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O fraco desempenho da América Latina e Caribe, segundo o Banco Mundial
Economista Luiz Alberto Machado analisa as previsões de crescimento para a região: destaques para o Panamá e a Guiana
Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum À medida que nos aproximamos do final do ano, crescem as expectativas - sobretudo das crianças - pelas festas natalinas e surgem diversas previsões a respeito do crescimento futuro da economia. Insistindo para o fato de que previsões não passam de... previsões, sendo, por isso mesmo, sujeitas a maior ou menor margem de erro, vou basear este artigo às projeções do Banco Mundial para o desempenho da América Latina e do Caribe considerando os anos de 2022, 2023 e 2024. Como o Relatório Econômico da América Latina e o Caribe foi divulgado no dia 4 de abril de 2023, tomou por base os números já conhecidos relativos a 2022 (na maior parte dos países) e fez previsões para os dois anos seguintes. De acordo com e referido relatório, o crescimento médio na economia da América Latina e do Caribe será de 1,4% em 2023, o mais baixo globalmente entre as áreas estudadas pelo banco internacional. Já a inflação média – excluindo a Argentina e a Venezuela – deverá ser de 5% neste ano, depois de atingir 7,9% em 2022. Como o relatório abrange todos os países da América Latina e do Caribe, selecionei na tabela abaixo alguns países que me parecem dignos de análise especial, feita por meio de comentários posteriores.
Projeções de crescimento da América Latina e Caribe por países, em comparação com o ano anterior (em %)

Projeções de crescimento da América Latina e Caribe por países, em comparação com o ano anterior (em %)
(Países selecionados)

A janela de oportunidade para debater o papel do Judiciário
Rogério Schmitt destaca que a composição do STF só será alterada novamente, depois da confirmação quase certa de Flávio Dino, daqui a mais de 4 anos
Henry Kissinger, pensador a ator das relações internacionais
Luiz Alberto Machado escreve que o secretário de Estado de dois presidentes americanos nos deixa legado de ensinamentos de relações internacionais, segurança e diplomacia
Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum Fazendo uma rápida retrospectiva de minha trajetória profissional, constatei que estive quase integralmente vinculado à vida acadêmica em universidades ou a instituições de produção de ideias, pensamentos ou políticas públicas, os chamados think tanks. No que se refere à vida universitária, embora tenha ministrado aulas no Mackenzie (onde me formei) e nas Faculdades São Judas Tadeu, minha relação maior e mais longa foi com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), onde permaneci por mais de 35 anos. Das inúmeras lembranças que guardo da FAAP, algumas merecem destaque especial: o envolvimento com a criatividade e a economia criativa, e, na Faculdade de Economia, a criação do curso de Relações Internacionais, as missões estudantis e o Fórum FAAP, simulações de reuniões das agências multilaterais organizadas por alunos da Fundação para estudantes de ensino médio em São Paulo e em Ribeirão Preto. Já no que tange aos think tanks, iniciei no Convívio - Sociedade Brasileira de Cultura, passando depois pelo Instituto Liberal, pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, definido por seu fundador, Norman Gall, não apenas como um think tank, mas como um think and do tank, antes de chegar ao Espaço Democrático. Essas rememorações foram provocadas pela notícia do falecimento de Henry Kissinger, aos 100 anos de idade, no dia 29 de novembro último. E por que me recordei dessas passagens? Primeiro porque ao me interessar cada vez mais pela área de relações internacionais em função do curso da FAAP, acabei tomando conhecimento da importância de Kissinger, inicialmente como ator e protagonista do mundo real (realpolitik), como secretário de Estado da nação mais poderosa do mundo. Nessa condição de ator e, por vezes, protagonista, Kissinger passou por diferentes momentos e, embora tenha recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1973, juntamente com o vietnamita Le Duc Tho, está longe de ser considerado uma unanimidade, colecionando, ao longo do tempo, tanto admiradores como severos críticos. Nascido na Alemanha e ocupando as funções de assessor de segurança nacional e secretário de Estado de dois presidentes norte-americanos, Richard Nixon e Gerald Ford (1969-1977), Kissinger esteve diretamente envolvido em alguns dos mais marcantes episódios da segunda metade do século 20, entre os quais a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria, a reaproximação diplomática dos Estados Unidos e da China, a Guerra do Yom Kippur e o apoio às ditaduras latino-americanas, com destaque para as do Chile, da Argentina e do Brasil. Não foi por outra razão que a concessão do Prêmio Nobel da Paz a ele foi amplamente contestada, a ponto de um editorial do jornal The New York Times ter classificado o caso como "Prêmio Nobel da Guerra". A relevância de Kissinger, no entanto, está longe de ter se esgotado com sua saída da secretaria de Estado, estendendo-se por muito tempo tanto no plano real, na condição de consultor que oferecia aconselhamento à elite empresarial mundial e atuando em conselhos de empresas em vários fóruns de política externa e segurança, quanto no plano intelectual, graças à influência de seus livros. Essa influência, aliás, começou antes mesmo de ele se tornar o diplomata mais importante de sua geração, uma vez que o livro baseado em sua tese de doutorado, O mundo restaurado, publicado em 1957, em que ele analisa como Metternich, primeiro-ministro da Áustria-Hungria durante o Congresso de Viena de 1815, procurou restabelecer a ordem política anterior à revolução Francesa e às guerras napoleônicas, teve enorme aceitação em Washington. Posteriormente, seus livros Diplomacia (Saraiva Universitária, 2012) e Liderança: seis estudos sobre estratégia (Objetiva, 2023) transformaram-se em leituras recomendadas a qualquer pessoa interessada em relações internacionais e diplomacia. O mesmo vale para a biografia sobre ele assinada por Walter Issacson (2005). Kissinger, que era fascinado pelo Brasil, esteve no País por diversas vezes. Numa delas, ministrou palestra na FAAP para alunos, professores e convidados especiais. Admirador também de futebol, contribuiu para a ida de Pelé para o Cosmos de Nova York, numa das inúmeras tentativas de popularização da modalidade nos Estados Unidos. Por todas essas razões. Henry Kissinger é um autêntico exemplo de alguém que se notabilizou tanto como pensador como ator. Ainda em plena atividade aos 100 anos, nos deixa legando muitos ensinamentos aos estudiosos de relações internacionais, segurança e diplomacia. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Card link Another linkNúmero de partidos políticos deve chegar ao mesmo nível de 40 anos atrás
Cientista político Rogério Schmitt falou sobre o impacto da cláusula de barreira e o fim das coligações partidárias na reunião semanal do Espaço Democrático
[caption id="attachment_37585" align="aligncenter" width="560"] O cientista político Rogério Schmitt: "Tendência de enxugamento do quadro partidário, na direção de um multipartidarismo moderado, continuará até 2030”[/caption]
Redação Scriptum
É possível que em pouco tempo o número de partidos políticos brasileiros representados no Congresso Nacional chegue a níveis próximos de 40 anos atrás, última eleição antes do restabelecimento da democracia plena no País, quando cinco agremiações tiveram parlamentares eleitos para o Congresso Nacional.
O fenômeno da redução da fragmentação partidária é reflexo direto da chamada cláusula de barreira, adotada a partir das eleições gerais de 2018, e da proibição das coligações partidárias em eleições proporcionais, em vigor desde 2020, conforme mostrou nesta terça-feira (5), durante reunião semanal dos consultores e colaboradores do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – o cientista político Rogério Schmitt. “A tendência de enxugamento do quadro partidário, na direção de um multipartidarismo moderado, continuará até 2030”, afirmou ele.
“O Brasil chegou a ser o campeão mundial da fragmentação partidária”, apontou ele ao lembrar que nas eleições de 2014, última antes da vigência da Emenda Constitucional 97, que instituiu as duas mudanças na legislação, o País elegeu representantes de 28 partidos para a Câmara Federal. A cláusula de barreira restringe o acesso ao fundo partidário e à propaganda eleitoral gratuita aos partidos políticos que não atinjam metas nacionais mínimas de desempenho eleitoral na disputa de cadeiras para a Câmara. A proibição das coligações partidárias reduz a fragmentação partidária e garante maior proporcionalidade na representação. “As coligações tornavam quase inócuos os quocientes eleitorais estaduais, que funcionam como “mini” cláusulas de barreira”, apontou Schmitt.
O impacto das duas medidas logo na primeira eleição em que passaram a vigorar, em 2018, foi imediato. Nada menos que 30 partidos elegeram parlamentares para a Câmara, mas apenas 21 deles atingiram a cláusula de barreira. “Os nove que não atingiram a cláusula de barreira naquele ano elegeram 32 deputados federais e oito senadores, mas perderam o direito ao fundo partidário, à propaganda eleitoral gratuita e a representação parlamentar, o que levou nos meses seguintes a várias incorporações, fusões e criação de federações partidárias”, lembrou ele.
Já nas eleições do ano passado, 19 partidos e federações elegeram parlamentares para a Câmara, mas somente 12 conseguiram atingir a cláusula de barreira. Sete agremiações, que elegeram 28 deputados e um senador foram barrados. Com esses números, o cenário político-partidário brasileiro, que era de 28 agremiações representadas no Congresso em 2014, passou, em 2022, para menos da metade.
Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático e assistiram à exposição de Rogério Schmitt o coordenador de Relações Institucionais da fundação, Vilmar Rocha, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, o cientista político Rubens Figueiredo, o sociólogo Tulio Kahn, o gestor público Januario Montone e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.