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Gmail completa 20 anos e prova que não era ‘pegadinha’

Lançado em 1º de abril de 2004, o correio eletrônico do Google tem 1,8 bilhão de contas ativas ao redor do mundo

[caption id="attachment_38043" align="aligncenter" width="561"] Hoje, o Gmail tem 1,8 bilhão de contas ativas ao redor do mundo.[/caption]   Texto: Estação do Autor com O Globo Edição: Scriptum   Um dos serviços de correio eletrônico mais populares do mundo, o Gmail completou 20 anos na segunda-feira, 1º de abril. Quando lançado, muitos internautas pensaram se tratar de mais uma brincadeira do Google, que costumava fazer falsos lançamentos na data. No entanto, o que parecia ser uma “pegadinha”, dessa vez era verdade. Hoje, o Gmail tem 1,8 bilhão de contas ativas ao redor do mundo. Lançado em 2004, o Gmail se diferenciava dos outros na época pela robustez, agilidade, capacidade de processamento e de armazenamento superior aos serviços disponíveis na época. Na reportagem de Paulo Renato Nepomuceno para O Globo (assinantes) acompanhamos a evolução do serviço de e-mail que, quando lançado disponibilizou apenas mil contas distribuídas para pessoas relevantes do mundo da tecnologia, incluindo a imprensa. Ao contrário de hoje, que oferece 15 gigabytes de armazenamento gratuito, o serviço estreou no “Dia da Mentira” oferecendo apenas 1Gb de memória. Entretanto, a marca já era suficiente para ameaçar seus concorrentes. Os populares Yahoo! e Hotmail, naquele tempo, armazenavam de 30 a 60 e-mails em sua caixa de entrada. O então novo serviço do Google disponibilizava espaço para armazenar cerca de 13.500 mensagens, algo extremamente volumoso para a época. A marca era quase 300 vezes maior que a capacidade dos outros serviços. Tanto que o design da página diminuiu o ícone de excluir e-mail, já que, com o maior espaço, essa seria uma tarefa quase nunca necessária. Segundo a plataforma de análises econômicas Statista, em 2019, 26% de todos os e-mails enviados e recebidos por dia no mundo eram realizados na plataforma, representando cerca de 76 bilhões dos 293 bilhões de mensagens enviadas diariamente naquele ano. A previsão é que, em 2024, sejam trocados 361 bilhões de e-mails por dia nos mais diversos serviços de correio eletrônico. Em 2007, o Google passou a permitir que qualquer internauta criasse uma conta no Gmail. O serviço também abriu portas para outros produtos do Google. O Docs, o Drive e a extinta rede social Google+ nasceram como parte integrante do correio eletrônico.

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Desigualdade no acesso a água e esgoto é desafio para universalização

Marco do saneamento é virada de chave ao estabelecer ações e investimentos necessários para universalizar o serviço, para especialistas

[caption id="attachment_38034" align="aligncenter" width="560"] Ainda há 1,2 milhão de brasileiros que vivem em 367 mil lares sem banheiro[/caption]   Texto: Estação do Autor com O Globo Edição: Scriptum   A imensa desigualdade no acesso a serviços básicos de saneamento escancara a disparidade em diferentes regiões do Brasil. A estrutura é melhor nas cidades do Sul e do Sudeste. Por outro lado, a cor da pele também evidencia o contraste. Pretos e pardos, mesmo representando 55% da população, são os 69% dos que vivem sem esgoto adequado, segundo o Censo 2022. Algumas das soluções passam pelo investimento privado e políticas integradas. Reportagem de Carolina Nalin para o jornal O Globo (assinantes) mostra que, em pleno século 21 ainda há 1,2 milhão de brasileiros que vivem em 367 mil lares sem banheiro. Essa parcela da população sequer tem vaso, fossa sanitária no quintal ou acesso a outra forma, mesmo que precária, de coleta de esgoto. Na outra ponta, 5,4 milhões vivem em casas com quatro banheiros ou mais, segundo o Censo 2022. Para Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, a falta tanto do banheiro quanto da coleta e do tratamento de esgoto traz doenças de veiculação hídrica. O acesso a banheiro reduz em 63% a incidência de doenças ginecológicas, por exemplo. Especialistas concordam que o marco do saneamento representa uma virada de chave ao estabelecer ações e investimentos necessários para universalizar o serviço. Porém, defendem que os aportes devem vir acompanhados de soluções integradas. “As soluções de saneamento têm que andar junto com uma política habitacional adequada” afirma Luiz Firmino, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV.

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O que as pesquisas apontam para a sucessão em São Paulo

Cientista político Rogério Schmitt falou na reunião semanal da fundação de estudos e formação política do PSD

[caption id="attachment_38030" align="aligncenter" width="560"] Para Rogério Schmitt, o prefeito Ricardo Nunes já se credencia como um player competitivo para enfrentar Guilherme Boulos[/caption]     Redação Scriptum   O cientista político Rogério Schmitt, colaborador do Espaço Democrático, fez uma análise das pesquisas eleitorais para a sucessão no município de São Paulo na reunião desta terça-feira (26) da fundação para estudos e formação política do PSD. Uma das conclusões que ele apresentou é que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição, conseguiu superar a principal barreira que enfrentava – a do pouco conhecimento público – e já se credencia como um player competitivo para enfrentar Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à prefeitura da maior cidade do País. Schmitt apontou também que a aprovação do atual prefeito, com dois anos e dez meses de governo – ele assumiu o lugar de Bruno Covas (PSDB), que morreu em 16 de maio de 2021, vítima de câncer no aparelho digestivo – vem crescendo de maneira consistente nos últimos meses. Ele mostrou duas pesquisas recentes. A primeira delas do DataFolha, dos dias 7 e 8 deste mês, que detecta a evolução consistente da aprovação do governo do prefeito. De abril de 2022 a março de 2024, a avaliação de ótimo e bom da administração de Nunes subiu de 12% para 29%. No mesmo período, a avaliação regular manteve-se praticamente estável (46% a 43%) e a de ruim e péssimo caiu de 30% para 24%. A outra sondagem mostrada pelo cientista político, que segundo ele confirma o cenário de evolução de sua pré-candidatura à reeleição, foi feita pela Paraná Pesquisas entre 13 e 18 também deste mês de março. Nela, o eleitor é perguntado se aprova ou desaprova a gestão de Nunes. A aprovação, que em dezembro do ano passado era de 55,3%, passou para 59,4% apenas três meses depois. A desaprovação, que era de 41,1%, agora caiu para 36,4%. Schmitt destacou que a forma de avaliação da sondagem da Paraná Pesquisas é um preditor mais robusto das chances de reeleição de um governante. Ele citou um trabalho feito pela Ipsos Public Affairs, importante empresa de pesquisa de mercado, que estudou mais de 400 eleições nos últimos 30 anos. Concluiu que governantes cuja aprovação esteja acima de 40% seis meses antes da eleição saem vitoriosos em 58% das vezes. Se a aprovação é de 45%, a chance vai para 78%, e se está em 50%, sobe para 90%. “Há uma correlação forte entre a taxa de aprovação e as chances de reeleição”, disse. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático e assistiram à exposição de Rogério Schmitt os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, o sociólogo Tulio Kahn, o cientista político Rubens Figueiredo e os jornalistas Sérgio Rondino e Eduardo Mattos.

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Camões, 500 anos

Escritor e jurista José Paulo Cavalcanti Filho lembra os cinco séculos de nascimento de Luís Vaz de Camões, um dos maiores nomes da literatura lusófana

José Paulo Cavalcanti Filho, jurista e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras

Edição Scriptum

 

Luís Vaz de Camões veio da pequena nobreza – assim se dizia, na época, dos nobres sem casas nem títulos em Portugal. Desde jovem, passava dias e noites pelas ruas entre pedintes, arruaceiros, prostitutas, desvalidos. Ou nas tabernas. E escrevendo versos, quando possível, às vezes em troca de gorjeta. Ou comida.

Era conhecido, pelas incontáveis rixas em que se metia, como Trinca-Fortes. Em uma delas, na noite da procissão de Corpus-Christigolpeou com espada o pescoço de Gonçalo Borgescárrego (responsável) dos arreios do rei. Acabou preso no tronco. Libertado por Carta Régia de Perdão, em 7 de março de 1553, teve que pagar quatro mil réis para caridade e foi obrigado a ir servir na Índia. Seria mudança definitiva, em sua vida. Um destino jamais sonhado por seus pais – Simão Vaz de Camões, capitão de nau, e Ana de Sá, dos Macedo de Santarém, doméstica.

Em torno dele, quase tudo é incerto. Sabe-se, dos serviços que prestou na armada portuguesa, que nasceu em Lisboa – ou Coimbra, ou Santarém, ou Alenquer. Talvez em 1523 ou, mais provavelmente, em 1524 (havendo ainda que sugira começos de 1525). Tendo a lei portuguesa 1540, de 2 de fevereiro de 1924, definido que teria sido em 5 de fevereiro de 1524, agora completando essa data de 500 anos. Estudou em Coimbra, entre 1542 e 1545, com o tio dom Bento de Camões, prior do Convento de Santa Cruz. Até que voltou para Lisboa. Mas a carreira das armas, logo percebeu, era mesmo das poucas opções que lhe restavam.

Para cumprir aquela sentença de perdão embarcou pouco dias depois, em 24 de março, na poderosa armada do capitão-mor Fernão Álvares Cabral. Para Goa (Índia). Ali, naquele mundo para ele novo, sofreu todas as agruras. Em expedição a Ceuta, perdeu o olho direito numa batalha. Em 1558, naufragou na foz do rio Mekong – costa do Sião (hoje, Tailândia). Salvou-se despido, como todos os demais sobreviventes, tendo em uma das mãos os primeiros versos de seu Os Lusíadas. Nesse episódio teria morrido uma chinesa, a quem Camões deu o nome poético de Dinamene, e para quem depois escreveria uma série de poemas, entre eles o famoso Soneto 48:

Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subsiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te Alguma cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou.

 

Foi Provedor dos defuntos nas partes da China, desempenhando suas funções com não muita lisura, é de justiça reconhecer. E, vez por outra, frequentaria prisões. Por dívidas. Ou rixas. Como dizia o próprio Camões, “Erros meus, má fortuna, amor ardente/ Em minha perdição se conjuraram”. Mas, sobretudo, nunca parou de escrever.

Em 1570, afinal, estava novamente de volta a Lisboa. Com as carências financeiras de sempre. Segundo se conta, sobreviveu durante algum tempo graças ao fiel Jau, trazido das Molucas. Esse escravo esmolava, de noite, pedindo pão para seu mestre. Importante é que Os Lusíadas avançava. Sob o patrocínio de d. Manuel de Portugal, devotou-se então à sagração de seu país – naquela que é considerada, consensualmente, a mais bela epopéia do século XVI.

edição princeps – assim se diz das primeiras edições de um livro – foi impressa na tipografia de António Gonçalves, em Lisboa, no ano de 1572. Com privilégio real de impressão por 10 anos e publicada com um benévolo (e corajoso) parecer censório de frei Bartolomeu Ferreira, sem data. Terá tido também licença da Mesa Inquisitorial – que, todavia, não foi impressa. O aparato paratextual é simples, 8.816 versos e 1.102 estrofes divididas em 10 cantos. Utilizando a divisão da divina Comédia, de Dante – que assim tem, como cantos, seus 100 livros. Há, hoje, cerca de 25 exemplares ainda existentes, em bibliotecas ou nas mãos de colecionadores. Talvez menos que 10 completos.

Até fins do século XIX, se acreditava ter havido duas edições princeps. Um mito devido a Manuel Faria e Souza – que (em 1639), ao comentar Os Lusíadas, confrontou dois volumes daquele mesmo ano de 1572; e verificou haver, neles, pequenas diferenças. Depois se comprovando terem sido bem mais que duas. Restando hoje assente que assim ocorreu pelo desejo de Camões, ou seu editor, em corrigir pequenas incorreções das impressões anteriores. Dando-se que, em alguns casos, foram sendo aproveitados conjuntos de páginas já impressas, antes, e não utilizadas. Fazendo-se, as correções, nas novas páginas impressas. Uma explicação que só se pode compreender pelos rudimentares sistemas de impressão daquela época.

Apesar de numerosos indicativos dessa edição princeps na comparação com as demais, e curiosamente, o que a identifica é um pelicano, à primeira página, com o bico virado para a esquerda do leitor. Além do pelicano, também um detalhe no terceiro verso da primeira estrofe, que começa por “E entre”; enquanto, nas versões corrigidas, começa por “Entre”. Essas edições de 1572 tornaram-se conhecidas, por isso, como “Ee” e “E”.

Camões tinha com ele, ao morrer, aquela que acabou tida como a primeira edição autêntica, deixada ao frei Joseph Índio, que o acompanhava num hospital de Lisboa. Esse volume é conhecido como Holland House – por ter estado em casa do general Lord Holland, em Londres, a partir de 1812 e por mais de cem anos.

Outra edição famosa, em Portugal, é a segunda ‒ conhecida como dos piscos. Surgida em 1584, dois anos após o fim do prazo do alvará que protegia a primeira (de 1572). Impressa pela tipografia Manuel de Lira, em Lisboa, e com licença do mesmo frei Bartolomeu Ferreira – responsável pela autorização da edição princeps. O nome jocoso dado à edição vem de uma citação, nos Lusíadas (Canto III, 65), sobre a “piscosa Cezimbra”. Sezimbra é uma vila portuguesa no distrito de Setúbal. Abundante em peixes, bom lembrar. Trata-se da primeira edição comentada de Os Lusíadas. Explicando a citação, o comentador, como referência aos pássaros que ali se juntam em passagem para a África, provavelmente se referindo ao Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus Rubecula).

Camões segue a trilha de outras epopéias do passado.  Sobretudo a Eneida, de Virgílio; o que se vê até na comparação dos versos iniciais dos poemas: Canto as armas e o varão, Virgílio; e As armas e os Barões assinalados, Camões. Também Ilíada e a Odisseia, de Homero. Bem como a divina Comédia, de Dante. Além de numerosas epopéias surgidas em Portugal, no mesmo século XVI de Os Lusíadas, mas antes dele – como as de André de ResendeManuel da Costa ou José de Anchieta; e manuscritos que circularam, antes de 1572, como os de António Ferreira e Jerónimo Corte-Real.

Nele temos o passado, com a exaltação das conquistas em que o povo português foi muito além do Mar Tenebroso. O presente, com o lamento pelo abandono das terras africanas por Portugal – de Safim a Azanos, de Azila a Alcácer Cequer; sem contar a ameaça turca, conjurada só na batalha naval de Lepanto, em 7 de outubro de 1571. Mas é sobretudo a antevisão de um futuro grandioso, na linha da Utopia do Quinto Império.

“Para servir-vos, braço às armas feito; Para cantar-vos, mente às Musas dada” (Os Lusíadas, Canto X, 155). Pouco antes, em Desenganos, escreveu “Nascemos para morrer/ Morremos para ter vida/ Em ti morrendo”. Assim foi. Luís Vaz de Camões morreria em 10 de junho de 1580, pouco depois do desastre de Alcácer Quibir – em que desapareceu d. Sebastião, o Desejado, e Portugal passou a ter um rei espanhol. Foi enterrado na igreja de Santa Ana, logo à entrada; e seus restos acabaram transferidos, em 1894, ao mosteiro dos Jerônimos, onde repousam num túmulo esculpido em mármore bem na entrada. Consta que disse, ao morrer, “Ao menos morro com a pátria”.

     

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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