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O engenheiro que se tornou um dos maiores economistas do Brasil

Luiz Alberto Machado faz um tributo a Eugênio Gudin no mês em que se lembra os 139 anos de seu nascimento

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Há 139 anos, no dia 12 de julho, nascia Eugênio Gudin, um engenheiro que se transformou num dos mais importantes economistas do Brasil.

Gudin cursou engenharia civil entre os anos de 1901 e 1905, na escola Politécnica do Rio de Janeiro, e foi como engenheiro que começou sua trajetória profissional na Light & Power Cia., em 1906.

Em sua experiência como engenheiro e executivo, Gudin foi conhecendo e se impacientando cada vez mais com a falta de senso econômico generalizado na forma de administrar os negócios, bem como uma notória falta de planejamento.

Nasceu daí seu interesse pelas Ciências Econômicas, que ele passou a estudar seriamente como autodidata já na década de 1920. Convencido da necessidade de estudar economia, Gudin dedicou-se a isso com o vigor e a dedicação que o caracterizaram por toda a vida.

No livro Eugênio Gudin - Inventário de flores e espinhos (Curitiba, PR: Editora Insight, 2012), os autores Márcio Scalercio e Rodrigo de Almeida afirmam: “O primeiro livro que leu com atenção sobre o assunto intitulava-se The meaning of Money, de Hartley Withers, que foi durante alguns anos editor da revista inglesa The Economist. Logo em seguida, atacou os clássicos com Adam Smith e David Ricardo. Submergiu na leitura de Alfred Marshall, voltando à tona saboreando artigos e revistas de economistas ingleses, americanos e as obras de John Stuart Mill. Apaixonou-se também pelos trabalhos do economista sueco Johan Knut Wicksell. Quando já idoso, gostava de dizer que: “Se eu não estivesse aqui preso com essa bengala, eu me levantaria, porque não se pronuncia o nome de Wicksell sentado”.

Um fator que fez com que o interesse de Gudin pela economia se tornasse cada vez maior e mais conhecido foi decorrência da amizade que ele teve com Assis Chateaubriand durante o período que viveu em Recife. Em 1924, aceitou o convite do amigo para escrever artigos sobre economia em O Jornal, periódico carioca que Chateaubriand acabara de adquirir. Iniciou-se assim outra faceta de sua trajetória profissional, que o acompanhou pelo resto de sua vida. Depois de escrever para diversos órgãos da imprensa, foi como articulista de O Globo que encerrou essa atividade, tendo seu último artigo publicado no dia 6 de março de 1986, poucos meses antes de completar 100 anos.

Como economista relevante na área pública, limito-me a citar apenas duas das contribuições de Gudin. Em 1944, foi escolhido delegado brasileiro na Conferência Monetária Internacional realizada em Bretton Woods, nos Estados Unidos, na qual foi decidida a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

Nos sete meses em que atuou como ministro da Fazenda do governo Café Filho, entre setembro de 1954 e abril de 1955, promoveu uma política de estabilização econômica de caráter liberal, baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no País, e que seria amplamente usada no governo de Juscelino Kubitschek.

A par de sua importância em funções públicas de relevo, Gudin contribuiu também para o aperfeiçoamento do estudo de economia no Brasil. Em 1937, integrou o grupo que formou a Sociedade Brasileira de Economia, entidade que tinha por propósito maior influir em prol da criação de uma escola para o ensino das ciências econômicas na capital da República. No ano seguinte, foi fundada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, cujo primeiro diretor foi Temístocles Brandão Cavalcanti. Gudin, então, apresentou sua candidatura para o concurso da cátedra de Moeda e Crédito. Foi aprovado, iniciando assim sua carreira de professor universitário. Anos mais tarde, a faculdade foi incorporada à Universidade do Brasil – depois Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1941, enviou um documento ao ministro da Educação, Gustavo Capanema, com um projeto de Programa de Curso Superior de Ciências Econômicas, organizado em colaboração com o professor Maurice Byé e com Octávio Gouvêa de Bulhões. Em 1944, Gustavo Capanema designou Gudin para redigir o projeto de lei que institucionalizou o curso de economia no Brasil.

Quem acompanhou a evolução dos programas dos cursos de Ciências Econômicas no Brasil reconhece nesse projeto a base da grade curricular que prevaleceu até a reforma curricular decorrente do Parecer nº 375/84 e da Resolução Nº 11, de 26/6/84 do Conselho Federal de Educação, que estabeleceu o Novo Currículo Mínimo de Ciências Econômicas adotado em todos os cursos do Brasil a partir de 1985 e que sofreu pequenas alterações em 1997, quando foram definidas as atuais Diretrizes Curriculares.

Gudin tem ainda duas outras contribuições relevantes para o ensino de economia no Brasil. Uma delas aparece na forma de livro. Princípios de Economia Monetária, em dois volumes, de sua autoria (Rio de Janeiro: Agir, 1974), constituiu-se por longo período na bibliografia básica da disciplina Moeda e Crédito, depois chamada de Moedas e Bancos e, posteriormente, Economia Monetária. Outra contribuição significativa decorre de seus vínculos com a Fundação Getúlio Vargas, que foi criada em 1944. Gudin tomou a iniciativa de tentar convencer seu primeiro presidente, Luiz Simões Lopes, a patrocinar a formação de um núcleo de economia na nova instituição. Foi o passo inicial para a gloriosa trajetória da Escola de Economia e do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), que vêm formando gerações de bons economistas e prestando relevantes serviços na área da pesquisa econômica no Brasil.

Não gostaria de concluir este artigo sem mencionar dois episódios em que estive pessoalmente envolvido e que, além de me aproximarem de Eugênio Gudin, serviram para ratificar sua importância.

Na década de 1970, os estudantes da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas da Universidade Mackenzie decidiram alterar o nome de seu diretório acadêmico, que até então se chamava Diretório Acadêmico Economia e Administração Mackenzie. Após alguma discussão, em que diversos nomes foram cogitados, a escolha recaiu sobre Eugênio Gudin, de tal forma que passaria a se chamar Diretório Acadêmico Eugênio Gudin, denominação que permanece até os dias de hoje.

Para celebrar o fato, os estudantes resolveram promover uma aula magna com a presença do novo patrono de seu Diretório Acadêmico. Data definida e convite aceito, os integrantes do D. A. decidiram convidar para moderar a palestra o mais conhecido comentarista econômico da época, o jornalista Joelmir Betting, com o qual eu costumava me encontrar nas manhãs de domingo, nos rachas do Esporte Clube Pinheiros − Joelmir jogando vôlei e eu basquete. Fui incumbido, por essa razão, de fazer o convite.

No primeiro contato, Joelmir Betting respondeu que tinha disponibilidade na data e que sua presença implicaria no pagamento de um determinado cachê. Em contato pessoal, expliquei que o evento tinha como principal nome o de Eugênio Gudin, que aceitara participar sem cobrar nada. Ao saber que Eugênio Gudin estaria presente, Joelmir Betting prontamente alterou sua resposta, dizendo que seria um prazer e uma honra participar de um evento com o velho economista.

O outro episódio ocorreu em 2001, ano em que se comemorava o cinquentenário da regulamentação da profissão de economista. A Lei nº 1.411, que dispõe sobre a profissão de economista, foi sancionada pelo presidente da República no dia 13 de agosto de 1951.

Para celebrar a passagem da data, o Conselho Regional de Economia de São Paulo, então presidido por mim, decidiu escolher os dez maiores economistas dos primeiros 50 anos da profissão de economista no Brasil. A escolha ocorreu por meio de votação à qual estavam habilitados todos os economistas inscritos na entidade. Eugênio Gudin foi o economista mais velho a ser eleito. Os outros foram (em ordem alfabética): Affonso Celso Pastore, Antônio Delfim Netto, Armínio Fraga, Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Mário Henrique Simonsen, Octávio Gouvêa de Bulhões, Paul Singer e Roberto Campos.

Encerro com a convicção de que Eugênio Gudin, falecido aos 100 anos em 24 de outubro de 1986, viveu intensamente, desfrutando de suas grandes paixões: o Brasil − “sempre fui chifrado, corneado por uma mulher chamada Brasil” −, o Rio de Janeiro, a França e, particularmente Paris, a família, os vinhos, as mulheres e as flores.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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A demora para renovar o mundo do trabalho

Para Ricardo Patah, estamos acostumados a pensar no futuro como algo que virá num momento distante, mas o futuro é agora

Ricardo Patahpresidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e coordenador do PSD Movimentos

Edição Scriptum

 

Somos empilhadores de processos. A reforma tributária é um exemplo clássico. Esse bicho-papão, de mil cabeças, ronda todos os governos há mais de 30 anos.

Agora empurra-se com a barriga a portaria 3.665/2023, que trata do trabalho nos 13 feriados anuais dos comerciários. Ela já foi prorrogada cinco vezes por pressão dos empresários. Estava prevista para este mês. Se tudo der certo, entra em vigor em março de 2026. O documento é muito importante para os trabalhadores de comércio e serviços.

Hoje, a forma de trabalho nos feriados é pilotada pelos empresários. Pela portaria, passa a ser negociada pelos sindicatos e entra em convenção coletiva.

É um belo salto das entidades dos trabalhadores, que passam a ter mais força na negociação e permitem a seus filiados programar sua vida. A nova lei possibilita aos sindicatos terem um papel relevante na definição das regras. A portaria permite combater eventuais fraudes e garante condições mínimas para os trabalhadores, uma vez que o trabalho em feriado vai na contramão dos interesses de milhares de trabalhadores no comércio que querem mais lazer.

Por causa disso, estamos focados em lutar para resolver outro grande sufoco dos trabalhadores, que é a jornada 6 x 1 (seis dias de trabalho e um dia de folga), esquema implantado por Getúlio Vargas em 1943, quando a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi publicada.

Os trabalhadores quase não têm descanso, não encontram tempo para o lazer, não conseguem estudar para se manter atualizados e mal encontram suas famílias. O único dia de descanso, quase sempre, é usado é para resolver problemas e se preparar para o retorno, para reiniciar a "maratona".

Na prática, a escala 6 x 1 oficializa um esquema de trabalho análogo à escravidão e atinge, pelo menos, 10 milhões de trabalhadores do comércio em todo o Brasil. Isso em pleno século 21, quando a tecnologia invade todos os setores da economia através da Inteligência Artificial (IA), inovação que promete revolucionar o mundo, com consequências ainda imprevisíveis.

Não resta a menor dúvida de que é preciso discutir seus efeitos e propor adaptações que melhorem as condições de vida dos trabalhadores. Com certeza, a redução da jornada é uma dessas exigências.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tem um projeto, já em debate no Congresso, para diminuir a jornada para a escala 4 x 3 (quatro dias de trabalho e três de folga). Nos setores de comércio e serviços, esse esquema não tem condições de funcionamento. Mas o 5 x 2 seria viável. E fundamental.

O trabalhador teria tempo para se preparar, com qualificação e requalificação, uma vez que a tecnologia vai estabelecer que o profissional do futuro seja um eterno aprendiz. As rápidas demandas no mercado de trabalho exigirão uma mentalidade de aprendizado contínuo, disposição para desaprender o que já sabemos e reaprendê-lo de novas maneiras.

A UGT (União Geral dos Trabalhadores) e os comerciários percebemos que estamos no olho do furacão e precisamos de reformas já. Estamos acostumados a pensar no futuro como algo que virá num momento distante. Mas esse tempo já chegou. O futuro é agora.

 

Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo em 14 de julho de 2025.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Os caminhos para o Brasil após o tarifaço de Trump

O economista Lucas Ferraz analisa, em reunião com consultores e colaboradores do Espaço Democrático, as oportunidades da nova geopolítica global

Redação Scriptum O brutal aumento de tarifas sobre a importação de produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é mais um sinal de alerta para que o Brasil encare com seriedade o cenário de incerteza no comércio global e busque alternativas para continuar se desenvolvendo. A afirmação é do economista Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV e ex-secretário do Comércio Exterior do Brasil, e foi feita durante palestra na reunião semanal dos consultores e colaboradores do Espaço Democrático, a fundação do PSD para estudos e formação política, realizada na segunda-feira (14). Com o tema “Desafios e oportunidades da nova geopolítica global”, Ferraz, que é consultor do Espaço Democrático, tratou dos principais aspectos das últimas décadas de globalização; dos choques recentes que estão afetando a economia global; e do posicionamento estratégico que deve ser adotado pelos países da América Latina. Ferraz falou também sobre as tendências para o futuro, que, segundo ele, devem incluir um crescente protecionismo americano, mesmo após a gestão Trump; a forte influência da geopolítica na alocação dos investimentos globais, com a eficiência produtiva dando lugar à resiliência produtiva; a diversificação de parceiros econômicos como estratégia para mitigação de riscos; menor crescimento a longo prazo da economia global, que será menos produtiva; e um custo de fragmentação que pode alcançar 5% do PIB mundial. O economista mostrou-se preocupado com o tom usado por Trump para anunciar a taxação sobre produtos brasileiros. “Trabalho com comércio exterior há 25 anos e nunca vi nada tão absurdo, anunciado de forma tão grosseira”, disse. Para ele, é difícil compreender porque o Brasil entrou no radar do presidente norte-americano de forma tão violenta. “Não somos um parceiro relevante para os EUA e se, de fato, Trump foi levado a isso nos últimos três meses com base em informações de um deputado brasileiro licenciado, o que fez nesse tempo o corpo diplomático brasileiro em Washington para não deixar colar essa narrativa?” Em sua opinião, no que se refere à taxação das exportações brasileiras para os Estados Unidos, cabe agora ao governo federal negociar com frieza. “Num mundo absurdo, qual é a melhor atitude a ser adotada pelo Brasil? Para mim, é negociar com pragmatismo e deixar a ideologia fora desse debate”. Ferraz, contudo, manifestou algum otimismo com a possibilidade de a incerteza provocada por Trump aumentar as oportunidades de acordos setoriais, como vem ocorrendo no caso das conversas entre Mercosul e União Europeia. “O apetite por novas negociações comerciais vem crescendo e o Mercosul pode se beneficiar, mas o bloco carece de dinamismo”, disse, lembrando que “o Brasil, que representa 80% do PIB do bloco, perdeu sua autonomia para parceiros que representam 6% das suas trocas comerciais. Além disso, não há uma estratégia clara de inserção internacional”. De acordo com ele, o posicionamento estratégico do Brasil e países latino-americanos no cenário global atual deve considerar a necessidade de buscar pragmatismo em relações econômicas e políticas e manter a equidistância entre EUA e China, focando em políticas públicas que promovam suas vantagens comparativas em commodities agrícolas, minerais e energéticas, que trazem a oportunidade para reindustrialização verde e sustentável.   [caption id="attachment_40044" align="aligncenter" width="560"] Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático[/caption]   Participantes Após a palestra, Lucas Ferraz debateu o tema com os consultores do Espaço Democrático, que levaram questões sobre o papel da diplomacia brasileira frente às ameaças de Trump e o peso das questões políticas no caso, considerando o papel do Brasil no grupo BRICS. Participaram da reunião, coordenada pelo jornalista Sérgio Rondino, a secretária nacional do Espaço Democrático e do PSD Mulher Ivani Boscolo, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os gestores públicos Mário Pardini, Januario Montone e José Luiz Portella, o ambientalista e ex-deputado federal constituinte Eduardo Jorge, o advogado Roberto Ordine, e o jornalista Marcos Garcia de Oliveira.

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‘O aiatolá está a poucos passos da Cracolândia’

Em reunião do Espaço Democrático, o especialista em Relações Internacionais Alberto Pfeifer alerta sobre a ameaça do crime transnacional

    Redação Scriptum A grande ameaça externa enfrentada pelo Brasil é o crime organizado transnacional, que atravessa fronteiras e se aproveita da inoperância das forças de segurança para buscar espaço e poder cada vez maiores. O alerta foi feito na segunda-feira (7) pelo coordenador-geral do grupo de análise em estratégia internacional da USP Alberto Pfeifer em palestra na reunião semanal dos consultores do Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política. Tendo por tema a segurança no mundo, ele assegurou em sua palestra que os conflitos hoje vividos no Oriente Médio têm impacto direto no Brasil. “O aiatolá está a poucos passos da Cracolândia”, afirmou, ao lembrar que o Irã, por exemplo, em sua estratégia para levar adiante seus objetivos políticos e bélicos, recorre a organizações criminosas para financiar atividades terroristas e investir em defesa. Logo, afirmou, há conexão direta entre o que acontece no Oriente Médio e na expansão do crime transnacional que hoje acontece em todo o mundo e especialmente no Brasil. “É do interesse do nosso País contribuir para iniciativas de enfrentamento do crime organizado em todo o mundo”, disse, lembrando porém que não temos atualmente presença internacional para influir politicamente no combate às organizações criminosas. Para ele, o País não chega nem mesmo a ser uma potência média regional. Em sua opinião, o Brasil tem potencial para isso, mas ainda não conseguiu se colocar como um interlocutor de peso para o debate dos grandes temas mundiais. “Este ano vamos sediar a COP30, mas ainda não apresentamos uma posição consolidada no debate ambiental global”, disse, ressaltando que isso acontece apesar de o País tem grandes ativos nessa área, como a Amazônia, a maior reserva de água doce do mundo, uma agricultura que está entre as mais sustentáveis do mundo e assim por diante. “Temos também uma avançada tecnologia para a produção de alimentos, experiência muito bem sucedida em vacinação da população, expertise em defesa tropical, na selva, mas ainda não conseguimos mostrar como o potencial tropical pode contribuir para a questão do aquecimento global”, afirmou. Veja abaixo, em vídeo, a segunda parte do encontro.  
  Alberto Pfeifer, que foi diretor de Projetos Especiais e de Assuntos Internacionais Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (2017-2018), destacou em sua palestra a importância da reunião do Mercosul realizada na semana passada na Argentina. “A declaração final do encontro teve 12 tópicos, sendo que oito deles versam sobre o combate ao crime organizado, mostrando a importância do problema para os países-membros. Esse flagelo que afeta o Brasil é a conexão internacional do País, está no centro das preocupações do Mercosul e é também um dos focos da administração dos EUA, que quer transformar facções como o PCC em organizações terroristas. Se não tratarmos dessa questão, nosso legado será o fortalecimento do crime transnacional”, concluiu. Na palestra, Pfeifer fez também uma análise do atual cenário geopolítico mundial, destacando que a posse do presidente norte-americano Donald Trump em seu segundo mandato vem provocando mudanças expressivas, com os EUA deixando claro sua disposição de garantir a hegemonia no continente americano, respeitando os espaços já ocupados pela Rússia e China em suas áreas. “Com isso, a Europa fica em segundo plano e deve ser obrigada a concentrar recursos em sua própria defesa, o que pode trazer avanços tecnológicos e de produtividade”. O especialista alertou ainda que a islamização da população europeia, a partir da imigração, é um fator que precisa ser considerado a médio e longo prazo.   [caption id="attachment_40023" align="aligncenter" width="560"] Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático[/caption]   Participantes Após a palestra de Alberto Pfeifer, o combate às organizações criminosas foi discutido também pelos consultores do Espaço Democrático, que destacaram, por exemplo, a falta de coordenação e de troca de informações entre as diversas áreas da segurança pública como uma dos obstáculos enfrentados pelo Brasil para atuar efetivamente contra o crime organizado. Participaram da reunião, coordenada pelo jornalista Sérgio Rondino, o coordenador de Relações Institucionais da fundação, Vilmar Rocha, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os gestores públicos Mário Pardini e Januario Montone, o ambientalista e ex-deputado federal constituinte Eduardo Jorge, o advogado Roberto Ordine, o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, e o jornalista Marcos Garcia de Oliveira.

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