Na noite deste mesmo dia, a palestra inaugural "Criatividade em Ação: Três Décadas de Pesquisa", foi proferida por Denise de Souza Fleith, professora da UnB e uma das mais respeitadas pesquisadoras do Brasil nas áreas de psicologia, criatividade e educação. Nos dias 13 e 14, renomados especialistas do Brasil e do exterior tiveram oportunidade de expor novas abordagens teóricas sobre diferentes facetas da criatividade e da inovação, bem como relatar experiências concretas e bem sucedidas, entre as quais a da Fundação Casa Grande, com sede em Nova Olinda, na região do Cariri, no Ceará, apresentada por Decio Coutinho. Em razão da simultaneidade das seções, foi impossível acompanhar algumas palestras que me pareciam muito interessantes. Das que tive chance de acompanhar, fiquei muito bem impressionado com as palestras "Societies of the Possible", de Vlad Glaveanu, professor da Dublin City University, e "Creativity and Innovation 4.0: Fostering Renewal Through Possibility Thinking", de Margaret Mangion, do Edward de Bono Institute for Creative Thinking and Innovation, University of Malta, que aliás, possuíam considerável grau de complementaridade. Na tarde do dia 14, juntamente com Decio Coutinho. participei da mesa redonda sobre Criatividade e Inovação Social nas Instituições, na qual apresentei a palestra "Evolução dos Estudos sobre Criatividade" Tomando por base o exposto no livro Economia + Criatividade = Economia Criativa, reproduzi o quadro que apresenta as cinco gerações de estudos sobre criatividade iniciados quando os mesmos se tornaram sistemáticos após o encerramento de Segunda Guerra Mundial.   Nessa evolução, verifica-se uma importante mudança: até a terceira geração, os estudos e pesquisas sobre criatividade estavam mais voltados para a dimensão individual; a quarta e a quinta gerações, por sua vez, revelam uma preocupação mais ampla, marcada pela busca de soluções para questões sociais e para a formulação de políticas públicas. Encerrando minha exposição e considerando a extraordinária influência assumida nos dias de hoje pela tecnologia da informação (TI) e pela inteligência artificial (IA), mencionei alguns autores que passaram a se debruçar sobre esses temas atualizando as análises sobre a criatividade, no que pode – quem sabe? – se constituir numa sexta geração de estudos sobre a mesma, reafirmando a transição das abordagens individualistas para as dotadas de preocupação social e formulação de políticas públicas. Muito boa também a palestra de encerramento, "O futuro não é o que costumava ser: uma perspectiva sistêmica para a construção de conhecimento", ministrada por Felipe Zamana, pesquisador brasileiro que reside há vários anos em Portugal, autor do livro Criatividade a Sério: Por que suas ideias são mais sobre nós do que sobre você. Quanto ao Espírito Santo, trata-se de um estado situado na região sudeste, cuja capital, Vitória, já tive oportunidade de visitar diversas vezes, muitas das quais em rápidas passagens para ministrar palestras e/ou participar de congressos ou seminários. Com população estimada em 369 mil habitantes (IBGE, 2021), Vitória é apenas a quarta mais populosa do estado, ficando atrás dos municípios limítrofes de sua região metropolitana Vila Velha, Serra e Cariacica. Com belas praias, como a de Camburi, a Curva da Jurema e a Praia do Canto, Vitória oferece boas opções de hotéis e farta rede de restaurantes, onde se pode apreciar as delícias da culinária local, como a Torta Capixaba e as famosas moquecas que, diferentemente da baiana, não leva azeite de dendê. O artesanato é bem desenvolvido em várias partes do estado, principalmente na produção de cerâmica, valendo citação especial as Paneleiras de Goiabeiras, mulheres que fabricam artesanalmente panelas de barro e que atraem volume considerável de visitantes. Vitória tem o 5° melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) entre todos os municípios brasileiros e tem sido considerada em diversas pesquisas uma das melhores capitais brasileiras para se viver. Em Vila Velha, do outro lado da Terceira Ponte (em cujos acessos são temidos os congestionamentos em horários de rush), merece uma visita o Convento da Penha, um dos santuários mais antigos do Brasil, localizado num penhasco de 154 metros de altitude. O monumento arquitetônico, peculiar na singeleza e sobriedade, apresenta em sua trajetória histórica muitas reconstruções como a excepcional concepção arquitetônica do Convento, incrustado na rocha do morro, abrindo as janelas de suas celas para o magnífico panorama da barra de Vitória e do oceano Atlântico, enquanto de sua fachada se tem bela vista panorâmica de Vila Velha. Entre os portos do Espírito Santo se sobressai o Complexo Portuário de Tubarão, localizado na ponta do mesmo nome, na parte continental do município de Vitória. O complexo reúne cinco terminais, é operado pela Vale e se transformou no mais eficiente terminal de exportação de pelotas e de minério de ferro do mundo. Contando com municípios importantes como Cachoeiro do Itapemirim, Linhares, Guarapari, São Mateus e Colatina, além dos quatro já citados da Grande Vitória, o Espírito Santo se constitui num dos raros exemplos de estado com taxas sucessivas de crescimento econômico, contas controladas e satisfatória condição socioeconômica, o que se deve em boa parte a bons governantes, entre os quais Max Mauro (recentemente falecido), Paulo Hartung e Renato Casagrande.   Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Estudante e aprendedor

O economista Roberto Macedo diz que o avanço da educação exige esforço para aprender a aprender

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum   Aprendedor, designando quem está a aprender, não consta do meu dicionário (Houaiss), mas sites de busca mostram o seu uso, ainda que pouco difundido. Aprender nem sempre ocorre com quem estuda. Por exemplo, estudei trigonometria, mas não aprendi nada de útil. Por útil entendo algo de uso intelectual ou também profissional, Cheguei ao termo ao estudar o modo de ensinar. O tradicional é um em que o professor apresenta determinado assunto, sustentado por um livro texto ou uma bibliografia mais geral, cuja leitura é indicada. Também podem ocorrer exercícios e redação de um texto ligado ao que foi abordado em classe. Ensinamentos são usualmente cobrados em provas. O mestre é o ator principal, e em geral os alunos atuam passivamente. Percebi que hoje essa forma de ensinar é contestada por outra em que os alunos assumem um forte protagonismo. Um livro de Fadel, Trilling e Bialik (2015), aborda Four-Dimensional Education: The Competencies Learners Need to Succeed (Educação em Quatro Dimensões: As Competências que Aprendedores Precisam para o Sucesso). Note-se o termo learners, que traduzi como aprendedores. Aliás, em inglês esse termo é muito mais difundido, pois nessa língua havia no Google, no tempo em que informava isso, 20 milhões de referências a ele, enquanto que em português só 20 mil. Fadel esteve no Brasil em 2018 e foi entrevistado para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo. A entrevista é muito interessante, o que já vi de mais moderno em termos de educação. Pode ser assistida neste link. Já vi essa entrevista várias vezes, pois são muitas as novidades que apresenta e procuramos adotá-la na Faculdade do Comércio de São Paulo, da qual sou Diretor Acadêmico. As quatro dimensões do livro citado, às quais acrescentei algumas observações, são: 1) conhecimento, “o que conhecemos e entendemos” nas palavras dos autores, que se divide em tradicional, como matemática, e moderno, como empreendedorismo, cujo ensino é muito realçado por Fadel em sua entrevista. Acrescento que o conhecimento deve ser contextualizado, tratando cada tema no contexto em que os alunos vivenciam e pensando também no empreendedorismo; 2) habilidades, competências, “como usar o que sabemos”, envolvendo criatividade, pensamento crítico e colaboração. Acrescento: inclusive aprendizado em grupos, para maior sociabilização dos estudantes e desenvolvimento de sua comunicação verbal, fundamental no aspecto social e profissional. 3) Comportamento: como nos comportamos e engajamos no mundo. Foco mental, curiosidade, coragem, resiliência e liderança. Acrescento: com participação ativa no ensino. 4) o chamado meta-aprendizado, “como nós refletimos e nos adaptamos às mudanças”. Acrescento que hoje essas mudanças são muito rápidas, como as que ocorrem nas tecnologias de informação e comunicação. Note-se o avanço do comércio eletrônico, das redes sociais e da Inteligência Artificial. E, dado todo esse contexto, uma avaliação do ensino deve incluir tanto o quê e como o professor ensina, e o quê e como o aluno aprende. Ao lidar com os alunos, devemos evitar termos como meta-aprendizado e metacognição. Eles terão dificuldades para entendê-los, e é provável que esqueçam logo em seguida. Aliás, eu já tinha uma visão desse processo desde 1998, quando escrevi um livro sobre carreiras. Citando uma referência internacional, esse livro aponta como o profissional de maior probabilidade de sucesso o chamado “especialista generalizante ou eclético”, aquele que é especialista em alguma ocupação, mas com a capacidade de aprender outras, por interesse ou por necessidade, o que se desenvolve com o aprender a aprender. Ainda sobre o aprender a aprender, Michele Uema, ex-aluna da FAAP, que vem atuando em grandes empresas, também ponderou que “um dos objetivos que elas mais buscam hoje é o de aprender, aprender a desaprender e aprender de novo e quem faz isso rápido, está à frente dos demais.” Como disse Fadel na entrevista, “Este será o desafio: sair de uma educação bem especializada e limitada para uma educação ampla e profunda, simultaneamente”. Ou seja, procure ser um aprendedor, e dos bons!     Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Livro analisa a razão da felicidade dos brasileiros

Cientista político Rubens Figueiredo lança obra na segunda-feira (25), na Livraria da Vila

Edição Scriptum com Diário do Comércio   O cientista político Rubens Figueiredo, consultor do Espaço Democrático, lança na segunda-feira (25) o livro "Sofrendo feliz da vida - alegria e angústia de ser brasileiro" (Editora MM, 2024), no qual analisa a decantada felicidade dos brasileiros mesmo vivendo num país com tanta desigualdade. A obra será lançada em sessão de autógrafos na Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1.501, das 18h às 22h. No livro, de acordo com o site do Diário do Comércio, o autor questiona a razão pela qual somos felizes mesmo vivendo mal. Mesmo com indicadores de IDH, educação, saúde, corrupção, desigualdade e facilidade para fazer negócios que deixam a desejar, o Brasil é bem classificado nos rankings internacionais de felicidade. Veja a seguir os principais trechos da reportagem do Diário do Comércio: Desfilando referências baseadas não só em dados sócio-político-econômicos, mas também na cultura popular - e citando grandes mestres, de Ariano Suassuna a Tom Jobim, a "filósofos" contemporâneos, como Zeca Pagodinho e Tim Maia, ambos com suas tiradas bem-humoradas (e inacreditáveis) -, Figueiredo procura desvendar de onde vem tanta animação. "Uma pesquisa da Ipsos mostra que o brasileiro é feliz mesmo estando insatisfeito no plano amoroso, profissional, de moradia, de segurança... Por outro lado, existem estudos consagrados que mostram que a desigualdade de renda gera atrito social e infelicidade. Vamos na contramão de tudo isso!", se espanta. Seriam então fatores históricos, de miscigenação ou culturais (ou de falta de cultura), que fazem com que o brasileiro, mesmo na maior dificuldade, não deixa de fazer seu churrasco, tomar uma cervejinha nem esquecer as mazelas com futebol? A resposta não é tão simples, já que é razoável supor que a felicidade tenha relação com a qualidade de vida e, em grandes agregados sociais, era de se esperar que essa evidência ficasse mais forte, explica o autor. Ou ainda, será uma espécie de "zeitgeist eterno" dos brasileiros: sempre esperar o melhor, viver sonhando - questões que Figueiredo também aponta no livro? Talvez a miscigenação cultural e de raças seja uma das respostas -, a ponto de um cientista político americano, Samuel P. Huntington, dizer que "não fazemos parte da civilização ocidental", destaca o autor. "O brasileiro é único. Nós somos misturados. E os ingredientes dessa mistura também, portugueses e africanos já vieram miscigenados. Brasileiro é bem-humorado, afetivo, resiliente. E não levamos o Brasil muito a sério. Adoramos fazer gozação de nós mesmos", diz, lembrando que, não por acaso, cerca de 70% dos filmes nacionais de maior bilheteria são comédias. A certa altura do livro, Figueiredo aborda até como um estrangeiro não-intelectual analisa nosso povo, pegando os exemplos de um alemão e uma russa. "É sensacional. Eles dizem que temos o que eles não têm: leveza, proximidade das pessoas, carinho. Rimos das nossas dificuldades. A russa Olga disse até que se transformou como ser humano depois de morar aqui três anos. Ficou mais 'melosa' (começou e desejar que todos 'dormissem com os anjos'). E mais diplomática, querendo saber mais as histórias de sua família", diverte-se. Em resumo: mesmo com uma sociedade hoje dividida por "certezas", com espaço para eclosão e permanência do conflito, além de polarização e cisões em movimentos identitários ("'A luta antirracista não é um empreendimento contra o racismo; é em favor da luta'", diz, citando o filósofo baiano Thiago Ribeiro), temos "uma escola de samba dentro da gente batendo bumbum paticumbum prugurundum que nos impulsiona". E a realidade é algo secundário, analisa, após fazer referência ao emblemático samba-enredo campeão da Império Serrano de 1982. Nas palavras do cientista político Sérgio Fausto, na quarta capa, o leitor não encontrará resposta definitiva sobre a questão, mas "boa prosa, onipresente senso de humor e observações perspicazes." Ou, como diz a jornalista Denise Campos de Toledo, na orelha, o livro nos faz reavaliar o que temos feito por nossa própria felicidade. "Será que estamos fazendo o melhor?", questiona. Vale a leitura (e uma boa sessão de autoanálise). Outras personalidades, como Michel Temer, Andrea Matarazzo, Antonio Lavareda, Eduardo Oinegue e Gaudêncio Torquato também comentam a obra e o autor na quarta capa.

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