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A história do plano que levou a nocaute a hiperinflação crônica do Brasil 

Programa da TV Espaço Democrático entrevista um dos criadores do plano de estabilização, o economista Persio Arida

https://youtu.be/VMCaKgzq2ig?si=2ecgBLnRX6WX7R1u Redação Scriptum O economista Roberto Macedo costuma dizer que Persio Arida e André Lara Resende, os artífices do Plano Real, mereciam ganhar o Prêmio Nobel de Economia por sua obra, que promoveu a transformação na vida de milhões de brasileiros. Macedo fala com conhecimento de causa. Secretário de política econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no início da década de 1990, ele conhece como poucos os efeitos nefastos da hiperinflação sobre a sociedade brasileira nos anos que se seguiram à redemocratização. Modesto, Arida atribui à generosidade do seu ex-professor na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) a sugestão de um prêmio pela criação e implementação do Plano Real, que está completando 30 anos. “Foi um privilégio, uma experiência absolutamente única formular uma teoria, não conseguir aplicá-la uma vez, ter uma segunda chance e enfim conseguir aplicá-la com sucesso”, diz o economista em entrevista ao programa Diálogos no Espaço Democrático, produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD e disponível em seu canal de Youtube. Na entrevista aos economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, ao cientista político Rogério Schmitt, ao ex-deputado e coordenador de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, e ao jornalista Sérgio Rondino, âncora do programa de entrevistas, Arida contou não só como foi concebida a ideia do Plano Real, mas também algumas histórias de bastidores de alguns dos principais personagens envolvidos no projeto. Economista formado pela USP, ele tem doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), lecionou na própria USP e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), período durante o qual ele e André Lara Rezende, a quem havia conhecido no MIT, estudaram profundamente a hiperinflação brasileira e desenvolveram a Teoria da Inflação Inercial. Foi a partir dela que desenvolveram a ideia de uma reforma no sistema monetário por meio da criação de uma moeda nova, que circularia junto com a da época, o cruzeiro, que aos poucos seria abandonado. A ideia passou a ser conhecida como Plano Larida (acrônimo dos nomes dos dois economistas) e poderia ter sido colocada em prática oito anos antes, em 1986, no governo de José Sarney, quando foi criado o Plano Cruzado. Primeira tentativa “Antes do Plano Cruzado eu conversei com o então procurador-geral da República, Saulo Ramos, sobre fazer algo com base no Plano Larida, usando uma moeda indexada, e a resposta dele foi direta: esqueça porque no Brasil só pode existir uma moeda, a Constituição não permite duas e o STF vai derrubar”, conta. “O plano ‘B’ era muito inferior, parecido com o que Israel havia feito um ano antes: congelamento temporário de preços e salários com base em acordo com centrais sindicais, algumas regras para mudar contratos, forte contração fiscal e política monetária bastante apertada”. Olhando em retrospectiva, Arida considera que o Cruzado era um plano natimorto na medida em que não foi possível ajustar as políticas fiscal e monetária – o Banco Central não tinha independência para subir a taxa de juros. “Por uma certa ingenuidade nossa, não demos a devida atenção ao fato de que teríamos eleições em outubro daquele ano (para os governos dos Estados, Câmara Federal e Senado) e para os políticos, a tentação de estender o congelamento por muitos meses ficou irresistível”. Neste cenário, os gastos públicos aumentaram, e foi até mesmo introduzido um gatilho salarial de última hora no plano. Congelamentos em série Apesar do fracasso do Plano Cruzado, que parece ter incutido na classe política o conceito equivocado de que era necessário o congelamento de preços para segurar a inflação – foi assim em todos os planos de estabilização que vieram a seguir, Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2 – o economista acredita que a experiência parece ter fixado no imaginário coletivo a ideia de que era possível, ainda que temporariamente, estancar o processo inflacionário. “A inflação, entre os planos de estabilização, passou a ter uma dinâmica de expectativa pura: o empresário sabia que se ela subisse teria de enfrentar congelamento e aumentava os preços preventivamente – e sempre que a inflação subia os políticos queriam fazer outro congelamento, era a forma de manter a popularidade”, explicou. Este cenário só foi alterado quando Marcílio Marques Moreira assumiu o Ministério da Fazenda, depois de Fernando Collor ter desistido dos planos de estabilização. “A gestão do Marcílio foi a do bom senso, anunciou que não haveria plano, nem congelamento, e assim a inflação deixou de ter esse caráter de expectativa para voltar a ser inercial, ou seja, as condições para a implementação do Plano Larida voltaram”. Já no governo de Itamar Franco e com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, Arida, então, foi conversar com José Tadeu de Chiara, professor de direito econômico do Largo São Francisco, para tentar derrubar a dificuldade jurídica que impediu a criação da moeda virtual oito anos antes. “Ele escreveu a minuta de criação da URV e, juridicamente, tornou tudo factível”, conta o economista. Personagens Na entrevista Arida falou sobre três dos principais personagens que estiveram envolvidos no processo de criação do Plano Real: o presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e o embaixador Rubens Ricupero, que estava à frente do Ministério da Fazenda quando o plano foi implementado. Fernando Henrique, segundo ele, tem um papel que define como “extraordinário” no processo. “Ele bancou a ideia que, se desse certo, lhe daria capital político excepcional, e se desse errado, seria o seu funeral político”, avalia. “O fato de ele ser um intelectual fez toda a diferença, mas Fernando Henrique também era um político, senador, tinha certa ascendência sobre o Itamar, que o respeitava muito, e muita sabedoria na conversa”, conta. “Fui com ele várias vezes conversar com o presidente, na Câmara, no Senado e ele conduzia a conversa com jeito único”. Sobre Itamar Franco, acredita que “não tinha repertório intelectual para entender o programa”. A ideia central do presidente era aumentar salários e congelar preços. “Disso ele entendia e sabia que lhe daria popularidade, mas o Fernando Henrique teve a habilidade de convencê-lo a lançar um plano que ele nunca entendeu”. O economista conta que a conversa, com o Itamar, era sempre muito difícil. “Ele falava pouco e eu mesmo não conseguia entender o que ele não havia entendido; e é difícil explicar algo se você não entende o que o outro não entendeu”, diz. “Para mim, era uma conversa pedregosa”. Já Rubens Ricupero, de acordo com ele, teve o papel de um “pregador” nos meses cruciais em que esteve à frente do Ministério da Fazenda. “Entendeu o plano, não interferiu e fez uma peregrinação incansável para explicar o que estava acontecendo”. Dos personagens que se colocaram contra o Plano Real, Arida rememorou uma conversa que teve com o então deputado federal em primeiro mandato Jair Bolsonaro. Ele quis saber se os salários dos militares teriam reajustes reais. “Eu respondi que não e, quando tentei explicar a razão, ele disse que aquilo era o suficiente: ia votar contra, e assim fez”. Futuro Olhando em perspectiva, Arida acredita que o controle da inflação no Brasil do século 21 está intrinsicamente ligado ao sistema democrático. “A inflação em 1970 (durante a ditadura) era de 12% ao ano e em 1980, 10 anos depois (ainda na ditadura) era de 100%; em um sistema democrático, se passasse de 12% para 100%, pode ter certeza de que o governo já teria caído”, diz. “O grande sustentáculo da estabilidade de preços é a opinião pública e no regime democrático, se o presidente deixar a inflação correr solta, não vai ser reeleito, o partido dele não vai se dar bem na eleição”. Arida destaca, porém, outras inquietações que diz ter. “Há um processo de empoderamento do Legislativo, e um processo de judicialização da política que estão tornando o País muito disfuncional”, aponta. “Territórios viraram Estados, Estados foram divididos e com isto ocorreu uma disfuncionalidade de representação enorme – na prática, Norte e Nordeste controlam o Senado e pelo teto controlam a Câmara”. Segundo ele, “há situações institucionais que preocupam, além das econômicas, mas sobre a estabilidade de preços estamos bem porque é um valor público”.

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O populismo vem aí

Cientista político Rubens Figueiredo analisa a pesquisa Ipsos e lembra: algo em torno de quatro bilhões de pessoas votarão em 2024

Rubens Figueiredo, cientista político e colaborador do Espaço Democrático Entre 22 de novembro de 2022 e 6 de dezembro de 2023, o Instituto Ipsos, terceira maior empresa de pesquisa de mercado do mundo, realizou um levantamento de opinião sobre populismo – survey – em 28 países, Brasil incluído. Os achados principais foram os seguintes:

  • O sentimento anti-estabilishment aumentou em relação à pesquisa anterior.
  • 58% dos entrevistados acham que seus países estão em declínio.
  • Há uma grande má vontade com os imigrantes.
  • As elites são vistas com suspeição.
  • Os entrevistados querem uma presença mais efetiva do governo na resolução dos principais problemas.
O estudo enumera alguns fatores que tornam o contexto social favorável ao avanço de práticas populistas. Dois de cada três entrevistados acreditam que seu país está em declínio. As pessoas também acreditam (57%, no plano global) que as sociedades estão divididas e acham que seus países precisam de um líder forte para que voltem a ser ricos e poderosos. Nada menos que 67% dos participantes da pesquisa acreditam que a maior cisão nas sociedades onde vivem se dá entre o cidadão comum e a elite política e econômica. Dados referentes ao sentimento xenófobo variam mais de país a país. É muito forte na Turquia e mais brando no Japão, Coreia do Sul e Brasil. A África do Sul tem o maior índice de percepção de divisão na sociedade (76%), enquanto o Brasil fica um pouco acima da média (57%), com 62%. Outra pergunta é se o entrevistado concorda que seu país precisa de um líder forte disposto a transgredir as regras. A média de concordância foi de 49%. Somos, ao lado da África do Sul, o quarto país que mais concorda com a ideia, atingindo 62%. Não é novidade que a democracia representativa no seu formato tradicional está em xeque. Um contingente de 58% dos entrevistados nos 28 países concorda que os assuntos políticos mais importantes deveriam ser decididos através de referendos – e não pelos representantes eleitos. No Brasil, o resultado foi de 63%. Algo em torno de quatro bilhões de pessoas irão votar em 2024 num contexto no qual os eleitores acham que seu país está em declínio (no Brasil essa percepção é mais branda). E 63% acreditam precisar de um líder forte para trazer de volta a riqueza e o poder de suas Nações. Para completar, 62% enxergam as elites atuando pelos seus próprios interesses, sem muita preocupação com o que está acontecendo com o país e sua gente. Populistas do mundo, uni-vos! Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Retirada de recursos da poupança pressiona mercado imobiliário

Com cada vez menos recursos investidos, bancos destinam menos dinheiro para empréstimos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo

[caption id="attachment_37878" align="aligncenter" width="1024"] Imóveis recém-construídos: ofertas caem no mesmo ritmo da retirada de recursos da poupança [/caption] Texto Estação do Autor com Agência Brasil Edição Scriptum A falta de interesse dos investidores em aplicar na caderneta de poupança está afetando outros setores da economia, principalmente o financiamento de imóveis para a classe média com juros limitados. Tradicional fonte de recursos para financiamentos de imóveis, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) é afetado pela retirada persistente de recursos da poupança. Reportagem de Wellton Máximo para a Agência Brasil mostra que somente em janeiro os investidores retiraram da poupança R$ 20,1 bilhões a mais do que depositaram. Isso após três anos seguidos de saques. A aplicação perdeu R$ 87,8 bilhões em 2023, R$ 103,2 bilhões em 2022 e R$ 35,4 bilhões em 2021. Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos da poupança ao SBPE. Esse sistema cobre até 80% de imóveis de até R$ 1,5 milhão, com juros limitados a 12% ao ano, o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A modalidade tem risco historicamente baixo de inadimplência porque as prestações são limitadas a 30% da renda do mutuário e os financiamentos duram até 35 anos. Para Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário, o mercado passa por uma mudança estrutural, que reflete a perda de interesse do investidor pela caderneta. Tanto o rendimento baixo da poupança quanto a ampliação de opções no mercado financeiro estimulam a fuga de investidores. Com cada vez menos recursos na poupança, os bancos destinam menos dinheiro para empréstimos no SPBE. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o número de lançamentos de unidades imobiliárias pelo SBPE caiu entre 20% e 30% no ano passado.

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Do plano empresarial para o pessoal

Economista Roberto Macedo mostra como a técnica conhecida como SWOT, aplicada em empresas, pode auxiliar no desenvolvimento das pessoas

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum A análise SWOT vem dos termos em inglês strengths (pontos fortes), weaknesses (fraquezas), oportunities (oportunidades) e threats (ameaças) e usualmente é aplicada a empresas. Um artigo publicado pelo site Smart Brief, que circulou na internet, propõe aplicá-la no plano pessoal. O S passou a self (você mesmo), W a world (o mundo em torno de você), o O a others (outros em sua vida e a qualidade do seu relacionamento com eles) e T a dois deles time e treasure (tempo e tesouro) – o primeiro como foi utilizado e o segundo diz respeito a como foi gasto o dinheiro do mês passado. Então, SWOT passou a SWOTT como um SWOT pessoal. O artigo acrescenta que o SWOTT ajuda a pessoa a se entender de uma perspectiva diferente e que quanto melhor você entender a si mesmo, mais poderá crescer e mudar. O texto para por aí e o que se segue veio da minha própria cabeça. Creio que entender a si mesmo é um aspecto importante do comportamento individual. Quais são as suas reações diante dos vários aspectos e problemas da vida, se são corajosas ou cautelosas; se busca resolver problemas ou é um procrastinador; vê obstáculos como triviais ou não; busca atuar nas decisões e não empurrá-las aos companheiros de trabalho; e outros aspectos, como ter aspirações a liderança. Ao fazer esse exercício você já estará tratando de pontos fortes e fraquezas, sempre procurando corrigir estas últimas. Oportunidades vêm de circunstâncias, que podem ser boas ou más, mas não se pode depender delas passivamente. É preciso procurar as boas e enfrentar as más. Já dizia o filósofo espanhol, Ortega y Gasset: eu sou eu e minhas circunstâncias. É preciso saber reagir diante delas, sempre procurando as melhores. Tempo é dinheiro e como economista recomendo que a pessoa pense na sua produtividade, fazendo mais e melhor por unidade de tempo. A minha, trabalhando com pesquisas e redação, aumentou muito com o desenvolvimento da internet, dos computadores e impressoras pessoais e do smartphone. No início da carreira ainda trabalhei muito com máquinas de escrever e calculadoras mecânicas, ambas já numa fase de transição para modelos elétricos.  E só havia telefones fixos. Telefonemas interurbanos e internacionais envolviam uma enorme dificuldade. O WhatsApp tem ajudado muito. E há a questão financeira. Eu escolhi o caminho da educação e cheguei ao doutorado me qualificando para a docência, a pesquisa e a gestão educacional. Não tenho queixas do retorno financeiro e vejo esse trajeto como o melhor investimento que fiz na vida. Mas não é o único caminho. Tome-se, por exemplo, os casos de empresários, artistas e esportistas de sucesso. Eu colocaria este com a letra S a mais no SWOTT.  É preciso estar sempre pensando nele e isso ajudará a pessoa a ir em frente. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.  

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