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1. Ciência política, filosofia política e teoria política

Reflexões retóricas acerca de denominações até então utilizadas por pensadores em debates sobre temas históricos que continuam em pauta até hoje.

Tradicionalmente empregava-se os termos filosofia política ou teoria política para encaminhar a discussão acerca das questões presentes à atividade política. Nos fins do século XIX, o pensador italiano Gaetano Mosca (1858/1941) publicou um livro a que deu o título de Elementos de ciência política. No século XX, tornou-se praxe utilizar essa denominação (ciência política).

Sobretudo nos Estados Unidos, especialistas da ciência política passaram a entender que a disciplina deveria ocupar-se dos temas que poderiam ser medidos, no que tiveram muito sucesso. Para comprová-lo, basta atentar para o fato de que as pesquisas tornaram-se, talvez, o aspecto mais destacado das campanhas eleitorais. Sem embargo dessa constatação, temas que ultrapassam esses limites teimavam em exigir a atenção dos estudiosos, de que podem ser dados muitos exemplos.

Para limitá-los aos próprios Estados Unidos, renomados estudiosos colocaram em pauta temas arrolados genericamente como relacionados à cultura política. Atraia a atenção o fato de que, embora o Banco Mundial tivesse aplicado recursos, amplamente,  nos países que registravam baixos níveis de desenvolvimento, somente alcançaram pleno sucesso nos chamados Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Singapura, Malásia, etc.). Depois de pesquisar amplamente o fenômeno, Peter Berger avançou a hipótese de que os países bem sucedidos dispunham de uma tradição moral –o confucionismo– que lhes permitiu assimilar rapidamente procedimentos técnicos disponibilizados pelos países desenvolvidos. A tese provocaria uma grande celeuma, de que resultou a sua plena aceitação nos círculos acadêmicos.

Outro tema cuja comprovação escapava a generalizações quantitativas seria o da transição para a democracia, considerado  da maior relevância, levando-se em conta que os países democráticos constituíam –situação que permanece– minoria no conjunto das nações. Samuel Huntington (1927/2008) comprovaria que o avanço democrático dá-se em forma de ondas, ascendentes e que refluem, o que lhe permitiu tipificá-las. Desde o fim do salazarismo e do franquismo, na Europa, em meados da década de setenta, experimentou-se o que chamou de “terceira onda”, que, a exemplo do passado, como tem se verificado, vivencia acentuado refluxo.

Levando em conta essa realidade, optamos por designar esta seção como Questões de teoria política, posto que pretendemos transmitir aos leitores as soluções encontradas para encaminhar a discussão de temas históricos que continuam na ordem do dia. A título indicativo, referiríamos o tema da democracia ateniense. Readquiriu extrema atualidade na medida em que veio a ser entendida como  forma bem sucedida de democracia direta. Vêm sendo experimentadas soluções para determinados problemas sociais mediante consulta direta aos eleitores, tornada possível graças á proliferação dos computadores. Esse tipo de discussão levar-nos-ia, muito provavelmente, ao questionamento da função que competiria à democracia representativa e, se de fato, poderia ser substituída por procedimentos censitários, a que se reduziria, no fim e contas, a votação numa consulta feita por intermédio de computadores.


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