Texto Estação do Autor com Estadão
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Ao ler nas embalagens o termo “à base de plantas” podemos pensar que estamos optando por produtos saudáveis que substituem itens feitos com proteína animal. Entretanto, os alimentos são ultraprocessados e contém muito pouco de substâncias in natura em sua composição causando riscos à saúde.
Reportagem de Bárbara Giovani para o Estadão (assinantes) traz os resultados de um novo estudo realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) em conjunto com o Imperial College London e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, publicado na revista científica The Lancet.
A pesquisa comparou os efeitos na saúde cardiovascular do consumo de alimentos à base de plantas não ultraprocessados, como frutas, legumes, tubérculos, cereais e oleaginosas, e aqueles de origem vegetal classificados como ultraprocessados, como sucos industrializados, produtos que buscam substituir as carnes de origem animal, cereais matinais e margarina.
Ao aumentar em 10% o consumo do primeiro grupo de alimentos houve uma redução de 7% no risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Por outro lado, o mesmo aumento no consumo de produtos ultraprocessados de origem vegetal causou um aumento de 5% no risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para Fernanda Rauber, pesquisadora do Nupens/USP e da Faculdade de Medicina da USP, os alimentos ultraprocessados à base de plantas perdem nutrientes e compostos benéficos à saúde do coração. Em contrapartida, durante o processamento, ganham elevados níveis de gorduras não saudáveis, sódio e açúcares.
Segundo relatório da Bloomberg Intelligence, o Brasil é o maior consumidor de alimentos “à base de plantas” na América Latina. Mas, além dos substitutos de carne, há outros produtos industrializados que têm origem vegetal, como bebidas, sorvetes e iogurtes.