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Como tudo começou: o papel da URV no Plano Real

Economista Roberto Macedo, colaborador do Espaço Democrático, relembra a criação da Unidade Real de Valor, que deflagrou o Plano Real

 

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

A Unidade Real de Valor (URV) foi uma inovação que marcou o Plano Real. Entrou em vigor em 1º de março de 1994, antecipando-se à efetiva adoção do plano, em 1º de julho do mesmo ano. Notícias marcaram os 30 anos da URV nos últimos dias, mas as que vi não explicaram as raízes e a natureza desse mecanismo.

Planos de controle da inflação costumam ter como conteúdo uma política fiscal, outra monetária e em países de moeda fraca também é preciso ter reservas ou apoio do FMI para evitar pressões cambiais. E às vezes ocorre um controle de preços quando a inflação é muito alta. Foi o que aconteceu no Brasil na segunda metade dos anos 1980 e no início dos anos 1990, nos governos de José Sarney e Fernando Collor. Recorreu-se ao congelamento de preços e no Plano Collor 1 houve até o bloqueio de ativos financeiros no lado da política monetária.

Mas uma consequência importante do congelamento de preços é que ao ocorrer, alguns preços estão atrasados no seu reajuste e quando o congelamento era suspenso, vinha uma onda de reajustes para compensar o atraso, o que provocava inflação. Em alguns casos, a defasagem de preços prejudicava a oferta de bens e serviços e às vezes a própria interrupção dessa oferta.

A URV teve a finalidade de interromper esse efeito. Foi inspirada num estudo de dois economistas, professores da PUC do Rio de Janeiro, André Lara Rezende e Persio Arida, que escreveram um artigo sobre o assunto, conhecido como proposta Larida. A URV era um mecanismo diário de correção monetária publicado pelo governo para que os preços de bens, serviços e remunerações passassem a utilizar essa unidade de medida. Não era uma moeda, mas um índice de referência. A moeda então existente continuava utilizada para concretizar as transações.

Eu era professor da Universidade de São Paulo na época e passei a ter o meu salário em URV. Pelo que vi na internet, em 1º de março de 1994 uma URV valia 647,50 cruzeiros reais, a moeda da época. Em 1º de julho, 2.750 cruzeiros reais, valor pelo o qual foi convertida na nova moeda, o real, ou R$1.

Recentemente conversei com Persio Arida, que concedeu uma entrevista ao programa Diálogos no Espaço Democrático, a fundação de estudos e formação política do PSD. Perguntado sobre a adoção da URV fora do Brasil, ele disse que desconhecia notícias. Entendo, contudo, que, por exemplo, sua adoção no caso do plano de estabilização da Argentina, em andamento, poderia reduzir a grande oposição diante das distorções com estão sendo corrigidos os vários preços da economia.

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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