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A cidade que ainda celebra a Saturnália, festa romana que antecedeu o Natal
Chester, na Inglaterra, comemora anualmente o ritual pagão da Saturnália, que homenageia o deus romano da agricultura e colheita
Texto: Estação do Autor com BBC News
Edição: Scriptum
Em todo o mundo, o mês de dezembro é marcado por festividades como o Natal para os cristãos e o Chanucá para os judeus. Na pequena cidade inglesa de Chester, a comemoração é o ritual pagão Saturnália, que homenageia Saturno, o deus romano da agricultura e da colheita. A festa tem origem na Roma Antiga e confirma, assim, a ligação que a Grã-Bretanha tem com seu passado romano.
Chester já foi uma cidade romana chamada Deva Victrix. No início de dezembro, como acontece há dois mil anos, as ruas do lugar foram ocupadas pelo festival Saturnália. Reportagem da BBC News mostra essa tradição marcada por festas e procissão à luz de tochas ao redor da muralha medieval que cerca o município inglês.
"Chester é bem conhecida por sua herança romana e os moradores locais são muito orgulhosos disso", diz Cellan Harston, gerente de uma empresa de turismo que ajuda a organizar o desfile da Saturnália na cidade. Embora os romanos aderissem a regras sociais rígidas e todos tivessem o seu lugar na sociedade, durante a Saturnália eles se esqueciam dessas regras e até pessoas escravizadas podiam participar e se divertir.
Caroline Pudney, professora de arqueologia na Universidade de Chester, observa que as celebrações modernas da Saturnália não são exatamente como as romanas. Porém, há um momento que liga intrinsecamente o desfile ao antigo império, quando um ator reproduz um discurso do imperador Domiciano. "Não se engane, nós romanos ainda estamos aqui, em algumas épocas do ano vocês nos verão marchando novamente pelo nosso forte", diz ele à multidão reunida.
Card link Another linkA história apagada para dar lugar a Belo Horizonte, que completa 126 anos
Desapropriados pelo ‘progresso’, povos originários e trabalhadores da construção civil foram obrigados a morar em favelas de Belo Horizonte
[caption id="attachment_37621" align="aligncenter" width="648"] Enquanto a cidade se erguia, eles foram empurrados para a periferia ao mesmo tempo em que as famílias ricas ocupavam o centro da cidade.[/caption]
Texto: Estação do Autor com g1/MG
Edição: Scriptum
As pedras que ajudaram na fundação de Belo Horizonte, que completa 126 anos nesta quarta-feira (13), assim como a mão de obra, vieram da terra e da força de povos originários e operários que não tiveram seus nomes escritos na história. Enquanto a cidade se erguia, eles foram empurrados para a periferia ao mesmo tempo em que as famílias ricas ocupavam o centro da cidade.
O antigo Arraial de Curral del-Rei, fundado em 1707, precisou ser destruído para que a capital mineira nascesse, em 1897. Reportagem de Jô Andrade para o g1 acompanha o trabalho de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que vasculharam arquivos e memórias para recontar essa história.
Para registrar o processo de fundação da cidade, a arquiteta e professora UFMG, Priscila Musa, coautora da tese “Quem vê cara não vê ancestralidade: Arquivos fotográficos e memórias insurgentes de Belo Horizonte”, recorreu a fontes diversas para criar um acervo de imagens que registrassem outro ponto de vista, além do elitista. Priscila analisou mais de 500 filmes e mais de mil imagens com a ajuda das pesquisadoras Júlia Ferreira da Silva e Maria Beatriz Coelho. Para resgatar a história que foi quase apagada pela nova capital, as pesquisadoras acessaram um material valioso, o acervo de fotografias de Valéria Borges, artista criada na favela Pedreira Prado Lopes.
O doutor em história e professor da UFMG, Tarcísio Botelho, explicou que durante a demolição do Curral del-Rei centenas de famílias foram desapropriadas. No local, viviam ex-escravizados, negros nascidos livres e brancos de classe média. Eles foram obrigados a dar lugar a avenidas largas, como a do Contorno, que "contorna" a cidade. Ali, famílias abastadas e brancas se acomodavam em casarões inspirados na belle époque francesa enquanto parte da população negra, que morava na região teve que sair de suas casas.
Os reflexos dessa urbanização são sentidos ainda nos dias de hoje. De acordo com a última edição do Mapa das Desigualdades de Belo Horizonte (2021), os bairros da capital com maior proporção da população negra estão fora da Região Centro-Sul, delimitada pela avenida do Contorno. Segundo Musa, apenas 2% da população negra vive no centro da capital mineira. Relembrando os números do Censo do IBGE de 2010, a professora conclui que esse sistema de cidade reflete uma exclusão histórica.
Declaração dos Direitos Humanos: 75 anos e pouco a comemorar
Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a desigualdade, o autoritarismo, as mudanças climáticas e os conflitos armados são ameaças aos direitos e liberdades
[caption id="attachment_37616" align="aligncenter" width="560"] A ex-primeira dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, ergue o documento de Declaração dos Direitos Humanos[/caption]
Texto: Estação do Autor com DW
Edição: Scriptum
O mundo está perdendo o rumo. A afirmação é do secretário-geral das Nações Unidas durante a cerimônia que marcou os 75 anos da Declaração dos Direitos Humanos, no dia 10 de dezembro. Em seu discurso, António Guterres alertou para a crescente ameaça que a desigualdade, o autoritarismo, as mudanças climáticas e os conflitos armados representam para os direitos e as liberdades da população mundial.
O documento foi assinado em 1948, três anos após a devastação provocada pela Segunda Guerra Mundial, e resume suas intenções no primeiro artigo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Reportagem publicada no site DW destaca os principais pontos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e mostra que ainda há um longo caminho até que o documento seja implementado para todos, em todo o mundo.
A ONU estima que existam atualmente 110 milhões de refugiados em todo o mundo e 735 milhões de pessoas sem comida suficiente. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 50 milhões de pessoas estão em situação de escravidão. Diante desse quadro, Guterres cita a dificuldade dos meios de comunicação, da igualdade de gênero, e ressalta que os direitos reprodutivos das mulheres estão em retrocesso. Para o secretário-geral da ONU, todas estas crises ameaçam as diretrizes da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Volker Türk, alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, reconhece que a Declaração estabeleceu direitos universais e o mesmo valor para cada pessoa. No entanto, Türk pondera que "mesmo que os 30 artigos da Declaração tenham desencadeado uma transformação em todas as áreas das nossas vidas (...) as brasas do racismo, da misoginia, da desigualdade e do ódio continuam ameaçando o nosso mundo".
Jogos são bom ambiente para Inteligência Artificial operar com segurança e mostrar capacidade
Matemático Marcus du Sautoy mostra jogos como “Pedra, papel, tesoura” ou Banco Imobiliário e sua relação com os números
[caption id="attachment_37610" align="aligncenter" width="560"] O escritor Marcus du Sautoy: jogos são essenciais para a psicologia e a cultura humanas.[/caption]
Texto: Estação do Autor com El País/O Globo
Edição: Scriptum
O matemático Marcus du Sautoy é capaz de fazer uma conferência na qual os alunos se divertem ao mesmo tempo em que aprendem. Professor de Compreensão Pública da Ciência da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ele lança mão de todo um repertório de jogos, músicas, teatro e truques de mágica para convidar o público ao “emocionante mundo da matemática”.
Em entrevista concedida a Verónica M. Garrido para o El País, publicada no jornal O Globo, o britânico justifica como os jogos são “locais muito bons para permitir que a inteligência artificial (IA) opere com segurança e mostre as suas capacidades”. Ele fala ainda sobre os desafios da tecnologia, embora se considere “um tecno-otimista”.
No último livro, dos dez que já publicou, Marcus du Sautoy trata justamente sobre os segredos de alguns dos melhores jogos da história, como “Pedra, papel, tesoura” ou Banco Imobiliário, e sua relação com os números. Em “A volta ao mundo em 80 jogos” (sem edição brasileira) ele sustenta que esses hobbies proporcionaram as primeiras oportunidades para uma compreensão profunda do mundo, e como a matemática e os jogos são essenciais para a psicologia e a cultura humanas.
Ao falar sobre Inteligência Artificial, o matemático explica que temos uma enorme quantidade de informação que dificulta a navegação pela internet. Já a IA, em sua opinião, pode fazê-lo de maneira mais satisfatória. Du Sautoy acredita que, “à medida que progredimos, há uma chance de que ela se torne consciente. Nesse momento poderíamos falar de uma nova espécie”.
Questionado sobre se a matemática é uma profissão no futuro, o professor de Oxford defende que “IA é basicamente algoritmos, então é basicamente matemática. Somos contadores de histórias, e o ChatGPT pode gerar parágrafos, mas ainda não consegue escrever uma história realmente boa”. Segundo du Sautoy, é importante que sejam oferecidos cursos não apenas técnicos aos novos estudantes de ciências e matemática, mas deve-se considerar o lado moral e humanístico das implicações da ciência.