Getúlio Vargas seria deposto pelas Forças Armadas em 24 de outubro de 1945.
De certa forma, o afastamento de Getúlio Vargas em 1945 esteve relacionado à participação brasileira na Segunda Guerra. O Brasil aderiu às forças aliadas somente em 1942, três anos depois de iniciado o conflito. Durante esse período de hesitação, as simpatias do governo pareciam devotadas ao fascismo de Mussolini – como citado em capítulo anterior, copiamos o modelo de sindicalização adotado pela Itália e aos sindicatos foi facultada a participação na Constituinte de 1934. Mas finalmente nos voltamos para os Estados Unidos e ingressamos no conflito ao lado dos aliados.
No novo quadro político os estudantes sentiram-se à vontade para realizar manifestações de apoio à decisão governamental. Nesses eventos foi ficando cada vez mais clara a crítica ao sistema do Estado Novo. As referências à necessidade de realizarmos eleições eram cada vez mais diretas. Em outubro de 1943, intelectuais mineiros lançaram um manifesto em que pediram o fim da ditadura e a realização de eleições.
O ambiente era francamente favorável ao regime democrático representativo.
Em fevereiro de 1945, José Américo de Almeida deu uma entrevista ao então principal jornal que se publicava no Rio de Janeiro, o Correio da Manhã.
Nessa entrevista, encarecia a necessidade de serem realizadas eleições. A novidade seria que a entrevista marcava o fim da censura à imprensa.
Cedendo às pressões, ainda em fevereiro, o governo resolveu baixar o Código Eleitoral no qual previa convocação de eleições no prazo de noventa dias. Dando comprimento à promessa, em maio foram fixadas as datas para as eleições. As presidenciais seriam a 2 de dezembro daquele ano, e em maio do ano seguinte, as eleições parlamentares.
O compromisso era o de que Vargas presidiria as eleições, mas sem interferir no processo. Mas ele não se conteve e começou a manobrar para que fossem realizadas apenas as eleições para o parlamento e seus prepostos começaram a defender a “Constituinte com Vargas”. Ele seria deposto pelas Forças Armadas em 24 de outubro de 1945.
Inscreveram-se para as eleições dois proeminentes militares. Pelo Exército, o ex-ministro general Eurico Gaspar Dutra; pela Aeronáutica, o brigadeiro Eduardo Gomes. As eleições foram presididas pelo Judiciário. Estava consagrada a ingerência militar na política.
