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Unesco aponta aumento alarmante de jornalistas mortos em zonas de conflito

A violência provocada pela crise Israel-Palestina já foi responsável por 19 assassinatos na Palestina, três no Líbano e dois em Israel

[caption id="attachment_37672" align="aligncenter" width="1157"] Jornalista em zona de guerra: riscos aumentaram em 2023[/caption] Texto Estação do Autor com ONU News Edição Scriptum O ano de 2023 foi marcado pela morte de jornalistas no exercício da profissão. Segundo a Unesco, os números praticamente dobraram se comparados aos últimos três anos. De um total de 65 assassinatos, pelo menos 38 deles foram em países em conflito. Reportagem publicada pela ONU News registra o alerta da UNESCO que, ao defender a liberdade de expressão, ressalta a preocupação com intimidações contra a imprensa. As ameaças aos correspondentes e o ambiente hostil geram “zonas de silêncio”, com graves consequências para o acesso à informação. Os jornalistas também enfrentam situações críticas como danos generalizados e destruição de infraestrutura e escritórios de mídia. Entre as ameaças estão ataques físicos, detenção, confisco de equipamentos ou negação de acesso a locais de reportagem. A diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, apelou pela proteção dos profissionais enquanto civis, tal como estipulado no direito internacional. A violência em curso no Oriente Médio é responsável pela maioria das mortes, sendo que a crise Israel-Palestina contribui para o aumento desses números. Segundo a Unesco, foram relatados até agora 19 assassinatos na Palestina, três no Líbano e dois em Israel desde 7 de outubro. Afeganistão, Camarões, Síria e Ucrânia também registraram pelo menos duas mortes cada. A agência condena e monitora o acompanhamento judicial de cada assassinato, além de promover treinamentos e trabalhar com governos para desenvolver políticas e leis de apoio. A documentação e análise das diferentes formas de ameaças também são tarefa da UNESCO. Em relatório recente foi detectado um aumento global da violência contra jornalistas durante períodos eleitorais, causando especial apreensão por parte da instituição. No próximo ano, 2,6 bilhões de pessoas irão às urnas em mais de 60 países.

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As oscilações na popularidade de Lula em 2023

As taxas de aprovação e de reprovação do presidente parecem continuar refletindo a polarização herdada da campanha eleitoral de 2022, escreve Rogério Schmitt

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático 

Edição Scriptum

O ano de 2023 ainda não acabou, pelo menos formalmente. Mas como já estamos na temporada dos balanços e retrospectivas, também me permito fazer a minha.

Apresentarei a seguir o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao longo do ano, nas pesquisas de opinião pública sobre a popularidade da sua gestão. Mais especificamente, olharei para a clássica pergunta na qual os entrevistados são estimulados a dizer, de forma binária, se aprovam ou se reprovam o desempenho do chefe de governo.

Coletei os dados de 31 pesquisas nacionais (presenciais, telefônicas ou on-line) de popularidade do governo, realizadas por nove institutos diferentes, entre o início de janeiro e meados de dezembro. E calculei médias aritméticas simples mensais para os índices de aprovação e de reprovação ao presidente.

O número de pesquisas realizadas em cada mês variou entre duas e quatro, com uma única exceção. Precisei agrupar os meses de julho e agosto, pois encontrei somente uma pesquisa disponível em cada um deles.

Os resultados consolidados aparecem no gráfico abaixo. Quais são as principais conclusões encontradas?

A primeira e mais clara evidência é que a aprovação ao presidente (a linha azul) se manteve sistematicamente superior à desaprovação (a linha laranja) ao longo de todo o ano de 2023. A taxa de aprovação a Lula oscilou entre um mínimo de 49,4% e um máximo de 58%, enquanto que a taxa de reprovação oscilou entre um mínimo de 32,5% e um máximo de 44%.

A segunda conclusão, bastante visível, é que o período de “lua de mel” do novo presidente com o eleitorado durou somente o primeiro trimestre do governo. Em fevereiro, por exemplo, a taxa de aprovação a Lula superou a taxa de reprovação em cerca de 25 pontos percentuais. De abril em diante, no entanto, as distâncias entre as duas linhas vão diminuindo. Na linguagem popular, a boca do jacaré foi se fechando. Em novembro, por exemplo, o saldo de popularidade do presidente foi de apenas pouco mais de cinco pontos percentuais.

Finalmente, uma terceira e última evidência para a qual gostaria de chamar a atenção nesta retrospectiva é a aparente autonomia dos números de popularidade de Lula em relação às conjunturas política ou econômica mais amplas. As taxas de aprovação e de reprovação do presidente parecem continuar refletindo a polarização herdada da campanha eleitoral de 2022 e não as boas e más notícias vindas da política ou da economia ao longo do ano.

A grande expectativa para 2024 é se os números de (im)popularidade do presidente Lula continuarão sendo reféns daquela polarização ou se irão se descolar dela, passando a refletir, como costuma ser o caso, os avanços e retrocessos em variáveis como inflação, crescimento e emprego. Quem viver, verá.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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Lula x Bolsonaro: deu empate!

Rubens Figueiredo analisa pesquisa DataFolha que mostra presidente e ex-presidente com os mesmos percentuais de aprovação do ano passado

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Viva Zé Cláudio!

José Paulo Cavalcanti, jurista e escritor, homenageia um amigo querido: Zé Cláudio

José Paulo Cavalcanti Filho, jurista e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras Edição Scriptum Dizia Fernando Pessoa (no Desassossego), “Ah, quem me salvará de existir? Não é a morte que quero, nem a vida: é aquela outra coisa que brilha no fundo da ânsia como um diamante possível, numa cova a que se não pode descer”. O que vem a propósito do amigo querido Zé Cláudio, que agora nos deixou. E começo por lembrar um belo texto seu, publicado em 2014 (Lugar de Morrer), em que diz: “O lugar de morrer tem importância fundamental para nosso sossego. Felicidade, segundo Sto. Agostinho, só no outro mundo. Morrer, se morre em qualquer lugar, dirão. O que interessa é o lugar de viver, e viver bem. Mas eu direi no entanto que só quem sabe o lugar de morrer, quem já escolheu onde terminar os seus dias, onde ficar até que a morte nos separe, demonstra maturidade para viver”. Seguindo nessa trilha vale dizer que Zé Cláudio, nascido em Ipojuca, rodou pelo mundo e veio baixar âncora em Olinda. Só que, no coração, nunca saiu de Ipojuca. Ou, talvez, Ipojuca é que nunca saiu dele. E pela vida foi sempre a mesma criança, na venda que era do pai, curioso com o mundo que viu com seus próprios olhos. Como escrevo mais de uma semana depois de sua perda, e tantos já se manifestaram, prefiro fazer diferente. Lembrando nosso grande poeta Marcelo Mario de Melo (se esquecer o “de”, ao falar seu nome, ele briga comigo), no seu Manifesto de Esquerda Vicejante (tive a honra de escrever o prefácio desse grande livro), em que diz: “Devemos lembrar nossos mortos não pelas chagas de seus martírios, mas por seus jeitos de rir”. E assim farei, agora, lembrando um Zé Cláudio que continua vivo em nossos corações. Oiti coró. Era a única pessoa do planeta que gostava dessa fruta estranha, com gosto de areia. Um dia me deu um pé dizendo que, na sua casa, não frutificava. Pediu que plantasse em Gravatá. Como ouvi dizer que certas plantas só funcionam com um outro pé do lado, para polinizar, comprei mais 5 e fiz pequena floresta. Engraçado é que não se pode tirar o fruto no pé, tem que esperar apodrecer e cair. Assim fiz, sempre. E mandava, para ele, cestas de frutas quase podres. Como agora já não tenho para quem mandar os tais oitis corós, caso alguém aprecie, por favor me forneça endereço que ao menos tenho destino para a produção. Poeta. Vivia recitando, com graça, um poema horroroso, Que fim levou Doroteia? Louvando o órgão reprodutor de certo cortador de cana que morava perto de Ipojuca. Há quem entenda? ‒ Usina, só Catende Caminhão, 13 de maio Mais seu Júlio no charuto Benvenuto no caraio. Yevgeny Yevtushenko. Chegou para uma visita na sua casa, em Olinda. Conversaram em espanhol, que o romancista russo aprendeu quando viveu na Ilha (1964), redigindo roteiro para filme de propaganda – Soy Cuba. No meio do encontro levantou e, na parede da sala bem limpinha, escreveu com aquele carvão de marcar os quadros: – La felicidad es el sufrimiento que se cansó. E continuaram na prosa. Depois que saiu, Zé Cláudio repintou a parede com cal branca. Sem mais registros, afora lembranças, daquele dia mágico em que o autor de Autobiografia precoce passou pela casa. 71 anos. Quando fez 71 anos respondeu pergunta de um jornalista (O que é fazer 71 anos?) com as duas primeiras frases dessa décima. Sem nem perceber que tinham a métrica das cantorias. Completei os versos no próprio jornal e mandei, para ele, – “71 é desgraça A pior coisa do mundo” Nosso corpo vagabundo Se arreia em qualquer praça. Mas Zé Cláudio sua graça Atente ao que vou dizer Se alternativa é morrer Ir para lugar nenhum Pior que 71 Na verdade é nem fazer. E ainda bem que nos deixou só 20 anos depois disso. Caetano Veloso. Ligou Caetano e marcaram encontro, na sua casa, às 3 da tarde. Dando-se que, como todo bom baiano, chegou tarde, já escuro, e perguntou: – Zé Cláudio está? Cícera, que fazia uma sopa, respondeu sem maiores preocupações: – No dentista. – Posso esperar por ele aí dentro? – Claro que não. Uma resposta natural, para ela. Pouco antes, por exemplo, não deixou entrar Chico Buarque. Só que Chico se conformou logo. Pedindo apenas o acesso, à casa, para uma amiga que precisava fazer suas necessidades. – Ela que faça aí fora mesmo. O músico decidiu partir. Só que teve a infeliz ideia de não ficar com aquele táxi no qual chegou. Já se preparando para descer o ladeirão, com risco até de ser assaltado, insistiu: – A senhora, pelo menos, diz a ele que estive aqui? – Digo sim. Desconfiado, e sem certeza de que seu recado seria mesmo transmitido por aquela mulher tão estranha, fez uma última pergunta: – A senhora desculpe mas sabe quem sou? – Sei. É Caetano Veloso. Mas prefiro Tarcísio Meira. Já eu, diferente de Cícera, e mais que Caetano, Chico, ou Tarcísio, prefiro mesmo é Zé Cláudio. Sem nenhuma dúvida. E, tendo começado com Pessoa, encerro também com ele (igualmente no Desassossego): “A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final”. Foi agora. O fim da frase e de sua bela trajetória. É pena. Saudades. Viva Zé Cláudio. P.S. Bom Natal, para todos. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. 

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