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Em busca da redução da desigualdade de renda

Dados da ONU indicam que os 10% mais ricos ganham mais da metade da renda nacional; mudar o cenário é uma responsabilidade que deve ser compartilhada por todos os setores da sociedade, escreve Ricardo Patah

Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores e conselheiro do Espaço Democrático Edição Scriptum O Brasil ainda é um dos países mais desiguais do planeta. De acordo com o relatório do Laboratório das Desigualdades Mundiais (2021), realizado em colaboração por mais de cem pesquisadores de diversos países, somos o segundo país mais desigual entre os membros do G20 (atrás apenas da África do Sul). Dados da ONU indicam que os 10% mais ricos do Brasil ganham mais da metade da renda nacional. A pandemia de Covid-19 foi um dos motivos para o aumento dessa concentração. O outro foi o governo Jair Bolsonaro, que encostou o corpo para a administração e se dedicou apenas à política, buscando a reeleição. Em 2019, por exemplo, o 1% mais rico do nosso País detinha 46,9% da renda total. Em 2020, esse número subiu para 49,6% —quase a metade da renda nacional, portanto, foi para os mais ricos. Caso o nosso País retome o ritmo de redução da desigualdade, como a que imprimiu de 2001 a 2014, seriam necessários pelo menos 30 anos para chegar ao mesmo indicador de Itália e Rússia, os países europeus mais desiguais. Para atingir o índice Gini da França seriam precisos 43 anos. Mesmo que repetisse, por vários anos, o ritmo acelerado de 2022, maior queda de desigualdade da atual série, seriam necessários pelo menos três anos e dez meses para chegar no patamar da Argentina. O aumento de renda em 2022 foi motivado pelo reinício das atividades econômicas pós-pandemia, apesar da falta de ação do governo Bolsonaro. Um livro recém-lançado, Os Ricos e os Pobres, do sociólogo Marcelo Medeiros, relata a situação da população brasileira. O autor diz que "o topo é tão mais rico que o restante, mas tão mais rico, que é desigual até mesmo em relação às rendas mais altas. O 1% mais rico, por exemplo, é sete vezes mais rico que aqueles que estão no começo dos 10% mais ricos". A obra traz ainda uma observação importante para reflexão, quando cita que "a concentração é tão grande que uma distribuição hipotética de metade da renda do 1% mais rico seria suficiente para quase dobrar a renda da metade mais pobre dos adultos". Já sabemos que o Brasil se caracteriza por uma grande massa homogênea de pessoas de renda baixa e de um grupo pequeno e bastante heterogêneo de pessoas muito mais ricas que as demais. Poucos têm muito, e muitos têm pouco. Mudar esse cenário é uma responsabilidade que deve ser compartilhada por todos os setores da sociedade. E é uma necessidade urgente, levando-se em conta ainda as consequências nefastas levantadas por Medeiros. "A desigualdade extrema traz problemas de várias ordens: submete uma grande massa de pessoas a condições degradantes, questiona os fundamentos morais da sociedade e atrapalha o crescimento econômico". A busca pela necessária justiça social envolve um longo caminho. Um aspecto fundamental é o aumento da produtividade no trabalho, por meio da educação, que poderia gerar mais renda nas mãos de quem produz. Outros fatores importantes seriam a adoção de políticas governamentais que beneficiem os mais pobres, a revisão dos benefícios sociais menos eficientes e uma nova definição de pobreza. Publicado originalmente na edição de 11 de fevereiro da Folha de S. Paulo Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Dois momentos e um profundo contraste

Economista Luiz Alberto Machado usa o filme ‘O sequestro do voo 3751’ como pano de fundo para comentar dois períodos desiguais da economia brasileira

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Unesco aponta aumento alarmante de jornalistas mortos em zonas de conflito

A violência provocada pela crise Israel-Palestina já foi responsável por 19 assassinatos na Palestina, três no Líbano e dois em Israel

[caption id="attachment_37672" align="aligncenter" width="1157"] Jornalista em zona de guerra: riscos aumentaram em 2023[/caption] Texto Estação do Autor com ONU News Edição Scriptum O ano de 2023 foi marcado pela morte de jornalistas no exercício da profissão. Segundo a Unesco, os números praticamente dobraram se comparados aos últimos três anos. De um total de 65 assassinatos, pelo menos 38 deles foram em países em conflito. Reportagem publicada pela ONU News registra o alerta da UNESCO que, ao defender a liberdade de expressão, ressalta a preocupação com intimidações contra a imprensa. As ameaças aos correspondentes e o ambiente hostil geram “zonas de silêncio”, com graves consequências para o acesso à informação. Os jornalistas também enfrentam situações críticas como danos generalizados e destruição de infraestrutura e escritórios de mídia. Entre as ameaças estão ataques físicos, detenção, confisco de equipamentos ou negação de acesso a locais de reportagem. A diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, apelou pela proteção dos profissionais enquanto civis, tal como estipulado no direito internacional. A violência em curso no Oriente Médio é responsável pela maioria das mortes, sendo que a crise Israel-Palestina contribui para o aumento desses números. Segundo a Unesco, foram relatados até agora 19 assassinatos na Palestina, três no Líbano e dois em Israel desde 7 de outubro. Afeganistão, Camarões, Síria e Ucrânia também registraram pelo menos duas mortes cada. A agência condena e monitora o acompanhamento judicial de cada assassinato, além de promover treinamentos e trabalhar com governos para desenvolver políticas e leis de apoio. A documentação e análise das diferentes formas de ameaças também são tarefa da UNESCO. Em relatório recente foi detectado um aumento global da violência contra jornalistas durante períodos eleitorais, causando especial apreensão por parte da instituição. No próximo ano, 2,6 bilhões de pessoas irão às urnas em mais de 60 países.

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As oscilações na popularidade de Lula em 2023

As taxas de aprovação e de reprovação do presidente parecem continuar refletindo a polarização herdada da campanha eleitoral de 2022, escreve Rogério Schmitt

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático 

Edição Scriptum

O ano de 2023 ainda não acabou, pelo menos formalmente. Mas como já estamos na temporada dos balanços e retrospectivas, também me permito fazer a minha.

Apresentarei a seguir o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao longo do ano, nas pesquisas de opinião pública sobre a popularidade da sua gestão. Mais especificamente, olharei para a clássica pergunta na qual os entrevistados são estimulados a dizer, de forma binária, se aprovam ou se reprovam o desempenho do chefe de governo.

Coletei os dados de 31 pesquisas nacionais (presenciais, telefônicas ou on-line) de popularidade do governo, realizadas por nove institutos diferentes, entre o início de janeiro e meados de dezembro. E calculei médias aritméticas simples mensais para os índices de aprovação e de reprovação ao presidente.

O número de pesquisas realizadas em cada mês variou entre duas e quatro, com uma única exceção. Precisei agrupar os meses de julho e agosto, pois encontrei somente uma pesquisa disponível em cada um deles.

Os resultados consolidados aparecem no gráfico abaixo. Quais são as principais conclusões encontradas?

A primeira e mais clara evidência é que a aprovação ao presidente (a linha azul) se manteve sistematicamente superior à desaprovação (a linha laranja) ao longo de todo o ano de 2023. A taxa de aprovação a Lula oscilou entre um mínimo de 49,4% e um máximo de 58%, enquanto que a taxa de reprovação oscilou entre um mínimo de 32,5% e um máximo de 44%.

A segunda conclusão, bastante visível, é que o período de “lua de mel” do novo presidente com o eleitorado durou somente o primeiro trimestre do governo. Em fevereiro, por exemplo, a taxa de aprovação a Lula superou a taxa de reprovação em cerca de 25 pontos percentuais. De abril em diante, no entanto, as distâncias entre as duas linhas vão diminuindo. Na linguagem popular, a boca do jacaré foi se fechando. Em novembro, por exemplo, o saldo de popularidade do presidente foi de apenas pouco mais de cinco pontos percentuais.

Finalmente, uma terceira e última evidência para a qual gostaria de chamar a atenção nesta retrospectiva é a aparente autonomia dos números de popularidade de Lula em relação às conjunturas política ou econômica mais amplas. As taxas de aprovação e de reprovação do presidente parecem continuar refletindo a polarização herdada da campanha eleitoral de 2022 e não as boas e más notícias vindas da política ou da economia ao longo do ano.

A grande expectativa para 2024 é se os números de (im)popularidade do presidente Lula continuarão sendo reféns daquela polarização ou se irão se descolar dela, passando a refletir, como costuma ser o caso, os avanços e retrocessos em variáveis como inflação, crescimento e emprego. Quem viver, verá.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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