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Prato da Boa Lembrança: economia criativa na veia

Luiz Alberto Machado fala sobre a experiência gastronômica que coloca o ingrediente à frente do chef e que já reúne mais de 80 restaurantes em todo o Brasil

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Refutando dois mitos sobre a eleição municipal em São Paulo

Rogério Schmitt mostra que a eleição paulistana não tem sido determinada pelo cenário nacional e que os partidos de esquerda sejam hegemônicos nas periferias

  Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum     Neste janeiro já fui entrevistado por dois jornalistas diferentes a respeito das eleições para a Prefeitura de São Paulo, que ocorrerão no próximo mês de outubro. A fim de me preparar devidamente para aquelas duas “sabatinas” e evitar dar palpites desprovidos de qualquer evidência objetiva, coletei uma série de dados históricos que considero ser relevantes para este tipo de análise. Deu um trabalhão, mas valeu a pena! Ao longo do caminho, fui constatando a existência de vários “cacoetes” analíticos que costumam aparecer em boa parte dos textos jornalísticos – e dos comentários dos especialistas – sobre o voto dos paulistanos nas eleições para prefeito da capital. Assim, resolvi comentar neste meu artigo dois destes cacoetes. Como veremos, eles são mitos sem amparo nas evidências, e que podem ser facilmente refutados. O primeiro mito é o de que o pleito municipal de São Paulo – talvez por conta do tamanho e da importância da cidade – seria uma eleição determinada pela política nacional. O apoio do presidente da República seria, portanto, decisivo na definição do candidato vencedor. Nada mais falso. Nas seis eleições municipais realizadas entre 2000 e 2020 em São Paulo, somente em uma o prefeito eleito era apoiado pelo governo federal desde o início da campanha (Fernando Haddad, em 2012, sob o patrocínio de Dilma Rousseff). Nas outras cinco eleições, o vitorioso não era o candidato do Palácio do Planalto. Mesmo assim, agora em 2024, surgiu novamente a narrativa de que os apoios de Lula ou de Bolsonaro serão decisivos na corrida sucessória que está em curso. É claro que tal hipótese não pode ser descartada a priori. Mas as evidências indicam que, historicamente, o apoio do governador do Estado é bem mais decisivo do que o apoio do presidente. Em quatro das últimas seis eleições para a prefeitura de São Paulo, o candidato eleito era explicitamente apoiado pelo Palácio dos Bandeirantes. O segundo mito facilmente refutável é o de que os candidatos a prefeito lançados por partidos de esquerda (como o PT ou o PSOL) seriam hegemônicos nos bairros periféricos da cidade, ao passo que os candidatos de centro ou de direita seriam dominantes nos bairros do chamado centro expandido. De fato, este até foi um padrão geográfico observado em algumas eleições do passado, mas já não tem sido mais assim há um bom tempo. A dicotomia entre a “periferia progressista” e o “centro conservador” foi rompida desde a eleição municipal de 2016. Naquele ano, o tucano João Doria não só se elegeu no primeiro turno, como também venceu a disputa em 56 das 58 zonas eleitorais da cidade. E a ex-prefeita Marta Suplicy (então no PMDB), quarta colocada no cômputo geral, foi a mais votada nas duas zonas remanescentes (Parelheiros e Grajaú), ambas localizadas no extremo sul da cidade. Por sua vez, no pleito de 2020, o mapa do voto em São Paulo no primeiro turno já foi totalmente uniforme: o tucano Bruno Covas foi o candidato mais votado em TODAS as 58 zonas eleitorais paulistanas, inclusive nas duas onde Marta Suplicy vencera quatro anos antes. Os candidatos do PSOL (Guilherme Boulos) e do PT (Jilmar Tatto) foram derrotados mesmo nos bairros do extremo sul da cidade. A narrativa tradicional que opunha o centro à periferia foi, assim, novamente fulminada. Naturalmente, nem sempre os padrões do passado têm poder preditivo sobre o que acontecerá no futuro. Mas pelo menos eles nos ajudam a contextualizar a eleição que se aproxima, evitando que reproduzamos acriticamente clichês e cacoetes que já foram superados pelos fatos.     Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Inexplicáveis apoios

Economista Luiz Alberto Machado escreve sobre dois livros que comparam países socialistas e capitalistas e a convivência deles com a democracia

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição: Scriptum   Em sua edição de domingo, 14 de janeiro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma entrevista do sempre lúcido embaixador Rubens Ricupero para a jornalista Monica Gugliano, sobre a crise entre Venezuela e Guiana. Na entrevista, Ricupero critica a condescendência do governo brasileiro com a ditadura de Nicolás Maduro, avaliando que "o presidente Lula não voltou a ter a mesma admiração que tinha no mundo em seus dois primeiros mandatos em razão de não defender as mesmas causas que os ocidentais, como se dava anteriormente". Em determinado trecho da entrevista, Ricupero foi enfático, estendendo a análise a outros países não democráticos que desrespeitam sistematicamente os direitos humanos. A esse respeito, afirmou:

Quando se critica uma política de indiferença às violações dos direitos humanos, além do problema de princípios, se comete um erro. Essa é a política que o PT e Lula costumam conduzir que, por afinidades ideológicas, não querem criticar a Venezuela, a Nicarágua, Cuba. Porque há outro aspecto: o ditador, o homem que viola a democracia e os direitos humanos é sempre causa de perigo. Você vê quem é que atacou a Ucrânia? Foi o Putin, ditador. Quem está criando esse problema com a Guiana? É o Maduro. É preciso condenar com firmeza as ditaduras e as violações, porque quem faz isso prejudica não só os próprios cidadãos, mas, na primeira oportunidade que aparecer, se torna uma ameaça aos demais, como estamos vendo na Venezuela.

Ao acabar de ler a entrevista do embaixador Ricupero, lembrei-me imediatamente da leitura recente de dois livros que, embora recorrendo a estilos diferentes, fazem comparações entre países socialistas e capitalistas e sobre a convivência – mais ou menos difícil – de países que adotam tais sistemas econômicos com a democracia. O primeiro dos dois livros, Socialismo amargo, de autoria de Robert Lawson e Benjamin Powell, foi objeto de um artigo meu para este mesmo Espaço Democrático. Nele, reproduzi o comentário de Paulo Polzonoff Jr., que assina o prefácio à edição brasileira, afirmando que "a ideia por trás de Socialismo amargo é simples e em nada original: dois intelectuais, no caso economistas, viajam pelo mundo a fim de observar de perto o zoológico humano em que invariavelmente se transformam as experiências socialistas". O segundo livro, cuja leitura concluí recentemente, chama-se O capitalismo não é o problema, é a solução e tem por subtítulo Uma viagem pela história recente através de cinco continentes (São Paulo: Edições 70, 2022). Seu autor, o historiador e jornalista alemão Rainer Zitelmann, percorre um trajeto parecido com o percorrido por Lawson e Powell em Socialismo amargo, porém sua narrativa para descrever suas conclusões é bem mais rigorosa. Como ele afirma na introdução, "o livro foca em uma única questão: qual sistema econômico oferece a melhor qualidade de vida para a maioria das pessoas? A qualidade de vida é determinada, especialmente, embora não exclusivamente, pelo nível de riqueza econômica dos indivíduos e por seu nível de liberdade política". Para sustentar sua firme convicção na superioridade do capitalismo enquanto sistema econômico e da democracia enquanto regime político, Zitelmann, nos sete primeiros capítulos, mergulha em exemplos concretos na China, em diversos países da África, nas Alemanhas Ocidental e Oriental, nas Coreias do Sul e do Norte, na Inglaterra de Margaret Thatcher e nos Estados Unidos de Ronald Reagan, nas experiências do Chile e da Venezuela na América do Sul, e, por fim, na Suécia. Na sequência, percorre o seguinte itinerário: no capítulo 8, explica como a liberdade econômica aumenta o bem-estar dos seres humanos; no capítulo 9, procura mostrar que as crises financeiras são resultantes muito mais de políticas inadequadas do que pelo capitalismo; no capítulo 10, explica por que os intelectuais não gostam do capitalismo; no capítulo 11, faz um apelo urgente em favor de reformas pró capitalistas. O capítulo 12 foi escrito pelo advogado e professor Bernardo Santoro e focaliza como o Brasil se transformou num refém da sua gênese de matriz social-democrata. Lendo entrevistas como a de Rubens Ricupero e livros como Socialismo amargo e O capitalismo não é o problema, é a solução não consigo entender as razões pelas quais, diante de tantos exemplos concretos espalhados pelo mundo, ainda existam apoiadores, em especial artistas, intelectuais, professores e jornalistas, de governantes ou países que optem pelo socialismo e, não raras vezes, também por regimes políticos ditatoriais. Uma das frases famosas de Winston Churchill, um dos maiores estadistas do século 20, proferida em um discurso na Câmara dos Comuns em 11 de novembro de 1947, foi: "Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos." Ouso encerrar meu artigo fazendo uma analogia: "Ninguém pretende que o capitalismo seja perfeito ou sem defeito. Digo que o capitalismo é o pior sistema econômico, salvo todos os demais que foram experimentados de tempos em tempos".     Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Bolsa Formação tem problemas de concepção

Especialista em segurança pública, sociólogo Tulio Kahn defende que o programa do governo federal, para policiais, tenha seus impactos avaliados

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