Pesquisar
Taxonomy - Manchete secundária
Brasil tem 119 povos em isolamento, diz novo livro do Cimi
Desse total, 37 estão em áreas sem qualquer tipo de proteção, o que os deixa vulneráveis a invasões, exploração ilegal de recursos naturais e conflitos territoriais
[caption id="attachment_39523" align="aligncenter" width="560"] Do total de povos livres, 37 estão em áreas sem qualquer tipo de proteção, o que os deixa vulneráveis a invasões, exploração ilegal de recursos naturais e conflitos territoriais.[/caption]
Texto Estação do Autor com Agência Brasil
Edição Scriptum
No Brasil, há registros de que 119 povos indígenas – também chamados de povos livres – vivem em isolamento voluntário. Destes, 37 estão em áreas sem qualquer tipo de proteção, o que os deixa vulneráveis a invasões, exploração ilegal de recursos naturais e conflitos territoriais. Essa exposição representa uma ameaça não apenas à sua segurança, mas também à preservação de suas culturas, modos de vida e existência.
Diferentemente dos dados que entidades indigenistas produzem regularmente e com mais facilidade, as informações sobre os povos livres exigem um tratamento especial, já que os grupos assim classificados levam esse nome por evitar a convivência com outras pessoas, sejam não indígenas, sejam de outros agrupamentos originários, geralmente devido a atos de violência que eles sofreram. Os dados constam do livro Povos Indígenas Livres/Isolados na Amazônia e Grande Chaco, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e lançado recentemente na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Brasília, conforme mostra a reportagem de Letycia Bond para a Agência Brasil.
Para um dos organizadores do livro, o antropólogo e docente da área na Universidade Federal do Amazonas Lino João de Oliveira Neves, ao não identificar os povos isolados as autoridades expõem sua negligência em relação a eles. O antropólogo ressalta que essa omissão não é exclusividade do Brasil e deixa subentendido que, sem o reconhecimento formal, os governantes evitam responsabilidades, inclusive as constitucionais.
Assim como Neves, que entende o livro lançado como "um chamado para a consciência coletiva", o missionário do Cimi e historiador Guenter Francisco Loebens acredita no potencial de mobilização da publicação. Ele destaca que grande parte desses povos está localizada em regiões de fronteira. Fato que remete a uma discussão sobre sua proteção, levando em conta a necessidade de cooperação entre os países, para formular políticas mais adequadas, explica.
Em debate durante o evento, Daniel Aristizabal, secretário do Grupo de Trabalho Internacional para a Proteção dos Povos Indígenas Isolados e Contato Inicial (GTI-PIACI), evocou o princípio da autodeterminação que, quando respeitado, permite que cada povo mantenha intacto o modo de viver que deseja seguir. "É nosso sonho que possam permanecer nessa condição", disse. "Devemos lembrar que esses são os últimos povos que ainda são resistência à colonização."
Alerta: os riscos que os ‘alimentos fakes’ escondem
Pó à base de café e composto lácteo são alguns dos produtos que imitam os originais e feitos com alto teor de aditivos
[caption id="attachment_39513" align="aligncenter" width="560"] Produtos são feitos com ingredientes mais baratos e com alto teor de aditivos.[/caption]
Texto Estação do Autor com DW
Edição Scriptum
Com preços mais acessíveis, “alimentos fakes” vem ganhando espaço nas prateleiras dos supermercados. Impulsionadas pela alta dos preços devido à crise econômica, mudanças climáticas e especulação, as indústrias reduzem custos para manter a margem de lucro. O problema é que muitas vezes essas mudanças passam despercebidas, podendo afetar a saúde dos consumidores. Pó à base de café e composto lácteo são alguns dos produtos que imitam os originais. No entanto, são feitos com ingredientes mais baratos e com alto teor de aditivos.
Reportagem de Priscila Carvalho para o site DW dá dicas de como identificar alimentos que apesar de ter embalagens semelhantes aos tradicionais são misturas ou apresentam composições diferentes.
Recentemente, o "pó para preparo de bebida à base de café" ganhou destaque nas redes sociais, sendo apelidado de "café fake" ou "cafake". Em reação, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) alertou os supermercados e demais varejistas sobre a irregularidade do comércio de misturas ilegais e recomendou o não consumo de tais produtos pela população. O presidente da associação, Pavel Cardoso, reforça a importância de conferir a certificação ao comprar café e alerta para preços muito baixos, que podem indicar fraude, especialmente quando estão muito abaixo do valor de mercado. Ele também recomenda atenção à marca, questionando se é conhecida ou se imita alguma renomada. Já o leite é um produto puro, enquanto a bebida láctea combina leite com soro, açúcares e espessantes, que altera a composição e reduz seu teor de cálcio e proteínas. Embora mais barata, possui menos nutrientes do que o leite puro.
O consumo frequente de alimentos ultraprocessados e tidos como fakes podem trazer impactos significativos à saúde, especialmente para grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos. Esses produtos, frequentemente ricos em açúcares, gorduras, sódio e aditivos, podem comprometer a absorção de nutrientes essenciais e favorecer o desenvolvimento de doenças crônicas.
Amanda da Silva Franco, professora adjunta do Departamento de Nutrição Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), alerta que diante desses produtos falsos existem alternativas naturais e seguras que podem oferecer melhor custo-benefício. "Café, leite em pó e queijos podem ser mais baratos quando comprados em maior quantidade, a granel. Preferir marcas regionais e produtos locais também podem ter menor custo e maior qualidade. Evite pagar por embalagem e marketing", aconselha a professora da UERJ.
O último navio brasileiro afundado pelos nazistas
Oito décadas depois do naufrágio, destroços da embarcação foram localizados no fundo do oceano, a 55 metros de profundidade
[caption id="attachment_39460" align="aligncenter" width="560"] Destroços da embarcação foram localizados no fundo do oceano, a 55 metros de profundidade.[/caption]
Texto Estação do Autor com DW
Edição Scriptum
Em julho de 1944, na costa do Rio de Janeiro, foi a pique o navio brasileiro Vital de Oliveira, após ser torpedeado por um submarino alemão. Agora, oito décadas depois, os destroços da embarcação foram localizados no fundo do oceano, a 55 metros de profundidade.
A explosão causada pelos torpedos rachou a popa do navio, colapsando a estrutura da embarcação em menos de três minutos. Mais de 270 tripulantes foram jogados ao mar. Desses, 99 não conseguiram se salvar. Entenda na reportagem de Lucas Janone, para o site DW, quais estratégias justificaram os ataques nazistas a essa e outras embarcações durante a Segunda Guerra.
O naufrágio do Vital de Oliveira foi o último ataque alemão no litoral brasileiro durante a guerra. A primeira investida nazista contra o País aconteceu na costa do Nordeste, em 1942, quando apenas um submarino alemão, o U-507, afundou seis navios brasileiros, matando mais de 600 pessoas. Especialistas afirmam que esse ataque levou o Brasil para o centro do confronto. Dias depois, Getúlio Vargas anunciou um "estado de beligerância", praticamente declarando guerra contra o Eixo.
Documentos oficiais revelam que dezenas de submarinos alemães operaram na costa do Brasil. Entre eles, o U-861 responsável pelo naufrágio do Vital de Oliveira. De acordo com Fernando Loureiro, especialista em história militar, o objetivo dos alemães era cortar as linhas de suprimento entre o Brasil e os aliados. Com a melhor tecnologia e quase imperceptíveis aos radares da época, os submarinos tiveram sucesso inicialmente, mas a extensão do litoral brasileiro dificultou a operação.
O historiador Francisco Carlos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que enquanto na Primeira Guerra a Alemanha utilizou submarinos apenas na Europa e no Norte da África, na Segunda Guerra foram essenciais no continente americano, cobrindo grande parte da costa brasileira. O livro Operação Brasil, de Durval Lourenço Pereira, menciona que os alemães planejavam torpedear portos brasileiros em resposta à aproximação do País com os EUA, em 1942. Ele afirma também que uma ofensiva mais incisiva foi abortada por Hitler, já que um ataque poderia afetar a relação da Alemanha com os outros países da América Latina.
Políticas públicas ignoram trabalho não remunerado realizado em casa
Pesquisa mostra o papel essencial do trabalho reprodutivo, aquele que mesmo invisível gera bens e serviços para a sociedade
[caption id="attachment_39446" align="aligncenter" width="560"] Trabalho do cuidado envolve atividades diretas e indiretas, como alimentar uma pessoa idosa ou lavar roupa.[/caption]
Texto Estação do Autor com Jornal da USP
Edição Scriptum
O Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (MAD) da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP vem desenvolvendo pesquisas sobre a utilização do tempo, especificamente em relação à distribuição de atividades, como trabalho remunerado, não remunerado e deslocamento. Os resultados revelam o papel essencial do trabalho reprodutivo, ou seja, aquele que mesmo invisível gera bens e serviços para a sociedade.
Reportagem publicada no Jornal da USP traz mais detalhes sobre o conceito da “pobreza de tempo” e a importância da criação de políticas públicas que apoiem o chamado trabalho do cuidado.
Segundo Letícia Graça, pesquisadora da USP e uma das autoras do artigo que aborda o assunto, o trabalho do cuidado envolve atividades diretas e indiretas, como alimentar uma pessoa idosa ou lavar roupa. Esse tipo de atividade é majoritariamente realizado por mulheres. Além de estar marcado por recortes de raça e classe, esse trabalho é essencial para a capacidade produtiva e o bem-estar social. Sem ele, realizado principalmente no âmbito privado, não seria possível promover essas condições de forma geral.
A pesquisadora entende que o conceito de “pobreza de tempo” é fundamental para compreender o problema, pois permite mapear atividades de serviço não mensuradas, às quais não são atribuídos valores. Como consequência, essas atividades não são consideradas em políticas públicas ou em medidas de retribuição financeira.
Sobre a questão de gênero, Letícia destaca a disparidade no trabalho do cuidado, especialmente entre mulheres negras, que dedicam 24,1 horas semanais, enquanto mulheres brancas gastam 22,3 horas. Já homens negros e brancos dedicam, em média, 12,5 horas. A renda per capita é também um diferencial. Famílias de menor rendimento gastam 28 horas em trabalho não remunerado, enquanto as mais ricas (acima de R$ 3.936) dedicam 17 horas. Para a pesquisadora, os dados são discrepantes e mostram a desigualdade brasileira se comparada com outros países da América Latina. No Brasil, os números estão muito abaixo da média mundial.