Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

O problema (teórico) da denominação

O movimento revolucionário que eclodiu em 1930 ganhou amplitude tão grande que passou a ser mais identificado com seu líder Getúlio Vargas

 

Por Antonio Paim

 

A denominação adotada para programar a pretendida caracterização, Revolução de 1930, foi atribuída inicialmente ao movimento revolucionário ocorrido naquele ano. Posteriormente, adquiriu maior amplitude devido, em primeiro lugar, ao desfecho imprevisto daquele movimento. A intenção era ampliar o rodízio na escolha do presidente. Vivia-se, na República Velha, no chamado “regime dos governadores”, vale dizer, dos Estados, como preferia Walter Costa Porto. Sua prática conduzira ao monopólio dos mais importantes em termos econômicos.

Em mãos de São Paulo, a regra foi violada: ao invés de “café com leite”, isto é, São Paulo e Minas, “café substituído por café”.

O movimento militar levou ao poder o Rio Grande do Sul, com Getúlio Vargas. Logo se tornaria evidente que a elite gaúcha estava de posse de um projeto que compreendia profundas modificações. Passamos a dispor de ampla caracterização do regime ali instaurado da lavra de Velez Rodriguez (que seria denominado de castilhismo).

A década de trinta viria a ser ocupada pela resistência a esse projeto. O futuro iria demonstrar que, embora o que se tornara evidente eram as aspirações ditatoriais de Vargas, eram muito diversas as questões em jogo.

Vê-se que a caraterização da Revolução de 1930 adquiriu certa amplitude.

Exigiu desde logo que nos detenhamos na constatação de que a prática do regime implantado com a República não tinha nada de democrática. Portanto, a questão com Vargas não envolvia preservação da democracia, mas aproveitar a circunstância para colocar em evidência essa aspiração.

O tema Revolução de 1930 envolve como ponto de partida – naturalmente, precedida da menção, ainda que breve, do movimento militar — nítida compreensão da natureza do regime vigente na República Velha.

Vargas retém o poder, nessa primeira fase, durante 15 anos. Nesse período consegue instalar Estado unitário. Trata-se de um feito notável porquanto somente iniciativa desse tipo lograria dar consistência à grande conquista da geração que fez a independência que seria a unidade nacional. Contudo, o modelo de Estado que tinha na cabeça provinha da experiência de sua terra natal, teoria que requer valer-se de estudo pioneiro de Ricardo Velez Rodriguez, que passaria à história com o nome de castilhismo.

Não se reduz a isto a contribuição de Vargas: trazer ao plano nacional o regime experimentado no Rio Grande do Sul durante a fase inicial da República. A geração castilhista dera um novo sentido à discussão trazida pelos marxistas, o que se chamou de caráter da revolução brasileira.

Disso resultou que Vargas facultou ao País o projeto acabado para levar a cabo a nossa revolução industrial.

Nessa altura dos acontecimentos, o termo “Revolução de 30” já não consegue abranger multiplicidade temática tão diversa. Para atender à circunstância surgiu a ideia de designá-la de Era Vargas (1930-1954).


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!