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‘Drogas não são o maior problema da segurança pública’

Em debate na fundação Espaço Democrático, o coronel José Vicente diz que a gestão deficiente do aparato policial é a principal causa dos problemas enfrentados na área

  [caption id="attachment_36936" align="aligncenter" width="560"] O coronel José Vicente: experiência no Brasil e no mundo já comprovou que há formas de aumentar a segurança sem a necessidade de repressão policial[/caption]     Redação Scriptum   A segurança pública é uma tragédia no País e as drogas não são o principal problema. A afirmação é de um dos maiores especialistas brasileiros na área, José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública. Ele participou na terça-feira (8) da reunião semanal dos consultores do Espaço Democrático - fundação do PSD para estudos e formação política - e debateu com os participantes o tema “Criminalidade e a atuação da polícia brasileira”. Citando números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (veja mais sobre o assunto aqui), ele destacou que o grande problema no Brasil é a “péssima gestão” da área de segurança na maioria dos Estados. “Não é falta de gasto ou de estrutura, temos um problema dramático de gestão”, afirmou, lembrando que as estatísticas mostram uma grande discrepância nos registros de violência nos diversos Estados. “No Norte e no Nordeste, vemos uma impressionante deterioração da segurança pública, enquanto nas regiões Sul e Sudeste, com exceção do Rio de Janeiro, os índices de violência estão próximos ou melhores do que os de países do Primeiro Mundo”, disse o coronel José Vicente. Lembrou como exemplo os Estados da Bahia, onde o número de mortes violentas supera os 40 homicídios por 100 mil habitantes, e São Paulo, onde ocorrem a cada ano 10 mortes ou menos por 100 mil habitantes. Ouça o podcast sobre o encontro.

Para ele, a assimetria decorre do grau de qualificação dos policiais e da gestão da estrutura de segurança pública. “Em São Paulo, temos um sistema de formação que é destaque em todo o mundo e a ascensão na carreira se dá pela qualificação do profissional; no Rio de Janeiro, o critério para isso é tempo de serviço. O resultado é que, sem qualificação, o policial atira na própria sombra”. Em sua palestra, o especialista também disse discordar da afirmação de que o grande problema da segurança pública no País seja o tráfico de drogas ou a disputa de facções criminosas por territórios. Segundo ele, isso é demonstrado pelo fato de que Estados como São Paulo e Santa Catarina, que concentram grande parte do mercado consumidor de drogas, se destacaram pela redução dos índices de homicídios. “Facções como o PCC têm interferência em algumas áreas, mas não de maneira relevante para explicar o problema”, disse. Para ele, é possível que, no Rio de Janeiro, o tráfico tenha influência nos índices de violência, mas as deficiências das forças de segurança têm relevância muito maior. “Além da corrupção, há falta de padrão de atuação, treinamento precário e carência de supervisão (item visto como essencial a esse trabalho em todo o mundo)”, relata, lembrando ainda que, no Estado, já se mostrou que apenas 49% do efetivo da PM está no policiamento e, na Polícia Civil, apenas um terço está nas delegacias. “Com tudo isso, em São Paulo temos uma morte a cada 527 prisões pela Polícia Militar. No Rio, ocorre uma morte a cada 29 prisões”, contou. No debate com os consultores do Espaço Democrático, o coronel José Vicente destacou a importância do investimento em segurança pública, lembrando que esse é um fator essencial para o desenvolvimento econômico e social do País. Citou estudos de especialistas norte-americanos mostrando que um ambiente violento prejudica o desenvolvimento intelectual das crianças e que a eventual redução dos índices de criminalidade contribui para melhorar a capacidade de evolução da população. “A violência poda o futuro das crianças”, afirmou. Ele também defendeu a necessidade de políticas públicas socioeconômicas voltadas para a segurança. Segundo ele, a experiência no Brasil e no mundo já comprovou que há formas de aumentar a segurança sem a necessidade de repressão policial. “Um bom trabalho urbanístico pode mexer com o comportamento das pessoas. Quando é possível iluminar e atrair mais gente para um determinado local, se inibe a ação dos criminosos. Mais olhos e mais luz aumentam os riscos de quem pretende cometer um crime”, afirmou.   [caption id="attachment_36937" align="aligncenter" width="560"] Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático[/caption]   Presenças Participaram da reunião desta semana os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o superintendente da fundação Espaço Democrático, João Francisco Aprá, o gestor público Januario Montone, a secretária nacional do PSD Mulher Ivani Boscolo, Hélio Michelini, advogado e empresário, e os jornalistas Marcos Garcia e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da Fundação Espaço Democrático.

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Brasil precisa de políticas públicas para enfrentar o Alzheimer

Neurologista Fabiano Moulin de Moraes diz que o tratamento para a doença que atinge cerca de dois milhões de brasileiros é a prevenção

  Redação Scriptum   Estima-se que o Brasil tem hoje uma população de quase dois milhões de pessoas com Alzheimer, doença neurodegenerativa que afeta progressivamente a memória e compromete a tomada de decisões básicas. Com o rápido envelhecimento da população, identificado por meio dos primeiros números do Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – as pessoas com mais de 60 anos já são 31,2 milhões – a tendência é que, em poucos anos, entre quatro e cinco milhões serão afetados pela doença. Apesar da grave perspectiva indicada pela estatística, o País não tem políticas públicas de prevenção, conforme aponta o neurologista e doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Fabiano Moulin de Moraes em entrevista para o programa Diálogos do Espaço Democrático, produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD. “O tratamento é a prevenção; e o que previne o Alzheimer também previne muitas outras doenças que tornam os últimos 20, 30 anos de vida do brasileiro muito difíceis”, diz ele, lembrando que “há duas métricas distintas para avaliar o envelhecimento: quanto a pessoa vive e quanto ela vive com qualidade”. Especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, Moulin de Moraes destaca que a melhor forma de enfrentar o Alzheimer não é por meio das drogas de última geração que vêm sendo anunciadas, todas elas muito caras e de resultado bastante limitado. Estratégias integradas podem ser adotadas como políticas públicas, como o controle das chamadas doenças silenciosas, a hipertensão arterial, o colesterol e os triglicerídeos altos, a diabetes. “O tratamento está aí: é a atividade física, a alimentação adequada”, diz, destacando que o poder público pode atuar também em outras frentes. “Neste momento em que estamos discutindo a reforma tributária, por que não aumentar os impostos dos alimentos que oferecem risco à saúde, o fast food e o sal, por exemplo, que favorecem o desenvolvimento de todas essas doenças e também do Alzheimer?”, sugere. Outra proposta dele está na área da educação. Defende que já no ensino fundamental as crianças comecem a receber informações que permitam ter uma qualidade de vida melhor quando chegarem à idade adulta. Ele destaca que o risco genético em relação à doença existe, mas é maior nos casos em que dois parentes de primeiro grau foram vítimas. “E não é só pela genética; o meu risco aumenta porque compartilhei com eles inclusive os hábitos que levam à doença”, afirma. “A minha sugestão é transformar preocupação em ação: se você se preocupa porque teve um familiar conhecido com a doença, não se apresse em fazer, obrigatoriamente, ressonância magnética ou o último teste genético, se preocupe em comer bem, em fazer atividade física regular, em cuidar das doenças silenciosas”. Moulin de Moraes falou também sobre as pesquisas sobre a doença. Segundo ele, os medicamentos de última geração que foram anunciados este ano não tiveram resultados clinicamente significativos. “Entre 15% e 20% dos pacientes submetidos ao tratamento tiveram inflamação no cérebro, o que fez o estado de saúde deles declinar mais rapidamente do que sem o tratamento”, contou. Para ele, o Brasil tem uma posição privilegiada para fazer a prevenção por meio do SUS. “O País tem a maior possibilidade de prevenção do mundo, o que revela como a população envelhece mal atualmente”. O neurologista Fabiano Moulin de Moraes foi entrevistado pelo gestor público e consultor na área de saúde Januario Montone, pelos cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo e pelo jornalista Sérgio Rondino, âncora do programa de entrevistas. Participaram também da reunião semanal da fundação, na qual foi gravado o Diálogos no Espaço Democrático, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, o sociólogo Tulio Kahn e o jornalista Eduardo Mattos.

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