Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

{ ARTIGO }

Super-ricos podem fugir dos investimentos que o governo quer tributar

Há vários alternativas isentas de Imposto de Renda, como debêntures incentivadas e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio

 

Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático

Edição: Scriptum

 

A gestão das contas públicas no governo Lula vai seguir regras determinadas pelo chamado arcabouço fiscal, aprovado pelo Congresso. Esse arcabouço envolve várias regras e vamos nos concentrar nas metas fiscais anuais e num dos instrumentos para alcançá-las, a chamada tributação dos super-ricos. Elas dispõem que o governo pretende zerar o déficit primário (o que exclui os juros da dívida pública) em 2024, obter um superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e ampliar esse superávit para 1% em 2026. Para este ano, a previsão é de um déficit primário de 1% do PIB.

O governo confia muito no aumento de receitas tributárias para alcançar esses resultados. Um dos instrumentos cogitados é a chamada tributação dos super-ricos, um pequeno grupo de investidores brasileiros, cerca de apenas 2,5 mil, mas que são ricos mesmo, pois acumulam em fundos exclusivos de uma só pessoa um patrimônio total enorme, estimado em R$ 756,8 bilhões, valor que responde por 12,3% da indústria de fundos do País, segundo a Agência Brasil.

Conforme a mesma fonte, tais fundos exigem pelo menos R$ 10 milhões de entrada e taxa de manutenção de R$ 150 mil por ano, pagando Imposto de Renda (IR) apenas nos resgates e com uma tabela regressiva, ou seja, quanto maior o tempo de aplicação, menor o imposto. E mais: o governo pretende igualar esses fundos exclusivos aos fundos de investimento que têm cobrança semestral do IR, o chamado come-cotas, sendo que parte desse imposto é também antecipado.

A previsão de arrecadação é de R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026. Já é muito difícil fazer previsões para o futuro, pois as coisas mudam ao longo tempo. E não sei as premissas que sustentam essa previsão, mas espero que ela também tenha incluído alguma hipótese quanto a uma eventual fuga de investidores rumo a outros investimentos, pois há vários deles que são isentos de IR, como debêntures incentivadas e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio.

Será muito interessante acompanhar o cumprimento das referidas metas para o déficit primário até o final do mandato do atual governo. Se o governo cumpri-las, terá um ganho político e financeiro enorme, pois o status de suas contas ganhará prestígio aqui e no exterior. Se não, o inverso ocorrerá. Personagem importante nesse contexto é Fernando Haddad, o ministro da Fazenda. Foi ele quem liderou o processo de criação das referidas metas e é o principal responsável pela sua execução. Ao final desse processo ficará marcado como herói ou culpado pelo seu resultado.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!