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{ ARTIGO }

A política é um jogo de pontos corridos (e não um mata-mata)

Para o cientista político Rogério Schmitt, análises sobre as forças do Congresso são feitas com viés distorcido: a política é uma floresta, não uma árvore

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

O tempo passa e continuo negativamente impressionado com a superficialidade com que a conjuntura política do País é tratada por boa parte dos comentaristas políticos e dos meios de comunicação.

Há algumas semanas, foram anunciados os novos presidentes das comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Essa troca é feita todo ano, segundo uma regra de distribuição que é proporcional ao tamanho das bancadas partidárias.

Naturalmente, algumas comissões passaram a ser presididas por parlamentares aliados ao governo Lula, e outras por parlamentares de oposição.

Mas qual foi a narrativa que ganhou as manchetes? O fato de algumas comissões importantes terem ficado sob o comando de deputados bolsonaristas foi anunciado aos quatro ventos como uma “derrota do governo”.

Por outro lado, escrevo esse artigo no dia seguinte a aprovação, na mesmíssima Câmara dos Deputados, por votação simbólica, do projeto do Ministério da Educação com novas regras para o ensino médio.

Mais uma vez, a narrativa predominante é a de que esta teria sido uma “vitória do governo”. A mesma narrativa de antes, só que com sinal trocado.

Parece que todos temos muita dificuldade de nos livrar do cacoete de descrever tudo o que acontece em Brasília como um choque entre os apoiadores de Lula e os de Bolsonaro.

E aí o distinto público corre o risco de ficar totalmente desorientado em meio ao tiroteio. Teria a conjuntura política se alterado tão radicalmente em menos de 15 dias? Um governo fraco virou um governo forte?

É óbvio que não! O equilíbrio de forças continua o mesmo de antes. É que precisamos nos habituar a olhar para o quadro político como um longa-metragem cinematográfico. E perder essa mania de olharmos para cada foto instantânea como se fosse o filme inteiro.

A política não é uma árvore. É uma floresta.

Não é a Copa do Brasil, com disputas eliminatórias em formato de “mata-mata”. É o Campeonato Brasileiro, com uma disputa em pontos corridos ao longo de 38 rodadas (ou 4 anos). Segue o jogo!

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

 


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