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Pantanal poderá ter crise hídrica histórica em 2024, aponta estudo
Nos primeiros 4 meses do ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água foi menor do que a do período de seca do ano passado.
[caption id="attachment_38442" align="aligncenter" width="712"] Incêndio no Pantanal: período mais seco em quatro décadas ameaça o bioma[/caption] Texto Estação do Autor com Agência Brasil Edição Scriptum O devastador incêndio que destrói o Pantanal alerta para um cenário preocupante. O bioma está cada vez mais seco, o que o torna mais vulnerável, aumentando as ameaças à sua biodiversidade, aos seus recursos naturais e ao modo de vida da população pantaneira. O Pantanal enfrenta, desde 2019, o período mais seco das últimas quatro décadas e a tendência é que neste ano tenha a pior crise hídrica já observada no bioma, de acordo com um estudo inédito encomendado pelo WWF-Brasil e realizado pela empresa especializada ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão. Os resultados apontam que, nos primeiros quatro meses do ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água foi menor do que a do período de seca do ano passado. Reportagem da Agência Brasil trata do estudo que revela que a sucessão de anos com poucas cheias e secas extremas poderá mudar permanentemente o ecossistema do Pantanal. As consequências serão drásticas para a riqueza e a abundância de espécies de fauna e flora, com grandes impactos também na economia local, que depende da navegabilidade dos rios e da diversidade de fauna. Segundo Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil e uma das autoras do estudo, o nível do Rio Paraguai nos cinco primeiros meses deste ano esteve, em média, 68% abaixo da média esperada para o período “O que nos preocupa é que, de agora em diante, o Pantanal tende a secar ainda mais até outubro. Nesse cenário, é preciso reforçar todos os alertas para a necessidade urgente de medidas de prevenção e adaptação à seca e para a possibilidade de grandes incêndios.” Além dos eventos climáticos que agravam a seca, a redução da disponibilidade de água no Pantanal tem relação com ações humanas que degradam o bioma, como a construção de barragens e estradas, o desmatamento e as queimadas, explica Helga. A nota técnica traz uma série de recomendações como mapear as ameaças que causam maiores impactos aos corpos hídricos do Pantanal, considerando principalmente a dinâmica na região de cabeceiras; fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento; restaurar áreas de Proteção Permanente (APPs) nas cabeceiras, a fim de melhorar a infiltração da água e diminuir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, aumentando a qualidade e a quantidade de água tanto no planalto quanto na planície, e apoiar a valorização de comunidades, de proprietários e do setor produtivo que desenvolvem boas práticas e dão escala a ações produtivas sustentáveis.
Card link Another linkVida longa ao Real!
Imaginem se além dos problemas que enfrentamos, sobretudo no plano fiscal, tivéssemos instabilidade monetária, escreve Luiz Alberto Machado
Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum No dia 1° de julho de 1994, numa foto histórica, Itamar Franco, presidente da República, e Rubens Ricupero, que havia sucedido Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, apresentavam ao Brasil as cédulas de reais após troca das notas de cruzeiros reais em agência da Caixa Econômica Federal do Palácio do Planalto, em Brasília. A introdução da nova moeda significava a etapa decisiva de consolidação do Plano Real, que havia sido anunciado em 27 de fevereiro de 1994, quando o ministro da Fazenda ainda era Fernando Henrique Cardoso, trazendo como grande novidade a Unidade Real de Valor (URV), dotada de curso legal para servir exclusivamente como padrão de valor monetário. Esta etapa se estendeu até a entrada em circulação da nova moeda, que ocorreu no dia 1º de julho de 1994. O período de vida da URV foi curto e profícuo. Foi, além disso, a grande sacada da equipe responsável pela concepção do Plano Real: combater a inércia inflacionária que se alimentava da indexação dos preços por meio da radicalização da correção monetária ou uma aceleração da indexação. Nas palavras de Gustavo Franco, "uma vacina feita com o próprio veneno da inflação". Tinha início a mais longeva trajetória de uma moeda no Brasil, descontadas as duas primeiras: o real português ($), vigente de 1568 a 1833, correspondendo à etapa do Brasil-colônia; e ao real brasileiro (R), versão nacional da moeda portuguesa, vigente até 1942, quando foi substituído pelo cruzeiro (Cr$) durante o governo de Getúlio Vargas. Circulando até 1967, o cruzeiro havia sido a moeda de mais longa duração, com 25 anos, como se vê na tabela que se segue. Histórico de alterações de moeda no Brasil
Moeda | Símbolo | Período |
Real Português | $ | 1568 a 1833 |
Real Brasileiro | Rs | 1833 a 1942 |
Cruzeiro | Cr$ | 1942 a 1967 |
Cruzeiro Novo | NCr$ | 1967 a 1970 |
Cruzeiro | Cr$ | 1970 a 1986 |
Cruzado | Cz$ | 28/02/1986 a 15/01/1989 |
Cruzado Novo | NCz$ | 16/01/1989 a 15/03/1990 |
Cruzeiro | Cr$ | 16/03/1990 a 31/07/1993 |
Cruzeiro Real | CR$ | 01/08/1993 a 30/06/1994 |
Real | R$ | 01/07/1994 até hoje |
Não está certo
Jurista e escritor José Paulo Cavalvanti Filho aponta três razões pelas quais considera errado o cancelamento das penas de Marcelo Odebrecht
José Paulo Cavalcanti Filho Edição Scriptum A decisão do ministro Dias Toffoli, semana passada (em 22 de maio), cancelando as penas de Marcelo Odebrecht, não veio sozinha. Na mesma penada, também foram absolvidos José Dirceu, Renan Calheiros e Romero Jucá. Poucos dias antes já havia anulado todas as provas contra o mesmo Marcelo e suspendido o pagamento das multas milionárias de sua construtora, a Odebrecht. Empresários e políticos na mesma barca. Sobre essa decisão de agora considero que pode ser vista por, ao menos, três ângulos ‒ o jurídico (1), o ético (2) e o dos comportamentos (3). Em breves linhas, vamos a eles.
- Nossa legislação sobre escutas telefônicas, em parte, baseia-se na norte-americana dos Ware Tips. Com tratamentos iguais em alguns temas, como o de reconhecer como prova gravações autorizadas por juízes. E diferentes, como no caso das Consensual Ware Tips, não autorizadas, que nos Estados Unidos são equiparadas a provas circunstanciais. Em outras palavras, sozinhas, não; mas quando junto de outras provas, e diferentes do Brasil, lá são aceitas.
- Segundo Marcelo Odebrecht, nas colaborações premiadas que fez, o “amigo do amigo de meu pai”, que consta nas escriturações de propinas da Odebrecht, seria o próprio ministro Toffoli ‒ ver Malu Gaspar em O Globo (23/5). Por sua gravidade, essa questão deveria ter sido examinada melhor pelo Ministério Público. Para, no caso de ser improcedente, ficar livre o ministro de acusação tão grave quanto à sua honra. Podendo ainda processar, quem o denunciou, por calúnia (art. 138 do Código Penal). E, acaso procedente, para que se promovesse o devido processo legal por corrupção passiva que, acaso provado, poderia levá-lo à prisão.
- Quanto ao combate à corrupção, antes de tudo, cumpre lamentar que, por mais duas gerações (pelo menos), ninguém terá coragem de enfrentar os poderosos do País ‒ essa conjunção perversa entre elites políticas e grandes empresários que tenham contratos com o governo. Por conta do que está acontecendo, agora. Todos os corruptos livres, e rindo de nós. Alguns, novamente candidatos a cargos públicos; ou fazendo selfies; um deles, condenado a 390 anos de cadeia, dando repetidas declarações na TV; os demais, na vida boa, sem mais preocupações financeiras. Certos de que nunca serão punidos. Prisão é só para pobres, ou gente de quem o Supremo não gosta ‒ assim, acredito, consideram. E quem combateu a corrupção continua penando. Juízes, afastados de seus cargos. Procuradores, cassados. Outros, proibidos de ter acesso às mídias sociais ‒ para evitar fake news, assim justificam Supremo e TSE uma censura que degrada nossa Democracia.
Invasão holandesa, há 400 anos, teve guerrilha na BA, resistência de bispo e impacto global
Esquadra com 26 navios, 500 canhões e 3.400 homens ocupou a Baia de Todos os Santos e em menos de um dia Salvador capitulou
[caption id="attachment_38195" align="aligncenter" width="584"] Reprodução de pintura de Hassel Gerritsz sobre a invasão[/caption] Texto Estação do Autor com Folha de S.Paulo Edição Scriptum Em maio de 1624, uma esquadra com 26 navios, 500 canhões e 3.400 holandeses ocuparam a Baía de Todos os Santos em Salvador, na Bahia. Apesar da resistência inicial, em menos de um dia, a capital da América portuguesa capitulou e foi tomada pelos invasores. Casas foram saqueadas, o governador Diogo de Mendonça Furtado foi preso e as tropas percorreram a cidade em busca de uma carga valiosa: o açúcar. A invasão holandesa, que completou 400 anos, acirrou a disputa entre potências da Europa em torno de interesses comerciais. Se tornou uma espécie de guerra santa e o primeiro evento histórico de escala global em solo brasileiro. Além de ser um polo produtor de açúcar, com engenhos na região do Recôncavo, Salvador era um importante centro político da colônia. A cidade tinha entre 10 mil e 12 mil habitantes, com reduzido poder militar. No dia da invasão, contava com pouco mais de 450 homens preparados para proteger a cidade. Reportagem de João Pedro Pitombo para a Folha de S.Paulo (assinantes) registra a tomada da Capitania da Bahia, em mais um capítulo da disputa entre a Espanha e os Países Baixos, que travaram a Guerra dos 80 anos. A Espanha retaliou impondo embargos aos holandeses, que tinham uma das mais sólidas frotas comerciais do mundo. Foi suspenso o comércio entre os Países Baixos e Portugal, que desde 1580 fazia parte da União Ibérica. Os holandeses foram então apartados do comércio do açúcar, um dos mais cobiçados e rentáveis na época. A solução encontrada foi eliminar intermediários e buscar o produto na fonte, daí a invasão e ocupação militar na América. Estrategicamente, a Holanda criou em 1621 a empresa Companhia das Índias Ocidentais e decidiu tomar Salvador, principal porto do Atlântico Sul. Para custear a operação, houve uma espécie de parceria público-privada, parte bancada pela empresa, parte pelas Províncias Unidas dos Países Baixos. A ocupação prosseguiu até 1º de maio de 1625, quando os invasores se renderam com a chegada de 52 navios e 12.563 homens espanhóis. Os holandeses voltariam ao Brasil em 1630, invadindo Pernambuco e mantendo uma ocupação que durou 24 anos, com marcas mais profundas na história política, social e cultural do Nordeste brasileiro.
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