Por Antônio Paim
Como resultado do desfecho da chamada Revolução de 30, Getúlio Vargas assumiu aquele que se pretendia fosse um Governo Provisório. Acontece que Vargas passou a governar tranquilamente por decretos (não se tinha presente na época, mas era o que se praticava no Rio Grande do Sul sob o castilhismo), sem ser incomodado pelos Estados, todos sob intervenção. Na maioria dos casos, essa função era desempenhada por tenentes.
Coube a São Paulo ser governado pelo “tenente” João Alberto, criando descontentamento generalizado. Supondo a liderança paulista que se verificava, nos demais Estados passou-se a conspirar no sentido de promover revolta sob o manto de que se tratava de providenciar a convocação de eleições para a Assembleia, para elaborar uma nova Constituição.
Nessa expectativa, a liderança paulista iniciou a revolta a 9 de julho de 1932. Para sua surpresa, o apoio não se confirmou. Teve que improvisar o sistema militar defensivo que, entretanto, não conseguiu enfrentar com sucesso a pressão.
Os analistas não chegaram ao acordo quanto as causas desse isolamento. Alguns atribuem-no à campanha desencadeada pelo governo federal, de que se tratava da separação de São Paulo.
Apesar desse desfecho, seria a vez do governo federal capitular: em fins de 1933, convocou eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
Não obstante o fato de que o governo federal aparentava simpatizar com o fascismo do italiano Benito Mussolini – impôs à Constituinte o que se denominou de “representação classista”, isso é, dos sindicatos, simplesmente nomeados –, a Constituição de 1934 manteve a estrutura democrática.
Foram preservados os dispositivos introduzidos pelo Código Eleitoral de 1932. Esse instituto criou a Justiça Eleitoral, o voto feminino, o voto secreto e o sistema proporcional.
Estabeleceu ainda que deveriam ser realizadas eleições para os governos estaduais em substituição aos interventores – essas eleições seriam indiretas. A Constituição de 1934 foi promulgada no dia 16 de julho. De um modo geral, restabeleceu-se a normalidade institucional.
Ela seria quebrada pelos comunistas. No dia 27 de novembro de 1935 eclodiu o movimento que seria chamado de “Intentona Comunista”. Foi a tentativa de chegar ao poder pela força de quarteis no Rio de Janeiro, Recife e Natal. O movimento seria deflagrado em nome da Aliança Nacional Libertadora, organização criada pelos comunistas.
O governo logo dominou a situação. Entretanto, seria devidamente explorada a circunstância de que se tratava de insurreição deflagrada sob a direção de líderes estrangeiros, pertencentes à Internacional Comunista. Posteriormente, seriam presos, inclusive Luís Carlos Prestes e a pessoa responsável por sua segurança, que se tornara sua companheira, Olga Benário. Os desdobramentos dessa história são conhecidos.
Vargas decretou “estado de guerra” em março de 1936, o que lhe permitia suspender as garantias constitucionais. Manteve a convocação das eleições, que deveriam realizar-se para as eleições presidenciais de 1938.