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Pesquisa revela que maioria da população não está polarizada

DataSenado ouviu mais de 21 mil pessoas com direito a voto para entender a matiz ideológica do brasileiro

  [caption id="attachment_38810" align="aligncenter" width="560"] Das mais de 21 mil pessoas entrevistadas, 40% não escolheu qualquer uma dessas alternativas - direita, esquerda ou centro[/caption]     Redação Scriptum com Agência Senado   Pesquisa realizada este ano pelo DataSenado mostra que a maior parte da população brasileira com direito ao voto não se considera politicamente nem mais à direita, nem mais à esquerda, nem mais ao centro. Das mais de 21 mil pessoas entrevistadas, 40% não escolheu qualquer uma dessas alternativas, enquanto 29% se disseram mais à direita, 15% mais à esquerda e 11% mais de centro. O restante dos entrevistados disse não saber ou preferiu não responder. Na avaliação da diretora da Secretaria de Transparência do Senado, Elga Mara Teixeira Lopes, a pesquisa mostra que a maioria dos eleitores não se identifica com nenhum dos polos políticos. — Isso mostra que nessa campanha eleitoral municipal não é a coloração política, não é a polarização política o tema mais importante no cérebro do brasileiro. Para o eleitor, neste ano contam os problemas do município, a capacidade dos candidatos de apresentarem solução e sua capacidade gerencial — avaliou a diretora. A avaliação de José Henrique de Oliveira Varanda, coordenador da pesquisa, segue na mesma linha. Para ele, os dados mostram que a população brasileira não está tão polarizada ideologicamente, pelo menos não em 2024, mesmo sendo um ano de eleições municipais. — Sobre o cenário político brasileiro, sobretudo agora nessas eleições municipais, o que essa pesquisa revela, majoritariamente, é que a população brasileira não é tão polarizada quanto se pensa ou se argumenta. Pelo menos não em relação a esses polos mais demarcados como pessoas de direita, pessoas de esquerda ou pessoas de centro — resume Varanda. Para o coordenador, os números mostram que essa parcela da população que prefere não se classificar de maneira polarizada pode influenciar de maneira significativa o resultado de eleições ao decidir seu voto de forma menos ideológica. — Uma parte relevante da população ou não é tão politizada ou não considera, não enxerga exatamente essas "caixinhas" — diz Varanda. O Instituto de Pesquisa DataSenado completa 20 anos neste ano e a pesquisa Panorama Político é feita desde 2008. Em 2024, foi realizada entre os dias 5 e 28 de junho, com 21.808 pessoas entrevistadas por telefone, em amostra representativa da população brasileira com 16 anos ou mais, ou seja, de quase 170 milhões de pessoas (169.840.184). Os dados divulgados foram calculados com nível de confiança de 95%, de acordo com o DataSenado. Foram entrevistadas pessoas dos 26 Estados e do Distrito Federal em entrevistas com duração média de 13 minutos. O documento também mostra as porcentagens de escolha para cada unidade federativa. Recorte por gênero Majoritariamente, as brasileiras com mais de 16 anos não se identificam com nenhuma ideologia política (46%) ou se declaram de centro (9%). Entre elas, 14% se disseram mais à esquerda e 24% mais à direita. Entre os homens, 34% disseram se identificar mais com a direita, 15% com a esquerda, 12% com o centro e 34% com nenhuma das opções. — Há uma diferença marcante de gênero. Os homens se enquadram mais nos polos políticos, já que apenas 34% não se considera em nenhuma das três opções de posicionamento político e 5% não souberam ou preferiram não responder; enquanto nas mulheres esse número de pessoas menos interessadas em política vai para 46% e aquelas que não souberam ou preferiram não responder em 7% — diz Varanda. Recorte racial O posicionamento dos brasileiros que se autodeclaram de raça branca ou amarela é de 35% de independentes, 32% à direita, 15% à esquerda e 12% no centro. Somando pessoas pretas, pardas e indígenas, o resultado ficou em 26% à direita, 14% à esquerda, 9% de centro e 44% em nenhuma das opções. Renda Quanto maior a renda, menor o percentual de eleitores que se consideram neutros com relação à ideologia política, segundo o DataSenado. Entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, 47% não escolheu direita, esquerda nem centro, enquanto nas famílias com renda acima de seis salários mínimos, o percentual ficou em 21%. Crenças Entre os católicos, 39% optaram pela neutralidade, 28% pela direita, 15% pela esquerda e 10% pelo centro. Entre os evangélicos, 35% se disseram mais à direita, 9% mais ao centro, 8% mais à esquerda e 42% nenhuma das opções. Entre os entrevistados que declararam ter outras religiões ou não ter religião, 21% escolheram esquerda, 21% escolheram direita, 13% ficaram no centro e 41% nenhuma das opções. Urnas eletrônicas Sobre as urnas eletrônicas, para 86% dos eleitores de esquerda e 36% dos eleitores de direita, os resultados das urnas eletrônicas são confiáveis; 61% dos eleitores à direita e 12% dos à esquerda disseram discordar que os resultados das urnas são confiáveis. Dos eleitores de centro, 67% disseram confiar nas urnas e 32% disseram não confiar. Entre os independentes, 61% confiam e 35% não confiam. — Os de esquerda confiam mais no resultado das urnas eletrônicas. Mais que o resto da população como um todo, enquanto os de direita discordam bastante dessa afirmação de que o resultado das urnas eletrônicas em eleições é confiável. (...) é um desafio para o nosso sistema eleitoral, para a nossa democracia, porque essa é uma crença que é importante, é basilar para apoiar a democracia, o pleito, o resultado e tudo que se desdobra depois disso — avalia Varanda.  

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Lei das Bets privilegiou o dinheiro e não a saúde das pessoas

Programa Diálogos no Espaço Democrático entrevistou o psiquiatra Hermano Tavares, especialista em jogo compulsivo

   

    Redação Scriptum   A legislação que regulamenta a operação das empresas de apostas on-line no Brasil, que se tornou conhecida como a Lei das Bets e entra em vigor no mês de janeiro, parece ter se preocupado mais com os aspectos financeiros e econômicos da questão que com o impacto sobre a saúde das pessoas, especialmente aquelas das faixas socioeconômicas mais baixas. A avaliação é do doutor em Psiquiatria Hermano Tavares em entrevista para o programa Diálogos no Espaço Democrático, produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD e disponível em seu canal de YouTube. Criador do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico (PRO-AMJO), do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), Tavares dá uma razão muito objetiva para explicar a sua análise: “A lei destina 1% do recolhimento para o Ministério da Saúde e este 1%, que é insuficiente e irrisório, vai cair no Ministério da Saúde e sabe-se lá se vai ser usado especificamente para tratamento do jogador compulsivo, ou para prevenção, ou para a capacitação da rede”, diz. “A demanda de tratamento nunca encontrará a oferta que precisa”. Entrevistado pelo gestor em saúde Januario Montone e pelos jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático e âncora do programa de entrevistas, o psiquiatra lembrou que esta não é a primeira vez que o Brasil passa por um surto como este. Nos anos 1990 havia muitas pessoas jogando demais e o País teve uma epidemia de transtorno do jogo. “Houve o acesso amplo e facilitado ao jogo, sobretudo às máquinas caça-níqueis, que foram incluídas indevidamente na lei do bingo através da definição de máquinas de vídeo bingo”, lembrou ele, destacando que a criação do PRO-AMJO se deu naquele período, quando não havia serviços especializados. “A história está se repetindo: estamos soterrados pela demanda de pessoas com problemas com o jogo; a demanda não vai aumentar, ela já aumentou e estamos lidando com o problema”. Uma das muitas críticas que Tavares faz à legislação refere-se à propaganda. Segundo ele, há estudos que embasam a tese segundo a qual a limitação da publicidade tem efeito positivo na regulação e no controle. “Em países que limitaram a publicidade vemos algum controle da situação”, disse. “Sabemos que indivíduos mais jovens tem vulnerabilidade maior, por isso proibimos a publicidade para menores de idade”. Segundo ele, esta proibição é feita no mundo todo para tabaco e álcool, que são conhecidos formadores de hábito, como acontece com as apostas. “E os produtos formadores de hábito, em combinação com pessoas vulneráveis, são muito difíceis de controlar, causam compulsão, dependência, vício”. Tavares defende que a questão seja discutida de maneira técnica, responsável e multidisciplinar. “É preciso discutir com profissionais de várias áreas: juristas, economistas, técnicos de computação e profissionais da saúde especializados na área de compulsividade para o jogo”, afirma. “Com esse conhecimento reunido será possível montar os mecanismos de identificação das atividades estranhas, que fogem a um simples ato recreativo de fazer apostas esporadicamente”.

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Até adolescentes já se tornaram jogadores compulsivos

Espaço Democrático entrevista integrante dos Jogadores Anônimos, comunidade que busca ajudar dependentes

[caption id="attachment_38789" align="aligncenter" width="560"] Reunião semanal de colaboradores do ED discutiram a questão das bets e o vício em jogo[/caption]   Redação Scriptum   A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (25) pelo Banco Central: entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões têm sido gastos mensalmente por pessoas físicas nas plataformas de apostas – as chamadas bets – e nos cassinos on-line, que oferecem jogos como o popular Tigrinho. Com base nos dados de transferências por PIX para as bancas virtuais, o BC calcula que por volta de 24 milhões de brasileiros realizaram ao menos uma transferência para essas empresas entre janeiro e agosto deste ano. Nesta terça-feira (24), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que as plataformas de apostas e os jogos on-line podem estar aumentando a inadimplência das famílias, com o comprometimento da renda. Segundo ele, desde janeiro houve crescimento superior a 200% no valor que os jogadores transferem para essas empresas. As reações a este fenômeno cresceram nos últimos dias. Na semana passada, o senador Omar Aziz (PSD-AM), entrou com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) na Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender o funcionamento das bets. Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) para contestar a Lei 14.790/2023, a “Lei das Bets”, que regulamenta as apostas – a entidade pede a suspensão da eficácia da lei para evitar danos ao comércio e à economia do País. Por trás dos números bilionários movimentados pelas empresas de apostas e das reações à operação delas está a faceta mais dramática deste processo: as histórias muitas vezes trágicas enfrentadas por centenas de famílias, desarranjadas social e financeiramente por jogadores compulsivos, vítimas de um distúrbio psiquiátrico conhecido como jogo patológico – o vício em jogar. Uma das poucas instituições que auxilia pessoas a enfrentarem a compulsão é a Irmandade dos Jogadores Anônimos (JA), criada em 1957, em Los Angeles (EUA), e no Brasil desde 1983. O trabalho desenvolvido pela comunidade foi detalhado nesta terça-feira (24) por um de seus integrantes, identificado apenas pelo pseudônimo de João em uma entrevista coletiva on-line concedida a consultores do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD.
 
“Nós não fazemos estatísticas, mas percebemos que depois da pandemia o crescimento do número de pessoas que querem ajuda para deixar o jogo foi exponencial”, contou. E a faixa etária dos compulsivos que buscam a JA vem caindo: “Hoje são jovens entre 20 e 30 anos, mas já temos até mesmo adolescentes que procuram ajuda, levados por seus responsáveis”. O aumento da demanda, “espantoso”, segundo ele, não se limita às cidades mais urbanizadas do Brasil. “Recebemos mensagens dos lugares mais distantes do País, de pequenas cidades”, diz. “Ao contrário de como acontecia no passado, quando o jogo era analógico e a pessoa tinha que ir a determinado lugar para jogar, hoje o jogo está na palma da mão, no celular”. Os militantes da JA não fazem juízo de valor sobre se o jogo deve ou não ser legalizado no Brasil. “Nosso único propósito é ajudar as pessoas que querem parar de jogar”, relata ele, que faz parte de um dos núcleos do Rio de Janeiro, no qual cinco voluntários se revezam no atendimento das pessoas que buscam auxílio. Hoje com mais de 60 anos, João relata a própria história de compulsão pelo jogo. Filho de uma mulher humilde que deixou a Região dos Lagos do Rio para tentar uma vida melhor na capital, ainda na infância ia até a banca do jogo do bicho próxima da sua casa para apostar para a mãe. “Eu era criança, um dia fiz uma aposta e ganhei; fui fisgado por aquilo”. A compulsão se instalou aos poucos. “Aos 31 anos, casado e com três filhos, eu jogava todo o meu pagamento, me endividava com agiotas e mentia em casa, dizia que havia sido assaltado e por isso estava sem dinheiro”, conta. Foi quando deu uma virada em sua vida entrando para a JA. Os casos que aparecem ali são muitos e de todo tipo. “Houve o caso de uma pessoa que ganhou na loteria, ficou rico e aumentou o padrão de jogo; quando chegou ao JA estava falido”, lembra. “E já recebemos casos de pessoas que se viciaram até nas bolsas de valores”. João explica que quando uma pessoa busca ajuda é apresentada a um questionário de 20 perguntas que define se ela é ou não compulsiva. “São perguntas como ‘você já perdeu horas de trabalho ou da escola devido ao jogo?’; ‘alguma vez você já jogou para obter dinheiro para pagar dívidas ou então resolver dificuldades financeiras?’; ‘após ter perdido você sentiu como se necessitasse voltar o mais cedo possível a recuperar as suas perdas?’; ‘você geralmente jogava até que seu último centavo acabasse?’; ‘você relutava em usar o “dinheiro do jogo” para as despesas normais?’”. A partir daí, considerado compulsivo o jogador passa a seguir o programa chamado 12 Passos para a recuperação, que é similar ao dos Alcóolicos Anônimos. O primeiro contato com os Jogadores Anônimos pode ser feito pelo site da irmandade, onde há o link para a linha de ajuda. Participaram da entrevista coletiva com João o sociólogo Tulio Kahn, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o gestor público Januario Montone, o advogado e empresário Helio Michelini, a secretária do PSD Mulher Nacional, Ivani Boscolo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação.

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Crescimento rápido e desordenado acelera criminalidade na Amazônia

Caderno intitulado Amazônia ilegal, de autoria do sociólogo Tulio Kahn, mostra como a região é impactada pelo desmatamento

Redação Scriptum   A Amazônia Legal vive hoje um processo bastante parecido com o que se deu com o Sudeste nas décadas de 1960 a 1990 e com o Nordeste dos anos 2000 até recentemente: crescimento rápido e desordenado. E uma das consequências que mais podem impactar os 772 municípios que são parte da região – localizados nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão – é o aumento da criminalidade, conforme registra o sociólogo Tulio Kahn, especialista em segurança pública, no caderno Amazônia ilegal, nova publicação do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – já disponível para download ou leitura on-line. Em seu estudo, Kahn analisa a correlação entre degradação ambiental e as taxas de homicídio dos municípios da Amazônia Legal, área de cinco milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a quase 60% do território nacional, e onde é grande a atividade que promove o desmatamento, como a mineração legal e ilegal, as queimadas para aumentar a área de plantio e de pecuária e a extração legal e ilegal de madeira, por exemplo. Kahn aplicou sobre a Amazônia Legal dados do Índice de Progresso Social (IPS Brasil 2024) – metodologia que avalia a qualidade de vida da população no Brasil de forma multidimensional, além das métricas tradicionais e paradigmas econômicos – um conjunto de 53 indicadores secundários exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos, todos de fontes públicas.

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