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{ ARTIGO }

Guerra comercial entre EUA e China se intensifica

A indústria da China evoluiu e passou a cuidar também da qualidade, mas sempre vendendo barato devido à alta escala de produção, escreve Roberto Macedo

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Este artigo teve como fonte uma reportagem do Financial Times, publicada em quase meia página pela Folha de S.Paulo do dia 15 de maio, além de percepções minhas quanto ao assunto. A guerra entre os Estados Unidos e a China começou a se manifestar ainda no mandato do governo de Donald Trump, que impôs um pacote tarifário sobre US$ 300 bilhões de mercadorias chinesas.

A matéria diz que o presidente Joe Biden acabou de anunciar um “aumento drástico” nas tarifas de importações da China, “incluindo carros elétricos, baterias e semicondutores, sob a justificativa de manter empregos…”. E prossegue: “A Casa Branca disse que a ação foi cuidadosamente pensada para setores estratégicos”, que também incluem alumínio e aço, minérios, células solares, guindastes portuários e produtos médicos.

E prossegue a reportagem: “Os EUA quadruplicarão a taxação sobre veículos elétricos chineses para 100% neste ano e praticamente triplicarão a taxa sobre importações de aço e alumínio. As tarifas sobre semicondutores chineses serão dobradas a partir de 2025. A taxa sobre células solares também será dobrada este ano, para 50%. … Os EUA triplicarão tarifas sobre baterias de íon de lítio chinesas usadas em veículos elétricos para 25% este ano. Ação semelhante será tomada para baterias de íon de lítio usadas em veículos não elétricos a partir de 2026.”

E mais: “Autoridades americanas disseram que o governo Biden decidiu manter em vigor boa parte das outras tarifas impostas pelo seu antecessor”, o presidente Trump. ”Uma conselheira econômica do presidente Biden afirmou que a ação … garantirá que investimentos históricos em empregos, estimulados pelas ações do presidente Biden, não sejam prejudicados por uma inundação de exportações injustamente subsidiadas da China.”

Eu acompanhei o forte desenvolvimento da economia chinesa nas últimas décadas e observei que ela adotou a estratégia de elaborar produtos triviais como roupas, sapatos e aparelhos diversos a um custo muito baixo e em grande escala, com o que acelerou muito seu crescimento econômico. Seu último avanço foi na produção de automóveis, inclusive os elétricos. No início havia alguns produtos de baixa qualidade. Há uns 15 anos atrás, lembro-me de ter comprado uma roçadeira chinesa que estragou logo no seu primeiro uso. Fui reclamar com o vendedor e ouvi. “É isso aí! Se é chinês, dura um mês”. Mas a indústria da China evoluiu e passou a cuidar também da qualidade, mas sempre vendendo barato devido à alta escala de produção e aos baixos custos de mão de obra no país.

Com isso, também atraiu empresas estrangeiras para produzir lá, mas recentemente soube que empresas americanas estão deixando o país porque os trabalhadores de lá chegaram à classe média e já não estão dispostos a continuar trabalhando muito para ganhar tão pouco. Ademais, empresas americanas estão montando empresas novas com alta tecnologia, inclusive recorrendo à Inteligência Artificial, com redução de seus custos. E temem também uma possível invasão da China em Taiwan, com o que o comércio com países da região seria interrompido.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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